Até que se prove o contrário: TODOS SÃO SUSPEITOS!

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11 de Março de 2016; Sexta-feira; 08:00 da manhã

    Era o dia do velório de Júlia; o horário ou local eu não fazia se quer ideia. E sinceramente era melhor desse jeito. Os parentes e os pais dela me desconheciam, mas os amigos se rebelariam (com razão) com a minha presença.
Júlia; ao meu ver era apenas mais um número no dado estatístico da maldade humana. Era insanidade achar que não me comoveria vê-la morta tão jovem, mas como já disse o ideal era manter distância.
Outro fato me pertubava. A falta de acesso as informações, era óbvio que as investigações estavam ocorrendo; o Colégio fora interditado. Porém nada chegava aos meus ouvidos. Estava decidida a forçar um encontro com Matheus, instituir o que Carl Gustave chamaria de " coincidências significativas". Poderia ser frieza devido às circunstâncias; contudo a apuração dos fatos seria útil até mesmo a ele. Seria eu a tal de Iasmin?
    Naquela manhã de sexta-feira acordei sufocada de pensamentos, muitos dos quais venho compartilhando. Uma forte dor de cabeça levava desconforto até a parte externa- a nuca. Se eu fosse esperta ou pelo menos perspectiva já teria notado que os desastres ocorrem sempre antes a isto. Mas eu não era.
    Peguei os óculos. Fui direto ao banheiro em busca do mínimo de dignidade aparente. Por que a descrição do fato? Talvez porque ao lavar o rosto e ao levanta-lo vejo outra face: linda; sem óculos, sarnas, olhos marcantes com cílios negros e grandes, cabelo ruivo. E em um gesto próprio: meu reflexo sorriu para mim. MEU REFLEXO SORRIU PARA MIM?! Voltei a lavar o rosto, desta vez o enxuguei e resvistir os olhos com os óculos horríveis. E era eu mesma!
    Saí do banheiro crente ser apenas uma ilusão da ótica; até quando eu ignoraria os acontecimentos sobrenaturais? Provalvemente até está onde estou! No entanto isto é outra parte da história...
    Naquela manhã encontrei meu pai tranquilo lendo o jornal. Parecia despreocupado com o tempo; será que Dupla Personalidade é hereditário?
- Bom dia. - Muito natural.
- Bom dia. - Um tanto indiferente.- Você viu o assassinato dessa menina saiu em todos os jornais?
- Não; eu não vi. - Tomando de maneira grosseira o jornal de suas mãos.

Assassinato Misterioso assombra IBPI

" Uma festa de rebeldes termina em tragédia: A morte da mais jovem integrante da família Sampaio; Júlia Sampaio (...). Tal acontecimento promove além da dor da perda entre parentes e amigos carrega consigo o peso da indignação pela dificuldade em achar o culpado. (...) Os investigadores não relatam, mas o que percebe-se é a falta de indícios para chegar a um suspeito, até o momento só um anel foi encontrado no local; contudo não se pode afirmar se este pertence ao suspeito ou a outra pessoa presente na festa."

    Do lado da manchete estava a foto do anel. A observei atentamente; um anel daquele jamais passaria despercebido, seu designer tinha um toque medieval, sem adereços e uma tonalidade esverdeada do tipo que deveria pertencer a alguma família tradicional. Porém apesar da autenticidade, ele me parecia familiar.
    Quando dei por mim, meu pai parecia aborrecido momenteamente por ter lhe tomado o jornal. Todavia, ainda assim mostrara estar bem disposto. Disse breves palavras sobre como a mídia especula e aumenta o suspense das tragédias, e como culpa a justiça sem precedentes.
- Verdade. Mas muito estranho este anel, ainda mais sem ter digitais. Dar entender que o culpado queria jogar a culpa em alguém. - Comentei. Enquanto ele se jogava em cima dos bolinhos de chuva da Cida, nossa diarista.
- Culpar? Me parece mais deboxe do assassino. - Franziu o cenho; apesar de denotar naturalidade. Eu não havia entendido a sua linha de raciocínio. - Não acho bom para você, minha filha, encher a mente com esses casos da violência do país. - Mesmo quando o crime aconteceu na escola que eu estudo? Pensei.
- Eu sei. - Assenti. Apesar de não concordar com esta mania um tanto desumana das pessoas de fingir que "não está acontecendo nada". Eu como tantos outros de mentes rebeldes e personalidade compassiva calei-me. - Espera... - Eu havia lembrado de alguém! Olhei aos arredores. - Cadê o Emanuel?
- Ah. Ele suspirou decepcionado. Eu achei que talvez você tivesse notado a ausência da Rochely.
- Eu acabei de me lembrar do meu melhor amigo, não me cobre tanto. Você o viu? - Insistir.
- Pedi que fosse embora. Não cai bem uma moça ter sobre o mesmo teto um homem jogado no sofá da sala.
- Sei. Tivemos. - Me retirei, contendo-me; sugando em meu corpo qualquer
vestígio de sanidade.
- Aonde você vai?
- Atrás do meu melhor amigo.
    O Sr. Rodrigues era terrivelmente intolerante em ocasiões inoportunas. Não chegava a ter descriminação apenas mantia os alicerces do marasmo da família. Não estou dizendo que todos desta história são bons porém não chegam a ser ruins; isso não é ficção aqui todos são como qualquer ser humano, imperfeitos e dotados de ambas as partes.
    Imediatamente peguei meu celular com o intuito de conversar com Emanuel; porém para minha surpresa ele havia me mandado uma mensagem pela manhã:

Dupla Personalidade - Quem sou eu?Onde histórias criam vida. Descubra agora