10. I know what you're doing

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Narrado por Joe.

- Bom dia, professor. –ouvi assim que coloquei meus pés no prédio do colégio-

- Bom dia. –respondi a aluna que nem sequer me lembrava o nome-

Dou aula para 70% das turmas desse colégio, então é impossível lembrar de todos os nomes.

- Senhor Jonas, eu tenho uma dúvida sobre o trabalho da semana que vem. –ouvi e lancei um olhar breve para o garoto que caminhava no mesmo passo que o meu, carregando alguns livros com dificuldade-

- A minha dúvida é mais importante. Porque você já está fazendo o trabalho de semana que vem se é só na semana que vem? –perguntei para meu aluno prodígio e ele abriu um sorriso fraco-

- Gosto de me adiantar nos trabalhos da escola. –ele deu de ombros e ajeitou o gorro vermelho na cabeça-

- Viva um pouco, garoto. Deixe o trabalho para a última hora e se não conseguir fazer, pegue cola com algum colega. –eu falei e ele riu de leve, balançando a cabeça-

- Sempre um bom exemplo. –ouvi atrás de mim e sorri abertamente-

- Bom dia, delicia. –falei e parei para beijar o rosto de Margot, a diretora-

- Bom dia, Joseph. –ela disse se esquivando e eu sorri- Com pressa? –ela perguntou e eu assenti-

- É claro. Se eu não correr, vão ter tomado todo o café da sala dos professores. –eu falei e passei meu braço pelos ombros dela- Como estamos nessa linda manhã de sol? –perguntei e ela riu-

- Está chovendo. –ela falou e eu sorri-

- Ah, isso é um detalhe. –falei e ela balançou a cabeça-

Dobramos mais um corredor do enorme prédio do colégio e então eu fechei meu sorriso. Margot não disse nada. Era rotina isso acontecer. Chegava com um ótimo humor, mas esse humor sumia assim que eu via o retrato de Colin no memorial do colégio. Entre vários retratos de professores velhos, que morreram por doenças que vinham com a idade, tinha Colin, um rapaz saudável, novo e cheio de vida que morreu em um simples acidente de carro que se simples não teve nada.

Lembro de quando voltei a trabalhar e vi o memorial tomado por flores e velas no chão. Todos os alunos me deram condolências e os pêsames, sabendo que além de sermos professores, éramos melhores amigos.

- Eu... Eu precisava pedir um favor. –ouvi Margot falar e a olhei- Como sabe, teremos o Baile de Inverno daqui dois meses, e eu queria saber se você não tem interesse em ser o organizador. –ela falou e eu engoli em seco-

- Margot, eu não entendo nada sobre organizar o Baile de Inverno. –falei e ela suspirou-

- Colin que fazia isso, e eu lembro de sempre ver você o ajudando e dando palpite. –ela falou e eu respirei fundo- Por favor, Joe. Além disso, todos os alunos gostam muito de você. –ela disse e ficou me encarando-

- Tá, ok. Eu vou pensar. –falei e entramos na sala dos professores- Ainda tem café? –perguntei olhando Richard, o professor de educação física-

- Bom dia para você também. –ele falou e eu sorri fracamente, me encaminhando para o balcão da cafeteira-

- Bom dia, querido. Está sensível hoje? –perguntei e servi meu café, caminhando até a mesa redonda onde Margot já estava sentada-

- Falou com ele sobre o baile de inverno? –ele perguntou a Margot que assentiu- A garotada adora você. –ele falou como justificativa e eu revirei os olhos-

- Claro que me adoram. Eu sou maravilhoso. –murmurei e bebi um gole de café-

- E humilde. –Margot falou rindo de leve-

Depois do período da manhã terminar, dirigi até a livraria de Demi e Zoey. Queria ver Demi e saber se o clima entre nos havia ficado estranho depois da noite passada. Quando acordei nessa manhã, ela ainda dormia. Eu fui até o bar, peguei seu carro e deixei as chaves no aparador da minha sala antes de ir trabalhar.

Quando entrei na livraria, Mike estava inclinado sobre o balcão e falava sobre algo que Demi não parecia querer ouvir. Ambos me olharam assim que abri a porta do estabelecimento. Demi pareceu surpresa e só então notei que não havia um motivo concreto para ir vê-la. Não um que eu poderia falar. Até porque, eu não falaria que só estava ali para saber como ela me trataria depois de eu ter agido como um louco.

- Onde fica a sessão de História? –eu perguntei e ela franziu o cenho levemente-

- Desde quando você compra livros aqui? –ela perguntou e eu sorri, dando de ombros-

- Desde hoje. –respondi com sinceridade- A biblioteca do colégio não tem o livro que eu procuro. –essa parte era mentira-

- Eu mostro para você a sessão. –ouvi Mike falar e assenti, o seguindo-

Encarei as prateleiras cheias de livros que eu já havia lido e que haviam na biblioteca do colégio. Mike não parecia gostar da minha presença, mas eu de fato não me importava. Muito pelo contrário. Eu gostava de incomoda-lo.

- Eu sei o que está fazendo. –falei sem me controlar e ele me olhou-

- O que eu estou fazendo? –ele perguntou confuso e eu quis sorrir debochadamente, mas fiquei tenso, com vontade de brigar com ele-

- Está interessado nela. –falei e ele ergueu as sobrancelhas-

- E se estiver? Não quero desrespeitar o Colin, Joe, mas... Ela é solteira agora. –ele sussurrou e eu respirei fundo-

- Não. –sussurrei, sentindo raiva-

- Não o que? –ele perguntou no mesmo tom baixo mas tenso-

- Não tente. –respondi-

- E se ela quiser? –ele perguntou- Ela não estaria traindo seu amigo, Joseph. Não seria trair o Colin. –ele disse-

- Não é sobre o Colin. –falei sem pensar e ele pareceu surpreso-

De fato, eu me surpreendi também, mas não estava mentindo. Não era sobre o Colin.

 Não era sobre o Colin

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