°^Capítulo Quarenta e Seis^°

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Lucas.

Dias atuais.

Estou correndo pelo aeroporto, enquanto sou seguido por Jorge. Não me importo com os olhares a minha volta, assim que avisto a área administrativa começo a desacelerar.

Adentro a sala que está cheia como dantes. Me sento em uma das cadeiras vagas.

A psicóloga adentra, o som dos seus passos ecoam pela sala.

-Olá senhores, agradeço a presença de todos, os convoquei até aqui, pois temos uma notícia e não poderia informá-los por telefone.

-Qual a notícia? O avião caiu? -Uma mulher que aparentar uns quarenta anos pergunta desesperadamente do outro lado da sala. 

-Encontramos o avião, na verdade os destroços dele em Chefchaouen, Marrocos. Ele fugiu da linha de rota, por isso demoram dez dias. -Diz, Jorge me fita com certo receio. Ele sabe o que isso significa. Eu sei o que significa.

-Então meu pai morreu? -Uma menina de doze anos pergunta o que todos estamos temendo, a notícia que nao queremos ouvir. A dor que não quero sentir.

-Não sabemos dizer se houve sobreviventes. -Ela responde com pesar.

-Todos morreram? -Minha voz sai tão incrédula, tão dolorosa.

-Não sabemos, as buscas estão sendo feitas, se quiserem aguardar por notícias por aqui, tudo bem. Estamos a disposiçao de vocês. -Lizze diz.

-Existe alguma possibilidade de vida? -Um senhor pergunta com os olhos cheios de lágrias.

-Sempre há.

A porta é aberta por um senhor.

-Lizze, venha até aqui, por favor. -Ele pede. A moça pede licença e se retira.

-Cara, ela ainda pode estar viva. -Jorge diz ao meu lado.

Nego com a cabeça.

-A única coisa que espero é conseguir dar um funeral digno a ela. -Respondo sentindo o peso, a dor e dilaceração ao dize-las, estou segundo o choro, caso o comece sei o quanto demorarei para me acalmar.

Jorge abre a boca para dizer algo, porém é interrompido pelo som do salto da psicóloga se chocando com o chão. A atenção de todos é desviada a ela.

-Senhoras e senhores, houve uma nova atualização no caso. -Diz, parece um pouco abalada. -Parece que alguns moradores da vila onde os destroços foram encontrados eles acionaram o resgate da cidade e alguns dos passageiros foram levados para o hospital local.

-Então existe sobreviventes? -A pergunta rasga minha garganta.

-Sim, senhor...

-Teria algum tipo de lista para sabermos? -Pergunto.

-Estão enviando os nomes de todos que estão no hospital. -Responde.

Alguns segundos após tal afirmação o senhor que dantes a chamara adentra a sala. Minha respiração está lenta demais, ao menos havia percebido que tinha prendido o ar.

-Aqui está, Lizze.- Diz entregando um papel para a mesma.

-Obrigada. Então, segue os nomes de alguns sobreviventes, não sabemos informar se são apenas estes, porém creio que já seja um alívio para boa parte de nós. -Ela pirragueia. -Bruna Rocha, Verônica Gonçalves, Lúcia Ritoz, Gustavo Almeida, Carmem Souza. Luciano ALvez, Sebastian Carlos, Christian Moraes e Rebeca Guimarães.

Meu coraçao falha em sua função por um mísero milésimo de segundo.

-Repete, por favor. -Peço sentindo minhas mãos trêmulas.

-Bruna...

-Não. -Interrompo-a. -Apenas o último nome.-Quero me certificar de que ouvi certo, de que não é apenas um ilusão da minha mente, estou em pé no meio da sala apenas a espera da sua voz, somente então saberei se meu coração se acalmará ou não.

-Rebeca Guimarães.

O ar que dantes transitava tranquilamente, não o faz mais... Pelo menos por alguns segundos sinto-o preso ao meu pulmão, dou alguns passos para trás caindo sentado na cadeira. Por mais que desejasse isso com toda a minha alma, é impactante ouvir a realidade. É assustadoramente bom. As lágrimas começam a rolar por  meu rosto enquanto um sorriso toma meus lábios.

-Ela está viva, cara. -Jorge diz ao meu lado.

-Ela está viva. -Sussurro para mim mesmo, tenho medo de dizê-las muito alto e elas simplesmente escorrerem por minhas mãos, deixando sua veracidade para trás.

-Onde eles estão, podemor ir vê-los? -A menina de quinze anos pergunta parecendo tao anestesiada quanto eu.

-Estão em Chefchaouen se desejarem ir até lá...

-Eu quero, onde compro a passagem ? -Pergunto interrompendo-a.

-Oh, precisamos verificar os horários disponíveis, mas se o senhor desejar, um de nossos auxiliares pode lhe acompanhar até o balcão para tal verificação.

-Sim, se possível o quanto antes pousar em Marrocos melhor. -Respondo me colocando em pé.

O mesmo senhor que me recepcionou desde a minha primeira vinda ao aeroporto me acompanha até o local, por um milagre há um avião que sairá com destino á Chefchaouen daqui trinta minutos.

-Vai embarcar sem mala, nem nada? -Jorge pergunta.

-Nao saio daqui sem ser em um avião, preciso vê-la. Dou meu jeito lá, só preciso vê-la. -Respondo sentindo todo o desespero da minha frase, parte de mim ainda não acredita no que ouvi há poucos minutos, apenas quando finalmente a ver. Ah, quando a ver novamente, algo que desejei ardentemente durantes estes últimos, porém longos dias.

Compro a passagem o mais rápido que consigo. Peço a Jorge que ligue para meus pais para avisá-los, e até mesmo para Sonia, poderia esperá-la para o proximo vôo, porém não exite a mínima possibilidade de não embarcar agora, de adiar meu encontro com Rebeca.

Com este pensamento, e sentimento que tomam meu coração, embarco. Sentado nesta poltrona só consigo fazer algo, agradecer, com tudo de mim. Como implorei para que ela estivesse viva e quando ouvi seu nome ser pronunciado por Lizze foi como se meu coraçao e mente parassem por um singelo momento, como se isso fosse algo tão bom ao ponto de não me sentir merecedor deste milagre. Então apenas agradeço. Obrigado, Pai.
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😭😭😭😭😭😭

Amores da minha life!!! Como este é o penúltimo capítulo, hoje mesmo saí o último e o epílogo ❤️

Simples CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora