16. I feel, you feel and it's complicated

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Narrado por Demi.

Acordo com uma dor absurda no pé. Demoro alguns segundos para me lembrar que estou no hospital pois bati o carro. Bati não, um idiota bateu no meu carro. Provavelmente pelos remédios que me deram, ainda fico meio zonza quando aperto um botão para erguer a cabeceira da cama e assim me sentar. Minha garganta arranha pela sede que eu sinto, e eu não posso evitar ficar desconfortável por saber que estou em um hospital. Olho para um dos lados da cama, e vejo que não tem água. Quando olho para o outro lado, me deparo com Joseph. Havia me esquecido que ele tinha dito que ficaria comigo. Ele dorme, todo torto em uma poltrona, e ao vê-lo assim, algo dentro de mim se aquece e se alivia. Ele ficou comigo. Sinto vontade de chorar. Ele ficou. Eu não fiquei sozinha.

Respiro fundo e quando o ar passa pela minha garganta seca, começo a tossir. Tento parar, para que ele não acorde, mas é tarde, e logo Joe se remexe na poltrona e abre os olhos. Deve ser de madrugada, pois o quarto está parcialmente escuro, mas mesmo assim eu o vejo me olhar preocupado. Ele se levanta, passa a mão nos cabelos e se aproxima quando eu já estou parando de tossir.

- Tudo bem? –ele perguntou e eu assenti, suspirando-

- Eu preciso de água. –murmurei com a voz rouca-

Joe assentiu e atravessou o quarto, servindo água em um copo descartável. Não demora e ele se aproxima novamente, me entregando o copo. Ele senta na beirada da cama e me observa. Quando eu termino de beber a água, coloco o copo na mesinha ao lado da cama e o encaro de volta.

- Alguma dor? –ele pergunta-

- Um pouco. –murmuro e desvio o olhar-

De repente me sinto tímida como há muito tempo não fico. Muito tempo mesmo! Me sinto uma adolescente, ao sentir meu rosto esquentar quando me lembro que há dois dias, ele havia me beijado. Eu havia correspondido. Eu havia desejado mais. E depois me martirizado por isso.

- Como bateu o carro? –ele perguntou e eu o olhei, deitando minha cabeça no travesseiro-

- Um idiota, provavelmente cego, me fechou. Eu desviei, mas não o suficiente. Ele bateu na lateral do meu carro, com força porque o carro dele era enorme.

- Do lado do motorista? –ele perguntou e eu assenti- Que absurdo. Ele disse alguma coisa? –ele perguntou-

- Ele foi embora do local. Me xingando ainda por cima. Babaca. –resmunguei e Joe sorriu-

- É engraçado quando você xinga alguém e esse alguém não sou eu. –ele falou e eu não pude controlar o sorriso-

Desviei o olhar novamente e senti quando ele se inclinou e pegou minha mão. Nossos dedos foram entrelaçados e meu coração falho uma batida. Era estranho sentir isso de novo. Era tudo muito fresco, muito novo. Me assusta e me encanta na mesma proporção. Eu fico confusa, fico com medo, mas algo dentro de mim me proíbe de parar de sentir. Nem conseguiria se tentasse.

- Eu fui no cemitério ontem. –Joe murmurou e eu o olhei, surpresa- Ver o tumulo do Colin. Conversar com sua lápide. –ele riu de leve, mesmo que em seus olhos não haja humor algum-

- Conversar sobre o que? –perguntei, ficando nervosa-

- Sobre... –ele desviou o olhar e engoliu em seco- Sobre o que aconteceu. –ele deu de ombros e voltou a me olhar- Fica tranquila, ele não respondeu. –ele brincou e eu revirei os olhos-

- Idiota. –resmunguei e ele riu- O que você falou? –perguntei e ele bufou-

- Foi uma conversa particular. Eu, a lápide do meu melhor amigo, e um jardineiro que foi um ótimo conselheiro. –ele disse e acariciou minha mão-

- Um jardineiro? –perguntei confusa-

- Sim. Vivo. –ele falou e eu tive que ri de sua seriedade. Ele logo riu de volta-

- E o que o jardineiro te aconselhou? –eu perguntei sentindo ele brincar com meus dedos e com a palma da minha mão-

- Ele me aconselhou sobre a forma que eu vejo a morte do Colin. Que nós vemos a morte do Colin. –ele murmurou e seus olhos se tornaram brilhantes. Ele parecia prestes a começar a chorar- Me fez perceber que o Colin não... Ele não sente mais. -ele desviou o olhar e respirou fundo- Eu sinto, você sente, e é complicado. Não paramos de sentir, não morremos junto com ele, e só... Sentimos mais, sentimos... Coisas novas, diferentes. –ele sussurrou-

- É complicado. –eu sussurrei sentindo meus olhos arderem e ele assentiu- O que podemos fazer? –perguntei e Joe fechou os olhos-

- Sentir. –ele sussurrou e deu de ombros- Nós podemos sentir.

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Tá pequeno, eu sei, desculpem. Escrevi com pressa porque já estava há dias sem atualizar. Foi um capítulo fofo, então relevem. Tento voltar ainda essa semana. 

<3

Stay with me [JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora