Stay with me [JEMI]

28. Just a damn metaphor

Narrado por Joe.

- A garota tem certa razão. A molecada adora você. –Bob murmurou com a folha do grêmio estudantil na mão- Mas eu te entendo. Essa era a coisa do Colin. –ele deu de ombros e largou a folha-

- Seria errado, né? –perguntei apenas para confirmar, mas Bob ergueu uma sobrancelha-

- Errado? Errado tipo... Tipo errado? –ele gaguejou confuso- Não. Porque seria errado? –ele perguntou e eu dei de ombros-

- Porque era a coisa dele. Você acabou de dizer. –falei e ele balançou a cabeça, pegando sua caneca com café e tomando um gole-

- Eu disse que era a coisa dele, mas quis dizer que era a coisa que ele gostava. Era o orgulho dele aqui no colégio. –ele falou-

- Mas não seria estranho? –perguntei e Bob sorriu fracamente-

- Tem certeza que isso é sobre o grêmio estudantil? Parece que o buraco é mais embaixo. –ele falou e eu bufei-

- Você... –hesitei- Você acha que ela se arrependeu? –perguntei me encolhendo e Bob largou a caneca sobre sua mesa-

- Lauren do grêmio estudantil? –ele perguntou e eu revirei os olhos-

- Demetria. –respondi e ele suspirou-

- Eu não sei, cara. –ele falou e coçou sua nuca- Demi é... Ela tem camadas, entende? Eu já vi Demi no seu melhor, já vi Demi no seu pior.

- E como você vê Demi agora? –perguntei-

- Você está me perguntando isso como seu amigo e amigo dela, ou como psicólogo? -ele perguntou-

- Como psicólogo. –falei e ele fez uma careta-

- Hoje em dia, eu vejo Demi se esforçando. É como se ela estivesse num buraco, Joe. E ela tenta sair de lá. Tenta de muitas formas, mas ela sempre acaba o dia no buraco. Às vezes ela quase sai do buraco, e consegue até ver a luz do dia, mas em algum momento ela vacila, e cai lá no fundo de novo. –ele metaforizou e eu pensei a respeito-

- A morte de Colin é o buraco? –perguntei, tentando acompanhar seu raciocínio-

- Colin é o buraco. –ele respondeu- E, como psicólogo eu vejo você como a pessoa que tenta puxa-la lá de dentro. –ele disse e se ajeitou na cadeira- Como amigo, eu vejo você dentro de um buraco também.

- Se eu conseguir tirar Demi dos seus problemas, eu consequentemente a colocarei dentro dos meus. –eu murmurei mais para mim mesmo-

- Eu sou um ótimo psicólogo. –Bob murmurou de repente e eu foquei meu olhar nele- Desculpa, eu só quis falar isso em voz alta. –ele falou e eu ri de leve, mesmo que estivesse tenso com a conversa- Vamos mudar um pouco a metáfora. Digamos que você e Demi estejam no mesmo buraco. Digamos que você tenta tira-la de lá. Sei lá, você a levanta, coloca-a nos seus ombros e a instrui para que ela escale. Só que ela não consegue sair. Você tentou, você se esforçou por ela. Você sabia que se ela saísse de lá antes de você, talvez ela não conseguisse te tirar de lá. O que acontece com você? –ele perguntou e eu pensei a respeito-

- Eu me prejudico. –sussurrei depois de quase um minuto- Eu me esforço por ela, não por mim, mas eu me esqueço que também estou naquele buraco. –sussurro e Bob abre um sorriso meio triste- Você é um ótimo psicólogo. –murmurei e ele deu de ombros-

- Obrigado. –ele falou e suspirou- Você precisa entender que se Colin não fosse tão importante para você, você conseguiria tirar Demi daquele buraco. E se Colin não fosse importante para Demi, ela conseguiria te tirar do buraco.

- Certo, então... Você entende tudo isso que estamos vivendo como Demi me usando para superar o Colin. –eu falei e senti as palavras como um gosto amargo na boca-

- E vice-versa, Joe. Você também está num buraco. Você também viu em Demi um suporte para que a morte de Colin não seja um impacto tão grande na sua vida. Não é algo frio como alguém usando alguém. É mais... Mais profundo. É alguém se apoiando em alguém, e vice-versa. –ele falou e eu assenti-

- E como amigo? Como você vê isso? –perguntei e ele balançou a cabeça-

- Ela ainda ama ele, Joe. –ele falou e eu me encolhi, detestando aquela palavras e me detestando por detestar isso- Como amigo de vocês dois, eu ainda acho tudo aquilo que eu acabei de falar, mas aquilo era só uma metáfora. Uma maldita metáfora que não explica um terço do que realmente está acontecendo. Como amigo, eu acho tudo aquilo, mas também acho que vocês dois estão falhando. –ele disse e se inclinou sobre a mesa, mexendo nos próprios dedos- Ela ainda ama ele. Você ainda sente culpa. –explicou- É questão de tempo, de pouco tempo, para que vocês joguem isso na cara um do outro e vai ser pesado, vai ser forte. Vai doer, por que, por mais que você ainda sinta culpa, e ela ainda ame o Colin, vocês estão envolvidos demais. Vai ser forte, vai ser difícil, e vai ser mais um problema. Mais um buraco. –ele falou e voltou a pegar sua caneca- E nossa sessão termina aqui, senão eu vou cobrar. –ele falou e eu assenti, meio zonzo com tanta coisa para pensar a respeito- Vou ligar para minha mulher. Toda grávida e independente. Se não depender de mim, ela passa o dia sem falar comigo. –ele saiu resmungando e me deixando na sua sala do colégio-

Observei pelas paredes de vidro, alguns alunos perambulando pelo corredor. Sentia meu peito apertado, minha cabeça girando e uma angustia forte. Bob era um ótimo psicólogo. 

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Heyyy!!! Usei Bob, o ótimo psicólogo, para vocês entenderem um pouco mais os conflitos entre o casal. Não é apenas "cu doce", não é apenas "medo de se apaixonar". É algo como respeito demais por Colin, é não saber lidar com a morte, não saber se expressar, não saber mudar. É tudo isso e mais um monte de sentimentos que eles nunca sentiram. As coisas não são faceis. Quis expressar isso nessa fic. Mostrar que nem todos os casais que eu crio são perfeitos, e tem tudo para dar certo. Joe e Demi dessa fic não tem tudo para dar certo. Eles têm mais motivos para dar errado do que para dar certo. Basta esperar um pouco para saber se no final, o amor entre eles vai vencer, ou vai perder. 

Até breve! :)