Stay with me [JEMI]

26. Life Happens

Narrado por Demi.

Meu pai me observa encostado no carro enquanto caminho até ele. Me sorri daquela forma carinhosa que ele sempre sabe fazer. Faz bastante tempo que não o vejo, mas falo com ele por telefone várias vezes durante a semana. Ele vive em Londres com sua mulher, Samantha, que eu tanto adoro. Vivi lá por dois meses quando Colin faleceu e eu precisava fugir da realidade um pouco. Eles tentaram me ajudar, tentaram fazer a dor diminuir, mas não conseguiram. Ninguém conseguiu. Apenas o tempo conseguiu e mesmo assim ainda dói lá no fundo. Queria poder dizer que a companhia de Joseph faz a dor sumir. A companhia de Joseph ajuda, diminui, mas não faz sumir. Ainda sinto a falta do Colin. Ainda o amo.

Abraço meu pai assim que paro na sua frente. Ele me abraça de volta, beija meus cabelos e eu me sinto em casa. Só o abraço do meu pai me faz ter essa sensação. Essa sensação de parecer criança de novo, protegida, em paz. Nunca conheci minha mãe, já que ela morreu no meu parto. Meu pai a amava muito, me ensinou a ama-la também, mas acontece que eu nunca senti falta de uma mãe. Meu pai supriu qualquer espaço que estivesse faltando, sendo o melhor pai do mundo. Quando conheceu Samantha, eu já era adulta, já estava na faculdade, e ele se mudou para Londres, onde é muito feliz.

- Não avisou que vinha. –eu falei apertando-o fortemente e ouvindo sua risada nasalada-

- Quis fazer uma surpresa para a minha filha, ora. –ele falou e nos soltamos- Estava na casa do Joe? –ele perguntou e eu hesitei por uns segundos-

- Sim, eu... –gaguejei- Eu fui ver como ele estava. –menti e ele ergueu uma sobrancelha-

- E como ele está? –ele perguntou com a expressão divertida e eu dei de ombros-

- Está bem. –falei e o puxei- Vem, vamos entrar. –caminhamos para a minha casa-

- Só me responda, você viu que ele estava bem antes, durante ou depois de ele fazer esse chupão no seu pescoço? –meu pai perguntou, assim, de supetão, e eu pai para olha-lo segurar o riso-

- Pai! –falei levando minha mão até o pescoço- Eu... –hesitei e ele gargalhou-

- Você não é mais adolescente, garota, não precisa me explicar nada. –ele falou rindo e passou o braço pelos meus ombros-

Acabou que a ida para a livraria não aconteceu. Eu e meu pai nos sentamos no sofá e ficamos conversando. Ele não tocou no assunto do chupão, enquanto eu só pensava em matar Joseph por não ter me avisado.

Meu pai conta de Samantha que não pode vir porque está cheia de trabalhos e me perguntou da livraria. Conversamos sobre bastante coisa, e era bom tê-lo ali.

- Zoey está grávida. –eu soltei depois de muito assunto, enquanto meu pai tomava um gole de água. Ele engasgou e me olhou-

- Grávida. –ele murmurou incrédulo. Assenti e desviei o olhar, não querendo que ele notasse o meu desconforto com aquele assunto- Isso é legal... Certo? –me perguntou e eu suspirei-

- É... Eu acho. –falei e ele sorriu tristemente para mim-

- Como você está, filha? –ele perguntou largando o copo na mesinha de centro da sala-

- Estou bem. –falei dando de ombros-

- Da ultima vez que nos vimos, no aeroporto, em Londres, você estava diferente. Não tinha esse brilho no olhar que tem agora. –ele falou e eu me encolhi-

- Pai... –falei e ele balançou a cabeça-

- Eu conheço você. Você adora guardar conversas para depois. Evita-las. Eu não sou assim, Demi. Vamos falar sobre isso. –ele disse e eu sabia que recusar seria em vão- Joseph, então? –sua voz não era reprovadora, mas mesmo assim, me senti como se estivesse prestes a levar um sermão-