Stay with me [JEMI]

31. It happened

Narrado por Joe.

No sábado de manhã, eu acordei já decidido do que eu faria. Era cedo, talvez o horário mais cedo que eu já havia acordado em um sábado. Passei a semana inteira atordoado, com palavras presas na minha garganta, querendo desabafar com alguém. Um alguém que eu sabia que não era Bob. Não adiantaria conversar com ele sobre isso. Era só o que fazíamos. Eu quase já podia saber o que ele falaria.

Por sorte, tive uma semana agitada. Decidi aceitar o pedido de Lauren, minha aluna, e me tornei o professor representante do colégio. Eu basicamente ficava apenas palpitando sobre cartazes do grêmio estudantil e balançando a cabeça enquanto os moleques falavam. Não era grande coisa, mas me manteve distraído durante a semana. Fazia uma semana que eu não via Demetria. Talvez isso seja o maior motivo para eu estar atordoado. Mas também, eu não queria vê-la. Nossa discussão foi pesada, mas muito necessária. As palavras precisavam ser ditas. Agora é apenas lidar com as consequências.

Eu me levantei da cama, no sábado de manhã, e, ignorando o frio que estava começando a surgir, tomei um banho rápido. Vesti uma calça jeans, uma camiseta preta e pequei um casaco de moletom, porque eu sabia que ia passar frio só com aquilo de roupa. Quando saí de casa, percebi que o tempo estava fechando, mas isso não me impediu de continuar. Passei no mercado rapidamente e comprei um fardo de cerveja. Quando finalmente cheguei ao meu destino, entrei sem nem sequer hesitar. Precisava entrar ali. Precisava dizer o que estava entalado dentro de mim.

Enquanto caminhava pela trilha entre os túmulos, eu sentia meu coração batendo com força. Me sentia nervoso, mesmo sem nenhum motivo aparente. Quando cheguei no tumulo de Colin, respirei fundo. Sentei ao lado de sua lápide, e peguei a primeira cerveja. Não visitava seu tumulo há meses, e aparentemente ninguém o fazia, já que as flores que estavam sobre sua lápide estavam secas e sem vida.

Suspirei, tomei um gole da cerveja, e, como de praxe, virei uma pequena quantidade na grama do seu tumulo. Olhei sua lápide, li seu nome, olhei a data do seu nascimento, a data de sua morte, ainda me sentindo inconformado por ele ter ido tão cedo. Uma pessoa que ama tanto a vida, como Colin amava, não merecia perde-la tão cedo. Ele tinha mais para viver. Muito mais.

Desviei o olhar, fitando o nada por alguns segundos. Odiava estar ali. Odiava ter que estar ali.

- Quando fomos comprar a aliança de noivado da Demi, você me disse que algum dia eu ia sentir o mesmo que você sentia. Você disse que eu ia encontrar alguém, e que quando eu encontrasse, eu ia sentir o meu coração perder o ritmo sempre que eu a visse. Disse que eu ia ansiar para vê-la, disse que eu ia me preocupar atoa com ela, que eu ia cuidar atoa, e que eu ia querer ficar perto, querer tocar, querer sentir. –murmurei ainda sem olhar a lápide. Minha garganta fechou um pouco e meus olhos arderam- Bom, você estava certo, cara. Aconteceu. –sussurrei e funguei- Você disse que eu ia ficar feliz, que eu ia me sentir bem, mas isso não aconteceu. –ri de leve, mesmo tendo que segurar as lágrimas- Eu me apaixonei por ela, Colin. –falei e limpei uma lágrima que escorreu- Me apaixonei por ela, as não estou feliz por isso. Não me sinto bem com isso. Me apaixonei por ela, mas se eu pudesse, Colin, se eu tivesse algum controle sobre isso, eu garanto que eu acabaria com esse sentimento. –virei meu rosto para olhar sua lápide e encarei seu nome- Eu estou perdido. –sussurrei e larguei a garrafa, abraçando meus joelhos- Você continua sendo tudo para ela. E eu odeio isso. –balancei a cabeça- Odeio ter ciúme dela, odeio que ela tenha me expulsado da vida dela apenas por eu não ser você. Eu não quero ser você, Colin. Eu só... Eu só quero ela. –passei as mãos pelos cabelos, mais atordoado ainda- Você não devia ter morrido, seu otário. Você desmanchou todo o sistema que estava organizado. Demi era sua, eu nem sequer a olhava. Você não devia ter me pedido para cuidar dela. Não devia ter partido. Isso tudo é culpa sua. –e agora eu havia realmente enlouquecido, xingando uma lápide como se Colin realmente pudesse me ouvir. Eu espero que possa, porque ele merece essas verdades. Ele não devia ter nos deixado aqui! Dois dissimulados sem saber como seguir em frente-