21. Are we sentimental today?

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Narrado por Demi.

Zoey me olha apreensiva. Quando lhe contei sobre Joanne, ela ficou em silencio. Ela sabia como aquela situação era complicada. Joanne nunca gostou de mim. No enterro de Colin, mal olhou na minha casa. Quando me viu com Joseph no final de semana, parecia prestes a me atacar. Joanne me detestava.

No caso de Zoey, eu entendia a apreensão em seu olhar. Digo, entendia parte dela. Já fazia uns dias que Zoey parecia diferente. Ela, por outro lado, não me dizia nada. E eu não perguntaria. Se ela quisesse que eu soubesse de algo, ela me contaria.

Eu e Joseph decidimos colocar uma pedra em cima daquele momento com Joanne. Eu sabia que em algum momento teríamos que falar sobre tudo. Não podemos ignorar todas as pendencias para sempre. Em algum momento, precisaremos resolver nossos problemas. Mas enquanto nossa relação apenas prospera, o silencio é a melhor decisão. Eu realmente dei uma chance para conhecer Joseph, e só tenho me surpreendido positivamente sobre isso. Não sei se me sinto assim apenas porque eu só tenho a ele agora, ou se é porque antes eu nunca tive interesse em conhece-lo, mas não quero me afastar dele. Nem sei se conseguiria.

- E o que você e Joseph pensam sobre isso? –Zoey me perguntou enquanto eu terminava de tirar o pó de uma prateleira da livraria-

- Estamos nos recusando a pensar sobre isso por enquanto. –eu dei de ombros e ela me olhou- Nossos pensamentos nos sufocam. Decidimos esperar. –expliquei-

- Faz sentido. –ela falou e respirou fundo- Fico feliz que vocês estejam bem. –ela falou e sorriu-

- Estamos. –respondi e suspirei- É como eu disse, Zoey, não estamos pensando muito sobre o que estamos fazendo.

- E você acha que se pensarem, pode mudar? –ela perguntou e eu a olhei-

- Está me fazendo pensar. –resmunguei e ela sorriu-

- Desculpe. –ela falou e se afastou-

Quando terminei, ajeitei os livros na prateleira e saí do pequeno corredor. Zoey mexia no computador do balcão e eu me encostei no mesmo para observa-la.

- Que foi? –ela perguntou assim que olhou de relance e reparou que eu a olhava-

- Eu não tenho sido uma amiga muito atenciosa nos últimos meses. –murmurei e ela me olhou-

- O que? –ela perguntou e eu dei de ombros-

- Sempre que nos vemos, eu só sei falar de mim. –falei e ela engoliu em seco-

- Os últimos meses não foram fáceis para você, Dê. Nada mais justo você poder desabafar. –ela falou e eu suspirei-

- Eu sei, mas... –mordi o lábio inferior- Eu nunca pergunto de você. –falei e ela me olhou, sorrindo fracamente- É um pouco egoísta. –falei e ela bufou-

- Nada novo aconteceu nos últimos meses na minha vida, amiga. –ela riu de leve, mas parecia meio forçado-

- Você está me escondendo algo. –falei e ela olhou suas mãos sobre o teclado do computador-

- Estou. –ela falou e eu franzi o cenho- Eu só... Eu não sei como você vai reagir. E eu tenho um pouco de medo da sua reação. –ela falou e me olhou-

- Porque eu reagiria de forma negativa, Zoey? –perguntei já apreensiva-

- Você... Você criou um medo do futuro, Dê. Você detesta o fato de que seu futuro não será como havia planejado, e você se recusa a pensar no futuro. É complicado. O que eu tenho para falar é... É uma bomba. Vai mudar minha vida completamente. Não é algo que eu planejei, mas vai acontecer. –ela soltou de uma vez e eu me encolhi perante suas palavras-

- Você está grávida. –falei e ela fechou os olhos-

- Estou. –sua voz embargou-

Digerindo aquela informação, eu lembrei de todas as vezes que eu e Zoey conversamos sobre ter filhos. Zoey nunca quis, e comigo era o contrário. Eu e Colin sempre planejamos ter filhos. Meu sonho era ser mãe.

Isso me fez entender o receio atual de Zoey. Tudo estava invertido. Ela nunca planejou ter filhos, mas estava grávida. Eu sempre sonhei em ter filhos, mas nunca terei com Colin. Era uma bomba.

- Parabéns. –falei com a voz embargando também e ela assentiu devagar-

- Obrigada. –ela sussurrou-

Juro que não queria, mas acabei sentindo como se Zoey estivesse me roubando algo. Por apenas um segundo, esse pensamento passou na minha cabeça. Algo como inveja. E então eu fiz a volta no balcão e a abracei. Zoey soluçou no meu ombro e eu no dela. Amava Zoey como se ela fosse minha irmã. Queria a felicidade dela sempre.

Em meio ao choro, ouvimos o sino da porta tocar e nos separamos, com os rostos lavados em lágrimas. Joseph estava na porta. Já estava anoitecendo e ele havia ficado de me buscar. Ele franziu o cenho, entrou e fechou a porta. Olhou em volta, ainda confuso e eu ri de leve, assim como Zoey, por entre as lágrimas.

- Estamos sentimentais hoje? –ele perguntou e eu sorri para ele que se apoiou no balcão, pegou minha mão e a beijou- Em quem eu devo bater para as damas pararem de chorar? –ele perguntou e eu passei minha mão em seu rosto-

- Bob. –Zoey resmungou fungando e ele riu de leve-

- Com prazer. Algum motivo aparente? –ele perguntou e ela riu-

- O idiota me engravidou. –ela falou e Joe arregalou os olhos-

Eu fechei meu sorriso devagar, e olhei para baixo. Sentia aquela dorzinha funda no coração, como que para me avisar "Você nunca terá isso, Colin está morto". Quando ergui meu olhar, Joe me olhava. Ele pareceu entender, vi em seus olhos que ele entendia. Quando ele desviou o olhar e sorriu para Zoey, puxando-a mesmo com o balcão no meio e a abraçando, a certeza me bateu com força. De fato, eu provavelmente nunca terei isso.

 De fato, eu provavelmente nunca terei isso

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