Narrado por Joe.
Alguns meses depois.
Escuto sua risada e sorrio ainda tentando me concentrar nas provas que corrijo. Gosto dessa rotina que se criou nos últimos meses. Ter Demi no meu sofá, assistindo televisão enquanto eu trabalho. É algo mais íntimo do que qualquer outro tipo de contato. Ela usa apenas um shortinho de moletom e uma blusa de alças finas, e parece muito confortável atirada no meu sofá assistindo alguma série de comédia. A verdade é que Demi detesta ficar na casa dela. Eu meio que a entendo, já que tudo naquela casa nos lembra Colin. Acabou que a minha casa se tornou o refúgio dela. Nossa relação está bem. Não brigamos mais, e usamos o nosso tempo juntos para os conhecer melhor. Não tiveram mais beijos e nem contatos mais fortes, mas sinto que estamos mais conectados do que nunca.
Acontece que a partir do momento que nos permitimos sentir algo, as coisas se encaixaram e já não tinha mais aquela tensão que se instalou entre nós depois do nosso beijo. Não era mais algo errado. Era algo tranquilo e finalmente podemos nos acalmar.
Agora me permito conhecer Demi. A vizinha, a garota que eu conheço desde a faculdade e nunca tive interesse em conhecer. Não a noiva do meu melhor amigo. Apenas a Demi.
Tentamos ao máximo não falar de Colin. As vezes é difícil, mas com certeza não tanto quanto quando ainda tínhamos uma relação complicada. Eu penso nele todos os dias. Sinto sua falta todos os dias e sei que com Demi é a mesma coisa. Mas não falar é melhor. Assim não sentimos culpa. Quer dizer, assim não compartilhamos nossa culpa. Eu sinto. Sinto sempre que noto o quão próximos estamos. Sinto culpa sempre que Demi vai embora da minha casa e eu noto que sinto falta dela. Sinto culpa quando deito minha cabeça no travesseiro e desejo que ela estivesse ali do meu lado na cama. Sinto culpa e a sufoco, não me permitindo sentir. Me permito sentir muitas coisas. Me permito sentir desejo por Demi, me permito sentir vontade de rir, coisa que eu não fazia muito desde a morte de Colin, e me permito me sentir bem perto dela. Mas não quero permitir a culpa dentro de mim. Luto contra ela, mas é inevitável.
- Tudo bem? –ouço e sobressalto, erguendo meus olhos para fitar Demi no sofá ao lado- Está encarando essa caneta há alguns minutos com um semblante tão fechado. –ela comentou e eu sorri de leve-
- Tudo bem. –respondi e ela sorriu de volta-
Demi foi se soltando aos poucos ao decorrer desses meses. Daqui quatro meses fará um ano que Colin morreu. A mudança de Demi foi gradativa, mas notável. Ela sorria mais, ria mais e tinha uma leveza diferente no olhar. Não parecia doer tanto. Não doía tanto em mim também. Com o tempo, aprendemos a lidar com a dor e assim diminui-la. As vezes penso que não dói tanto mais por que não estamos lidando sozinhos com a dor. Um ajuda o outro nesse quesito e mesmo sem falar a respeito, ambos sabemos disso.
- Falta muito para terminar? –ela perguntou e eu folheei as folhas no meu colo-
- Só falta algumas. –respondi e ela suspirou-
- Acho que vou para casa. –ela murmurou e eu a encarei-
- Porque? –perguntei-
- Você está trabalhando, e eu sinto que estou te atrapalhando. –ela murmurou e se espreguiçou- E eu preciso limpar a casa. –ela falou e eu bufei-
- Você limpou ontem. –falei e ela riu-
- Preciso lavar roupa. –ela falou e eu revirei os olhos- Depois que você terminar, você pode pedir uma pizza. Se pedir, eu volto. –ela falou e se levantou-
- Estava pensando em fazer panquecas mais tarde. –comentei e ela sorriu-
- Tenho interesse. –ela falou e eu ri- Vamos, professor, me leve até a porta. –ela falou e eu resmunguei de preguiça- Assim eu volto. Seja gentil. –falou e eu me levantei, colocando as folhas na mesinha de centro-
- Você vai levar minha cerveja? Assim? Na cara de pau? –brinquei vendo-a sair bebendo ainda sua garrafa de cerveja-
- É a minha cerveja. Eu a abri. –ela deu de ombros e eu ri, lhe fazendo cócegas na cintura, fazendo-a se contorcer e rir-
- E eu paguei por ela. –falei e ela se virou para mim, se encostando na parede, ao lado da porta-
- Mas me ofereceu. –ela falou e eu instintivamente me aproximei, pousando as duas mãos na cintura dela-
Sua blusa subiu um pouco e eu senti a maciez de sua pele. Ela engoliu em seco, o rosto ficando levemente corado ao mesmo tempo que seus lábios se entreabriam. Fazia um bom tempo que eu não sentia aqueles lábios. Sua mão livre da garrafa subiu pelo meu braço e eu me aproximei ainda mais. Ela não sabia o que estava fazendo. Eu não sabia o que estava fazendo. Mas mesmo assim, nós estávamos fazendo. Estávamos criando essa nuvem de vontade. Mas não havia mais tensão. Estávamos apenas sentindo. Apenas querendo.
Ergui uma mão e acariciei seu rosto. Aquilo era bom. Não parecia errado, nem desesperado. Era só nós.
Aproximei meu rosto do seu e rocei meus lábios nos seus, beijando o canto da sua boca e ouvindo-a arfar. Sua mão se fechou na minha camiseta e eu soube que na cabeça dela se passava as mesmas coisas que na minha. Vontade. Pressionei meus lábios contra os seus e a ouvi suspirar.
Teria aprofundado o beijo se a droga da campainha não tivesse tocado, nos fazendo pular de susto. Pressionei minha testa contra a sua e ela riu baixinho, com o rosto vermelho.
Bufando inconformado por ter sido atrapalhado, tirei a mão do seu rosto e peguei a maçaneta da porta, abrindo-a.
Eu teria soltado Demi se eu soubesse quem estaria na porta. Com certeza eu teria soltado Demi. Mas ao invés disso, eu estava com o braço em volta da sua cintura quando dei de cara com Joanne e Robert. Os pais de Colin.
Congelei vendo os dois olharem para Demi e para mim. Senti aos poucos a culpa vindo. A maldita culpa que eu tanto lutava contra.
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Desculpem pelo sumiço. Semana passada não tinha condições de escrever por conta da ENORME ressaca pós-carnaval. Tia Adri bebeu além da conta, e passou dias apenas dormindo ou resmungando de dor e enjoos. Enfim, voltei. Posto mais ainda essa semana.
Outra coisa... Em breve, vou voltar a postar fanfics que não são Jemi. A próxima será sobre o Harry Styles e queria saber se vocês leriam. No final do ano passado eu finalizei uma do Luke Hemmings que foi um imenso sucesso e eu gosto de escrever histórias fora do mundo Jemi. Espero que tenham interesse.
Até breve. <3
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Stay with me [JEMI]
FanfictionDemi conheceu Colin em uma festa da faculdade. Foi praticamente amor a primeira vista, e pela primeira vez, Demi realmente quis se entregar para o amor. Ela soube quando o viu que Colin seria uma peça extremamente importante na sua história. E estav...