Eu realmente os odiava, odiava a capacidade daquela família de manter o slogan "família perfeita e feliz" odiava o quanto usavam suas posições estatais bem sucessedidas para pisar nos outros. Odiava todos do Colégio, tirando meus amigos é claro, mas tinha um ódio especial pelos Sampaios. E se Júlia era ótima em ser insuportavelmente cruel, Matheus saira um ótimo idiota inútil.
Aquela tarde liguei para Lara e para o meu espanto ela estava no hospital. Ao que tudo indicava era intoxicação alimentar. Por um milagre, cujo o nome não se comenta, meu pai cedeu Carlos para me levar ao hospital.
No hospital:
- Boa noite; poderíamos visitar Lara Ramos Mostaki. Sou amiga dela. - Falando à recepcionista.
- Me acompanhe. Ele é seu responsável? Também é amigo? - o encarei e sem dúvida respondir:
- No momento. Sim, somos todos amigos. - Ele sorriu para mim, sua preocupação era óbvia, para vê-lo sorrir mais vezes até poderia shippar o casal. Não, não sou capaz.
Aparentemente os pais de Lara haviam avisado à recepção do hospital sobre a minha chegada, foi tudo muito rápido. Quando chegamos ao quarto sua mãe estava sentada.
Lara estava com a sua pior cara de tédio, e um pouco pálida.
- Oi?! Como você está?
- Estou bem. Só um pouco entediada.
- Oi. - Carlos logo atrás de mim, um tanto omisso a admirava secretamente.
- Oi. - Sorriu e levantou as sobrancelhas, contudo seu ar de indiferença ainda era grande. Por quê? Realmente não sei, ela tratava todos os homens a sua volta desta maneira, sua frieza e grosseria não faziam sentido nem para mim quem dirá para o pobre do Carlos. - Espero que fique bem.
- Eu vou ficar. Não se preocupe.
- Se não se importa, Manuela, eu vou esperar lá fora. - Saiu tímido. Baixei meu olhar triste quando saiu. Asseti com a cabeça.
- Lara isso é jeito de tratar o rapaz? - Perguntou a sua mãe, que observou cada fala da cena, quieta.
Lara não disse absolutamente nada, apenas como de costume revirou os olhos. Sorri para ela, não que achasse certo a forma como agia, mas como uma tentativa fútil de "quebrar o gelo" da situação.
Ainda conversamos um pouco, contei o que havia acontecido mais cedo. E ela me contou sobre um boato que rodeava Matheus.
- A Rebeca e o Matheus já eram. Mas o mais esquisito é o motivo da separação.
- Por que é esquisito? - Tentara mostrar desinteresse em tudo que referia-se aos Sampaios, todavia minha curiosidade era insaciável.
- Parece que ele está obcecado em uma guria que ele só viu uma vez na vida e não sabe nem onde gira. - Falávamos baixinho.
- Nossa que loucura. - Foi a única coisa que consegui dizer a respeito. Antes de embora.
Ao chegar em casa jantei com a minha atual família, eles conversavam como papagaios o que incentivava o meu silêncio. Durante o jantar até cair no sono, por mais que desejasse concentrar meus pensamentos no que poderia ser o final de um bom livro, pensava na fofoca de Lara. Não éramos disso, mas era muito estranho ver um relacionamento de 5 anos se degrenir tão estupidamente. E outra para este boato chegar até mim devia ter passado já por toda a escola (eu sempre fui a última a saber de tudo), então todos deviam estar se perguntando:
QUEM ERA ESSA GAROTA MISTERIOSA?8 de Março de 2016, Terça-feira 10:12
Colégio IBPI.Ele passou sem nem olhar na minha cara. Desde de sábado não dirigia mais se quer uma palavra a minha pessoa. Aquela marca roxa ainda estava no meu pescoço disfarçada pelo pó, porém não era justo me culpar por não conhece-la e muito menos deixar de falar comigo. A imaturidade de Emanuel chegava a assustar. E o pior é que estava sozinha, Lara repousava conforme o médico lhe recomendara.
Sempre vi nos filmes de terror que o solitário é sempre o mais sujeito aos horrores. Apesar que assisti poucos filmes de terror, mas o scoby-doo é uma prova legítima desta teoria. E naquele finalzinho de intervalo tudo podia acontecer.
- Eu posso falar com você? - Matheus, veio por trás.
- O que você quer? - Ele sentou na mesa sem a mínima cerimônia.
