Em uma tranquilidade passiva cruzou à porta após pedir de maneira sutil a professora para entrar. O sorriso tímido de covinhas, os olhos cor de mel de cílios escuros; a estatura de um 1,70, o tom dourado marrom-bombom; continuava com a mesma aparência de sempre.
Pietro sentou justamente no lugar de Matheus. Me encarou de maneira envergonhada, enquanto eu fingir me concentrar no livro da carteira.Fizemos pares na disciplina de biologia, Lara como sempre minha dupla. Tentei ignorar as olhadas de Pietro mas meu coração pulsava mais forte fazendo com que a respiração falhasse aponto que Lara notasse. Não era uma sensação prazerosa, muito pelo contrário, era como se meu corpo reagisse a uma fobia à ele.
- Manu; você está bem? - Levantei sem responde-la. Pedir à professora licença para ir ao banheiro.
O banheiro estava vazio. Molhei a mão e levei às ventas, em uma tentativa de repor o fôlego. Usei o marmore ao redor da pia para me sustentar. Fiz um exercício de respiração; estava com a cabeça virada para baixo. Minha única estratégia era acreditar em epicteto; "estamos emocionados porque pensamos". Então eu não pensei nada. O problema é que já não pensava em nada antes! Pelo menos não o consciente, pois eu só sentia. Um medo desafiador.
Era uma agonia descompreendida. Após tantos que já me fizeram mal, por que Pietro era o que mais me doía? Aponto de me deixar naquela situação? E lá estava eu pensando, porém um tanto mais calma ao ver que eu já teria "superado" situações mais traumáticas.
Lavei o rosto. Não; eu não tinha chorado, talvez houvesse um lágrima perdida. Porém não era as lágrimas que eu queria lavar, era à alma. A respiração normalizou bem à tempo que uma estudante entrou no banheiro.
Não falei mais nada. A pergunta que formigou o meu cérebro na noite de ontem simplesmente apagou-se da mente. Não pensava em assassinato. Não pensava em Matheus. Não pensava em Pietro. Pensava em nada. E jogada na cama, longe do sol clamando à escuridão. Eu era nada.Após minutos neste momento de "inexistência completa" Comecei a querer ser ela pra sempre; mesmo sendo uma vadia eu não sofria, não carregava traumas, não era tão fraca. Levantei para pegar a mala bagunçada jogada no guarda-roupa. Eu queria acorda-la! Estava prestes a abrir a porta, tentar ir além dos flashs-back.
Toc toc toc
- Pai?
- Manuela. - Ele respondeu sério. Abrir para ver o que queria.
- Sim?
- Você ainda está de uniforme? Bom; tem um rapaz que quer falar com você.
- Matheus? - Perguntei. Se fosse Emanuel teria se referido de outra forma.
- Não. É ele. - Um tanto esmurecido. Meu pai sabia o que Pietro representava para mim, talvez em sua mente havia sido apenas um adolescente que iludiu sua filha. Engoli seco.
- Não quero vê-lo. - Fria.
- Ele insistiu muito para entrar. Se você não falar com ele logo, vai continuar a te incomodar.
- O O senhor não de-de-via ter deixado. - Cheguei a gaguejar.
- Tem certeza? - Que inferno! Tenho!
- Sim. - Inquieta anunciei. Meu pai finalmente saiu do pé da porta.Revirei às vistas ao guarda-roupa. E vi o quanto a minha dor me tornava egoísta e irracional. Eu não podia ser ela, nem se eu quisesse. Pois se eu magoava às pessoas sendo a Manuela controlada imagina ela que me pôs em tudo isso.
Soltei o cabelo; pentei-o de maneira agressiva.
Depois disso... Tudo que eu podia fazer era dormir. Parecia uma ótima saída momentânea.
Lara acordou-me em meio à um escarcéu; até meu pai gritava à porta!
- Manuela você nem se quer almoçou. Por que você não me conta o que está acontecendo? - Meu pai falou muito preocupado. Enquanto eu o fitava como um zumbi sem ação. Pelo jeito sua projeção de "Manuela feliz" tornava-se menos patética e um tanto mais realista. Lara sentia pena.
- Eu que pergunto... Por que essa gritaria? Eu só dormia. - Tentei suar natural.
- Você está neste quarto à horas. Ficamos tensos. - Me conduzia como uma doente até a cozinha. Lá comi uma sopa, eu realmente não sentia fome. O cheiro da comida me causava náuseas.
- Então mocinha... será que agora pode me dizer por que está deste jeito? - Quando terminei à sopa.
- Estou normal. - Menti. Embora eu nunca havera de ter sido uma boba sorridente.
- Não. Você está...
- Cansada. Além do mais Manuela anda tendo alguns problemas normais de adolescente. Nada a se preocupar. - Lara tentou apaziguar meu pai. Estranhei a atitude, acho até que acordei de verdade após isso.
- O nome do problema por acaso é Pietro? - Com a cara típica dizendo "eu não sou idiota!" . Lara sorriu, não sei porque. Ora bolas; era Lara portanto indeterminado.
- Deixe eu conversar com ela a sós. - Retrucou Lara impaciente.
- Ela é minha filha; por que tem segredos comigo? Está claro que a culpa é do seu primo que não tinha nada que ter voltado... - Franzi o cenho. Será que eles sabiam que eu estava ali? Não esperei que notassem; subi de volta ao quarto.
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Dupla Personalidade - Quem sou eu?
Mystery / ThrillerEnquanto muitos morrem em leitos de hospitais com câncer, tumores e órgãos falidos; outros morrem dentro de si mesmos hipocondríacos. Nunca se sabe o quão suscetível a mente humana pode ser, eu sou a prova viva desses relatos. Meu nome é Manuel...