Stay with me [JEMI]

29. Liar

Narrado por Demi.

- Mike, você pode ir até o estoque e fazer a contagem desses exemplares aqui antes de fecharmos? –ouço Zoey murmurar ao meu lado, estendendo uma folha de papel para Mike-

- Claro. –ele falou, pegando a folha e se dirigindo até a porta ao lado do balcão e sumindo dentro dela-

Eu me ajeitei na cadeira giratória em frente ao computador e voltei a digitar um e-mail para uma editora que estava para nos mandar alguns livros. Minha cabeça doía, meu pescoço doía e eu sabia que era a tensão. Passei o resto do fim de semana tensa. Hoje, segunda-feira, estava dolorida por causa da tensão. Meus olhos ardiam, pois chorei bastante na presença do meu pai. Ele fazia isso comigo. Me fazia falar, e consequentemente, eu desabava em lágrimas, pois a realidade das palavras que eu não gostava de dizer tinham esse impacto em mim. Doía. Machucava.

- Então, Dê... –ouvi Zoey e virei meu rosto para olha-la- Você sabe das sessões de Bob e Joe no mercado, não sabe? –ela perguntou fazendo uma caretinha engraçada que me fez sorrir-

- Nos sábados? Sei sim. –falei e ela riu de leve, revirando os olhos-

- Eles têm tradições, o que eu posso fazer? –ela resmungou e eu ri de leve também- Então, Bob comentou comigo nesse sábado sobre... O que Joe disse a ele. –ela falou e eu ergui uma sobrancelha-

- Pensei que existisse uma lei que proíbe o psicólogo de expor a vida de seu paciente. –falei e ela deu de ombros-

- No caso, Joe nunca paga pelas sessões. –ela falou e eu ri- Você quer conversar sobre isso? –ela perguntou e eu cruzei meus braços-

- Aconteceu. Foi ótimo. –falei e ela ergueu as sobrancelhas-

- Você vai me falar só isso? –ela perguntou com uma careta e eu ri-

- O que você quer que eu fale? –perguntei e ela se sentou ao meu lado-

- Vocês estão namorando? –ela perguntou e eu me encolhi-

- Não, Zoey. –falei e ela suspirou-

- Foi na sua casa ou na casa dele? –ela perguntou-

- Na dele. –respondi e ela assentiu-

- Como você se sentiu depois? –ela perguntou e eu mordi meu lábio inferior, pensando em uma resposta-

- Eu me senti... –pausei, ainda pensando- Perdida. –sussurrei e mexi no meu cabelo- É errado isso? Eu tive uma noite ótima, uma manhã ótima, e então eu vou para a minha casa e me sinto sem rumo. Eu estou o ignorando, sabia? Não sei o que responder para ele. Não sei nem como olhar para ele. –falei e ela pegou minha mão-

- Não é errado, amiga. –ela falou e passou sua mão pelo meu cabelo- Demi, você guarda muito. Não guarde tantos sentimentos. Não guarde tantas palavras. Tudo aí dentro de você, em algum momento vai ter que sair, e quanto mais você prende, mais forte ele fica, e mais doloroso vai ser quando sair. –ela murmurou e eu assenti-

- Eu sei. –falei e ela voltou a segurar minha mão- Meu pai esteve aqui no final de semana. –eu falei e ela ergueu as sobrancelhas-

- Sério? –ela falou e sorriu-

- Sim, e ele... Bom, você o conhece. –dei de ombros e ela riu de leve-

- Ele fez você falar. –ela falou e eu assenti revirando os olhos-

- E me fez chorar. –falei e ela sorriu fracamente-

- E não foi bom poder falar? –ela perguntou e eu me encolhi-