- É que você me expulsou da sua casa. Quarta e Quinta tenho treino não posso ir na sua casa. E sexta também não dá, aliás fica muito em cima.
- Já entendi. Hoje a gente faz esse trabalho. - O encarei séria.
- Só tem um detalhe... - Aff! Parei meu lanche no ar.
- Qual?
- Desta vez vai ter que ser na minha casa. - O QUE? Arragalei os olhos, não que ele percebesse já que os óculos os tornassem proporcionalmente menores. Fiquei incrédula. O pior que se tratava de uma afirmação, se fosse uma pergunta até dava para relevar...
- Eu prefiro... que... que... - Destrava!!- eu quero que seja na mi-nha casa. - Separei as sílabas para ficar claro o desejo.
- Sim. Porém a biblioteca da minha casa é enorme, possui todo material necessário para a confecção da maquete. Aliás, hoje é o casamento da Pricily, amiga de Júlia, ela não vai está lá. - O desgraçado estava desmerecendo a minha casa.
- Não sei... Minha biblioteca é pequena mas como já disse...
- Olha; estou lhe propondo até porque é melhor pra nós dois.
- Sempre fiz ótimos trabalhos sem tantos luxos... Aaa... Tudo bem eu vou na sua casa.
- Legal! - Sorriu contente. E eu lhe desentendia cada dia mais.
Horas se passam e lá vou eu da minha opaca Vila para a Zona Sul. Eu devia estar louca quando aceitei.
A casa como já era de esperar era estupenda; linda em cada contorno, cada detalhe. O Jardim floral fazia arcos até a chegada do casarão, este mesmo jardim concerteza se alongara ao arredores dos eixos daquela obra-prima arquitetônica que se fazia o lar dos Sampaios.
Toquei a campainha tímida e assustada, como se estivesse diante de uma casa mal assombrada e um monstro sairia da porta. Estranhamente o próprio Matheus me atendeu. Eu vinha com uma bolsa lotada.
- Trouxe muitas coisas para a maquete.
- Eu disse a você que não precisava trazer nada.
- Eu sei. Mas me sentiria inútil se chegasse aqui de mãos abanando. Aliás faremos a maquete durante toda tarde, ela será nossa prioridade.
- Vamos para a biblioteca! - O segui tentando ignorar o fascínio de seu lar, as obras de arte do barroco, classicismo e contemporâneo davam um ar moderno e clássico à tudo. A bibioteca, como ele havia jogado na minha cara, era realmente enorme.
Por volta das 17:30 havíamos terminado a maquete, e decidimos dividir o fichamento.
- Ficou ótimo! Satisfeita. Vou embora, já está entardecendo.
- Espera não quer ver toda casa? Eu vi você observar tudo discretamente. - focou os olhos sobre minha face desajeitada e deu um sorriso de lado, aquele sorriso pateticamente cínico.
- Sua casa é linda, Matheus, porém não chega a ser um museu. Eu vou embora. - Balancei a cabeça em afirmação. Peguei minha mochila, desci as escadas rapidamente para não dar tempo de mudar de ideia.
Ele correu as escadas para me alcançar na porta. Não entendia. Por que insistia tanto? Por que forçava tanto uma aproximação? Não me conhecia, e nunca fez a menor questão de conhecer apenas me julgar. Antes pensara ser tudo em prol do trabalho, mas o trabalho era só uma desculpa; já tinha minhas conclusões.
- Manuela! Calma eu não vou te fazer mal. Só quero te mostrar minha casa, sei que ficou curiosa com os cômodos. Se escurecer posso te levar de carro. - Levantei as sobrancelhas, estava desconfiada, tanto que Matheus sentia. Ele lia meus pensamentos através da face, odiava essa sua capacidade e a admirava ao mesmo tempo.
- De carro? Acho melhor ir. - abrir à porta, convencida a sair.
- Espera! - Sampaio me puxou, desta vez com destreza, tanto que a gravidade atraiu meu corpo leve contra seu. Glup! Por ser mais alto dificilmente ouviria o pulsar descontrolado do meu coração, fiquei imovel mesmo querendo correr!
- Desculpa. - Minha face perplexa o preocupou, soltou-me logo de imediato. Nisto sair correndo.

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Dupla Personalidade - Quem sou eu?
Mystery / ThrillerEnquanto muitos morrem em leitos de hospitais com câncer, tumores e órgãos falidos; outros morrem dentro de si mesmos hipocondríacos. Nunca se sabe o quão suscetível a mente humana pode ser, eu sou a prova viva desses relatos. Meu nome é Manuel...