Stay with me [JEMI]

20. What I need

Atualmente.

Narrado por Joe.

O clima era tenso. Demi parecia congelada ao meu lado. Era como se fossemos adolescentes pegos no flagra pelos pais. Joanne parecia surpresa. Ela sempre me olhou com carinho, mas dessa vez me olhava com incredulidade. Não via os pais de Colin desde o enterro. Naquele dia, Joanne não estava sã. Havia tomado muitos calmantes e não conseguia nem sequer ficar de pé enquanto o caixão de Colin descia. Robert, que me criou como se eu fosse seu filho, sempre foi animado, divertido, mas hoje em dia não era nem a sombra do homem que eu cresci vendo. Ele nunca foi como Joanne que apesar de uma ótima mãe, era meio complicada.

No momento, Joanne, ainda incrédula, já nos olha com algum desprezo no fundo do olhar, mas Robert apenas nos olha. Acho que ele não é mais capaz de sentir alguma coisa. Perder um filho deve destruir tudo de bom que existe dentro de um pai ou de uma mãe. Eu perdi um amigo, Demi perdeu um noivo. Joanne e Robert perderam um pedaço deles. O único filho.

- Entrem. –eu murmurei meio perdido e então olhei Demi que tinha os olhos vermelhos e o rosto pálido-

Essa era a prova que não importa o quanto tentemos superar a perda de Colin, isso ainda não era possível.

Ela retribuiu o olhar muito brevemente, antes de olhar para o chão. Demi sempre se sentiu com a presença da sogra, mas agora era pior. Muito pior. E eu só queria abraça-la. Fazer o que eu nunca faria antes, quando Colin ainda era vivo. A situação sempre foi complicada, mas antes eu apenas fazia piadas sobre isso, com o propósito de deixar Demi mais estressada ainda. Atualmente, eu entendo Colin. Não entendia antes, quando o via com o olhar perdido por ver Demi nervosa e ver a mãe atacando Demi. Pobre Colin. Hoje eu entendo.

Robert deu o primeiro passo e me abraçou. Eu fechei meus olhos e o abracei de volta, só então notando que eu também estava tenso. Absurdamente tenso. Quando nos soltamos, ele sorriu para mim. Não o mesmo sorriso de sempre, mas sim um sorriso fraco. O sorriso de um homem que precisa conviver com a maior dor de sua vida, sem a opção de parar de sentir.

- Como está, meu rapaz? –ele me perguntou e eu senti aquela nostalgia de quando ele me buscava no colégio e guardava dos meus pais o segredo das vezes que fiquei na detenção-

- Bem. –sussurrei e ele sorriu novamente, batendo no meu ombro antes de se virar para Demi e abraça-la também-

Vi Demi fechar os olhos com força e duas lágrimas escorrerem por seu rosto. Eu entendia. Era o tipo de sentimento de casa. De... De voltar no tempo. Nenhuma palavra foi dita entre eles. Robert beijou a testa de Demi e assentiu para ela.

Eu desviei o olhar quando eles se soltaram. Olhei Joanne que já me olhava. Colin parecia muito com ela. Olhar Joanne é como lembrar com mais força ainda do rosto do meu melhor amigo. Meu peito doía, minha cabeça doía. E não era dor física. Era uma dor pior ainda. Era de dentro.

- Oi, querido. –ela falou com a voz fria de sempre e se aproximou, passando a mão no meu rosto- Posso saber que situação cômica é essa? –ela perguntou e eu vi seus olhos brilharem de lágrimas-

- Joanne. –eu e Robert falamos ao mesmo tempo, com o mesmo tom apreensivo-

Seus olhos foram para Demi e eu fiz o mesmo. Demi se encolheu e eu soube que ela só queria sair dali. E eu só queria abraça-la. Queria que não tivéssemos sido interrompidos. Queria aquele momento de novo.

- Você pode me explicar que situação cômica é essa, Demetria? –Joanne perguntou para ela e Demi virou o rosto, sem querer olha-la- É isso então? Estão juntos? –ela perguntou e eu a observei perder toda a elegância que sempre teve- Meu filho era muito ingênuo mesmo, que Deus o tenha. –ela resmungou e eu vi Robert aperta a mão de Demi-