05. Don't wanna talk about it

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Senti um solavanco e despertei. Meio desnorteada, abri os olhos devagar e notei que estava no colo de Joseph, enquanto ele caminhava comigo para dentro de casa. Eu poderia muito bem estranhar aquela situação, até porque isso nunca havia acontecido, mas eu apenas voltei a deitar minha cabeça em seu ombro e bocejei. Nem havia notado que tinha dormido na varanda.

- Não suba as escadas. Me coloca no sofá. –eu murmurei quando ele subiu o primeiro degrau-

- Não vai dormir na sua cama? –ele perguntou com a voz mais rouca que o normal, e eu soube que ele também havia dormido-

- Não. –sussurrei e ouvi seu suspiro desgostoso-

Suspirei também assim que ele pousou meu corpo no sofá, e abracei a almofada enquanto ele pegava uma manta e me cobria.

- É madrugada. –ele murmurou e sentou na mesinha de centro da sala, em frente ao sofá-

- Não senta aí, droga. –murmurei e ele sorriu de leve-

Desde que eu comprei aquela mesinha e a coloquei no lugar que estava, Joe adorava sentar ali. Seria impossível contar quantas vezes eu o mandei não sentar ali. Ele fazia para me irritar e conseguia!

- Demi, cala a boca. –ele falou e riu de leve- A gente bebeu muito. –ele disse e bocejou- Você está legal? –ele perguntou e eu assenti, puxando mais a manta e me encolhendo embaixo dela- Eu estou indo para a minha casa. Qualquer coisa você me chama, ok? –ele pediu e eu assenti de novo-

- Deixa a luz ligada, tá? –pedi e ele sorriu fracamente para mim-

- Deixo. –falou e se levantou- Não esquece, qualquer coisa, chama. –pediu novamente e se levantou-

- Boa noite, Joe. –falei e senti um afago no braço-

- Boa noite, Dems –ele disse antes de se afastar-

Tentei ao máximo ignorar o fato de que estava sozinha naquela casa. Na casa que já foi "minha casa", mas hoje é "aquela casa". Voltei a fechar meus olhos e por sorte foi fácil adormecer.

Acordei com o sol invadindo minha janela. Me sentei no sofá, passei as mãos nos cabelos e olhei em volta. Sentia uma leve dor de cabeça e um leve enjoo, mas nada comparado às outras ressacas que já tive na vida. Tomei um banho rápido, ajeitei a sala, a varanda, e vesti uma calça jeans e um suéter preto. Estava frio, o inverno se aproximava, por isso calcei minhas botas e peguei um sobretudo.

Quando cheguei na minha livraria, me permiti abrir um sorriso. Aquele lugar era um sonho que já esteve somente em minha cabeça, mas que eu consegui realizar. Eu e Zoey planejamos cada detalhe, e aquele era o nosso lugar preferido.

Falando em Zoey, essa conversava com Mike, nosso funcionário, quando eu abri a porta e a sineta da mesma tocou. Zoey olhou para a porta assim como Mike. Ela arregalou os olhos, abriu a boca e saiu de trás do balcão, adotando uma expressão de choro. Quando senti seus braços me rodearem, soltei um suspiro aliviado que eu nem sabia que segurava. Zoey era uma irmã para mim, e era o porto seguro mais forte que eu tinha atualmente.

Ouvi um soluço no meu ombro e acariciei suas costas, respirando fundo.

- Oi. –sussurrei sem saber por onde começar e ela me soltou apenas para colocar as mãos no meu rosto e me observar.

- Oi. –ela disse, provavelmente sem saber por onde começar também-

- Vou ficar bem. –respondi o que eu sabia que ela queria perguntar, mas não tinha coragem. Ela assentiu, fungou e beijou minha testa-

- Sei que vai. –ela disse e me abraçou de novo-

Acontece que eu não sabia se ficaria bem, e ela também não sabia se eu ficaria bem, mas isso era melhor do que ficar lamentando por coisas irreparáveis. O jeito era mentir e torcer para que essa mentira se torne verdade.

Stay with me [JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora