°^Capítulo Vinte^°

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Lucas.

Tirei as embalagens de sushi de dentro da cesta, Rebeca pegou os pares de hashi e o shoyo.

Antes que ela começasse a comer agradeceu pelo alimento, desde que começamos a nos conhecer melhor notei isso nela, sempre agradece, isso é novo pra mim.

Ela é totalmente o oposto de mim, na verdade somos tão opostos que as vezes me questiono o que realmente estou fazendo ao seu lado.

Começamos a comer, e estava delicioso.

Quando o jantar terminou ainda permanecemos deitados, observando o céu.

Descer da varanda foi mais fácil do que subir, organizamos as coisas que havia levado para cima.

Como Rebeca estava cansada a levei até seu quarto, e me despedi dela, deixando-a a merce do sono, enquanto minha mente permanece ligada.

Deito-me sentindo a pressão me dominar.

Os anos de gritos ecoam na minha mente e o medo me domina aos poucos, enquanto o desespero torna-se a melhor palavra para descrever esse momento.

Nós seremos como meus pais, um relacionamento fadado ao fracasso. Fadado a falta de amor, só pode, não existe possibilidade de sermos felizes.

Sou a copia do meu pai. Sempre ouvi isso da minha mãe, e vi todas as brigas e as vezes em que ele a fez chorar.

Eu a farei chorar, não sei se foi porque oficializamos o namoro, mas a realidade está batendo fortemente a minha porta e minha única opção é sair, é impedir que a história se repita.

Vejo pelo visor do celular que já se passa da meia noite, e a única coisa que sei é que preciso ir embora. Preciso sair daqui.

Amanha mando um carro pra buscar Rebeca, mas não posso acordar na mesma casa que ela sabendo o que virá a seguir. Não, não posso permitir que isso aconteça.

Levanto-me. Pego a primeira jaqueta que encontro e visto-a. Pego a chave da moto e desço as escadas um tanto exasperado.

Assim que saio da casa deparo-me com o seu Antonio que está sentado na varanda.

-Lucas? -Ele pergunta um tanto surpreso.

-Oh, seu Antonio. Preciso ir embora, mas você avisa a Rebeca que vou mandar um carro pra buscá-la, por favor.

-Ah, claro, aviso-a sim.

-Obrigado.

Desço a escada da varanda e subo na moto.

Não olho pra trás, não quero voltar a ouvir os gritos na minha mente, não quero me lembrar de nada. Acelero a moto pela estrada.

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-Você o que? -A voz de Jorge ecoa na sala do seu apartamento.

Ele está sentado em seu sofá, enquanto caminho freneticamente de um lado pro outro.

-Eu vim embora. -Respondo vendo o sol brilhar atraves da janela.

Não ligue para meu amigo de imediato, esperei o dia amanhecer e o horario de almoço dele para combinar de ir até a sua casa.

-Você pirou? Não se deixa uma mulher sozinha na baixada!

-Se deixa sim! Nós seremos igual ao meus pais Jorge, nós vamos brigar, teremos filhos e eles serão tão traumatizados quanto eu.

-Você não é seu pai e ela não é sua mãe, Lucas!

-Como pode ter tanta certeza? -Pergunto sentindo minha respiraçao ofegante.

Simples CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora