Ao chegar na casa dos Ramos Lara sugeriu que lavasse o rosto. Sua careta me assustou, eu já tinha esquecido que usuva maquiagem (mesmo que borrada) e apesar da visão diminuída estar sem óculos era minha última preocupação. Olhei-me no espelho:
QUE CENA PAVOROSA!
Eu me toquei, não estava feia apesar dos riscos marcados com preto provocados pelas lágrimas. Não era isso que assustava era algo bem pior, eu me via outra- linda mas outra, com ar sexy e bem longe do ar cool ou despojado que marcava o meu ser. Enfiei o dedo até no olho para ver se era mesmo lente. Ainda estava com aquela peruca ruiva em mãos, e começara a ter a intuição que dias sombrios irião surgir.
Depois de me preparar para cama, óbvio que não dormir. 06:00 da manhã o telefone toca, Lara havia capotado nada tirava o seu sono, nada se não uma boa festa. Cheguei a ir a frente da escada, Dona Beta já estava com o aparelho na mão, apesar de sonolenta. Imaginei que podia ser meu pai. Minutos depois, ela urfou tão alto que até pensei que fosse cair da escada. Me olhava de olhos esbugalhados dizendo algo semelhante a "ah... Sim" "claro. Entendo. Peço proteção a todos os santos para a família!".
Quando ela colocou o telefone no gancho demorou muito para falar, desci as escadas correndo e a mãe de Lara continuava pasma.
- O que aconteceu? - Quebrei o silêncio assim que desci as escadas.
- O que está acontecendo com esses jovens? - Perguntou às paredes.
- O que houve? - insistir.
- Não vai haver aula hoje. - Engoliu seco. Me encarando. - A Sampaio foi vítima de tentativa de assassinato; ontem nos muros da escola. - Gelei.
- Na escola?
- Sim. Parece que fizeram uma festa lá... E acabou nessa tragédia. - Dona Beta em tom apreensivo, eu levei a mão a boca afim de esconder o espanto. Ela me encarou repulsiva após levantar a soma de seus pensamentos. - Manuela... Você tem alguma coisa a ver com isso?
- Am? - Falei sem palavras.
- Sim. Você aparece no meio do nada, sem se lembrar o que aconteceu... E aí conhecidentemente a menina que você mais odeia... Eu não quero pensar nisso. - Suava acusações. Mas ela mesma não se permitia acreditar.
- E nem devia! - Engoli seco ao notar Lara à frente das escadas, ela falou tão alto reprovando a própria mãe. Não sei ao certo quanto tempo estaria ali. - Manu precisa de apoio não de acusações. - Continuou enquanto descia às escadas.
- Eu não quis acusar ninguém. - Tranquila dirige-se a mim. Enquanto eu tonta em meio ao alvoroço da própria mente, pouco capaz de se ofender.
- Vamos Manu, ir a sua casa logo depois iremos ao hospital. - Puxou-me rapidamente. Eu permanecia em transe.
- O correto seria ir na delegacia? Ela nem parece ter sofrido nada...
Eu ainda forçava ver a escuridão eu queria lembrar algo que não me pertencia, as cenas das últimas horas ardiam o corpo. Tão pouco não conseguia notar qualquer associação ao crime cometido contra Júlia.
- Não me importo. Não vai fazer falta a ninguém! A Manuela é minha única prioridade. Se não vê que ela está em estado de choque, eu vejo. - Lara parecia responder a alguma pergunta feita por sua mãe; o esforço que fiz a memória não permitiu que escutasse.
- Você que não ver; o seu amor te cega. Enquanto teu ódio é alimentado.
- Sem mantras de alto-ajuda, tenha dó.
- Lara; Eu só quero... - Tentei suplicar que não brigassem, tarde suponho.
Não demorou muito... Logo fui para casa com o mais próximo possível do que seria Manuela. Continuava muda, apesar de haverem milhares de perguntas a serem feitas, Lara não teria nenhuma resposta.
- Filha. - Meu pai me tomou em um abraço apertado. Fui capaz de fechar os olhos com o aconchego. Sinceramente nem esperava que ele estivesse lá. - Aonde você estava? - Saindo do abraço, a feição preocupada.
- Na casa da Lara. - Lara assentiu com a cabeça atrás de mim.
- Você não é de dormir fora de casa, ainda mais sem avisar.
Tentei enrolar o máximo que pude. A verdade que sou uma péssima mentirosa, minha única estratégia neste caso é dizer apenas o básico.
Foi duro explicar o motivo da falta de aula à meu pai, logo ele lamentou o acontecido. Lara parecia imparcial com o assunto.
Peguei meus documentos, cruzei com Rochely ao sair. Poderia relatar sua pequena provocação mas receio que de tudo até aqui é o menos necessário.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dupla Personalidade - Quem sou eu?
Mystery / ThrillerEnquanto muitos morrem em leitos de hospitais com câncer, tumores e órgãos falidos; outros morrem dentro de si mesmos hipocondríacos. Nunca se sabe o quão suscetível a mente humana pode ser, eu sou a prova viva desses relatos. Meu nome é Manuel...