Naquele mesmo dia...
Mais cedo...De fato o Colégio jamais fora o meu lugar predileto. Porém naquela semana até as nuvens que sobrevoavam acima dele mostravam-se mais pesadas. Os murmúrios de antes transformaram subitamente em fatos! Matheus Sampaio sumiu, aparentemente caiu em fuga. O que me deixou pertubada, ele não parecia querer fugir do problema, muito pelo contrário. Sábado por mais abalado que estivesse mantivera o foco em saber antes mesmo da Polícia o responsável pelo crime.
Após a oficial sumida do integrante mais jovem dos Sampaios. Eu tratei de voltar às investigações por conta própria. Ao repassar os acontecidos de ontem, vi o tanto que me atenazei e como isso só empataria tanto no que diz respeito à coragem em revelar à meu pai meu grave problema como no assassinato que me ronda em conjecturas imperfeitas. E não era isso a ser feito. Estava perdendo tempo, pistas, suspeitos...
Na aula de História; embora a mente perambulasse outros caminhos registrei a lição empreguinada por traz das palavras do professor, que a sempre várias verdades e assim como a História precisa ser vista de todos os lados para ser verídica, o mesmo se faz com esse mistério.
No intervalo procurei Betany, uma nerd de verdade (coisa que caso você não saiba eu nunca fui propriamente) ela liderava o Conselho Estudantil, editora do jornal, tinha bom nome entre os professores e por incrível que pareça tinha respeito da maioria dos alunos. Ah... outro aspecto interessante é que ela não gostava de mim! Mesmo sem me conhecer, e isso a tornava mais normal que a maioria dos nerds.Então vamos! Disse a mim mesma na soma dos pensamentos.
Ela tem uma sala específica para as reuniões do Conselho. Porém a reutiliza no planejamento e edição de manchetes para a escola. Segui até a mesma confiante que a veria.
- Você? - Atônita. Parecia esperar um outro alguém. Ela era consideravelmente bonita, alta, magra sem nenhuma curva aparente mas com um rosto estonteante de traços chineses. Algumas mechas coloridas espelhavam sua autenticidade; eu a admirava apesar da ciência em relação ao seu preconceito comigo.
- Sei que não somos exatamente amigas... Mas podemos conversar em particular? - Balbuciei como uma tonta. Ela manifestou um olhar curioso.
- Estou um tanto ocupada. Depois do término das aulas me procure aqui.
- Não quer que eu adiante o assunto? - Estranhei a abertura de espaço na agenda tão fácil.
- Sentiu? Me farejou como um cachorro; incentivando que apertasse, ainda mais, o tronco pelo contorno dos braços cruzados. Balancei a cabeça negativamente. - A garota que você mais detestava está morta resultado de um assassinato de muitos poucos suspeitos. E de repente você é vista bisbilhotando a cena do crime com irmão dela, atualmente desaparecido. VOCÊ CHEIRA A NOTÍCIA! - Entrei em estado de pura flagelação, os lábios secos colaram-se. Como ela teria tantas informações?
- Como você...
- Depois a gente conversa. - Voltou para a sala apressadamente. Me deixando esmurecida com a sua capacidade investigativa; ela sabia o que eu queria no momento em que pôs os olhos em mim.
Não era hora de se preocupar com Pietro cercando-me como um abutre cerca destroços. Mas talvez fosse necessário se preocupar com perguntas como " O que você estava fazendo? Por que sumiu? " por alguém que esclareceu de forma nítida o desinteresse e aborrecimento pelas notícias dos Sampaios.
- Nada demais.
- Achei que tivesse dito que não gosto de ser excluída. - O professor Antoni ainda não tinha aparecido para dar a segunda aula de História. Mas se ele aparecesse agradeceria muito.
- Você também disse que não queria ser perturbada com o assunto dos Sampaios. - Ela bufou junto à uma virada de olhos. - Eu respeito sua decisão. Agradeceria se respeitasse a minha. - Suei melancólica recordando o pesar de sua indireta. Ela derreteu-se, contida em um disfarce.
- O-key. Emanuel lhe procurou no intervalo. Ele parecia preocupado.
- Estranho nem me procurou ontem. - Comentei.
- Ele não veio ontem. - Ela completou e calou-se de forma súbita ao ver a face carracuda do professor Antoni.
Então ver Pietro no dia de ontem me deixou mais distante que o normal. Contudo naquele novo dia eu estava mais forte, menos vegetativa. Talvez eu só precisasse de um motivo para continuar tentando... Esse motivo chamava-se verdade. Verdade sobre as coisas e pessoas à minha volta e principalmente verdade sobre mim mesma.
- Nossa que pergunta complexa. - Lara balbuciou.
- Um pouco. - Tentando dá razão a qual ao meu ver não havia nada de complexo sobre a descoberta do que chamamos de Brasil. Minha cabeça estremecia ao pensar que a próxima aula seria de matemática, pois teria que ouvir à voz de Pietro diversas vezes esboçando respostas convictas.
Chegou ao fim mais um dia de aulas. Estava na ânsia de saber as técnicas e informações contidas na mente bizarra de Betany Maxi.
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Dupla Personalidade - Quem sou eu?
Mystery / ThrillerEnquanto muitos morrem em leitos de hospitais com câncer, tumores e órgãos falidos; outros morrem dentro de si mesmos hipocondríacos. Nunca se sabe o quão suscetível a mente humana pode ser, eu sou a prova viva desses relatos. Meu nome é Manuel...