Erin fala um pouco da vida

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Gargalhamos juntos.

- Ele é uma espiga de milho com aquele cabelo vermelho e comprido até o ombro. - Dei mais risada. - Caleb definiu corretamente um apelido para ele.

- Queria saber onde ele acha esses apelidos. Em São Francisco,nós tínhamos um vizinho gorducho e rabugento com um nariz bem acentuado e o Caleb o chamava de nariz de batata, cara de nabo ou barriga de gelatina.

- Eu logo imaginei... Os amigos de Caleb são bem criativos.

- Minha nossa!... Imagino o que um vizinho deve ter sido para uma criança como Caleb.

- O Sr. Temple era muito ranzinza. Mas, eles ficaram muito amigos depois. Ele era o dono de uma livraria e Caleb sempre ia pra lá.

Dono de livraria e ranzinza?... combinação perfeita.

Ele nunca cobrava os livros do Caleb e contava muitas histórias pra ele e mesmo depois de amigos, o Caleb o chamava de cara de nabo.

Dei risada.

- É uma característica dele então? - Disse colocando mais vinho no meu copo e no de Erin.

- Acho que sim! - dei de ombros.

- E você? - A olhei de lado. - Me conte o que fez de sua vida nesses 9 anos.

- Trabalhei como administradora no escritório que eu fundei e você afundou.

Ela sorriu divertida

Deixei de sorrir, desviei o olhar para a minha taça.

- Não tive uma vida muito divertida. Me dediquei ao trabalho, ao Caleb, ao meu casamento que depois eu descobri que foi construído em cima de uma farsa.

- Demorou para perceber isso... - Disse baixo, já não sorria mais.

- Infelizmente! O Jimmy me contou tudo, como eles armaram, me entregou documentos.

- E foi com ele que afundou seu pai...

- Era o certo, não é? Eu sabia desde o início que estava condenando a Stowe a bancarrota. Mas, alguém tinha que por fim aquela farsa, e além do mais eu precisava me redimir de algum modo. Eu só não contava... - ela engoliu em seco. - Só não contava que ele fosse se matar.

- Isso era algo que eu gostaria de ter visto. - Disse em tom baixo.

- Não foi uma cena bonita! - Ela encarou o meu peito e acrescentou. - E essas cicatrizes?

- Marcas deixadas na prisão. - Olhei para Caleb para ver se ele tinha escutado, voltei a olhar para Erin. - Seu pai pagava presos para me baterem, para forçar uma confissão...

- Meu pai era um monstro! - Erin chorava. - Eu tinha medo dele, aliás eu tinha pavor. Eu devia ter lutado por nós dois,mas eu achava que estava protegendo você e o Caleb... - Ela encarou nosso filho. - Ele ameaçou matar o nosso menino, te mandar pra cadeia e me jogar num hospício. - ela deixou a taça na beirada da piscina. - Ele matou o bebê da Jess.

- Eu não consigo entender... - Me aproximei dela. - Estive com você... podíamos ter fugido juntos... Podiamos ter feito algo por nós dois... - Toquei no seu rosto, Caleb prestava atenção em nós dois, pois Erin chorava na hora. - Amei você mais que a mim mesmo... era só me contar que estava sendo ameaçada... a gente daria um jeito... Só que preferiu me perder, me afastar de vocês... e nem por esses 9 anos fez algo pra mudar isso... Porquê?

- Porque eu era covarde. Logo quando eu deixei o hospital, eu estava obstinada a procurar você. Eu sabia que tinha errado,movida pelo pavor do momento. Quando eu consegui enxergar as coisas com clareza, eu tentei ir atrás de você, mas a Eisy e o Jimmy me convenceram de que você foi pra Irlanda com o seu pai. Eu não sabia que você estava preso... - Ela chorava copiosamente. - Eu juro que eu não sabia! Eu queria ter ido me despedir da Dinda, mas nunca me contaram onde ela foi enterrada, eu passei a viver com o Jimmy, apenas como amigos. Ele cuidava de mim! E quando eu voltei a ter notícias suas, você estava se casando com a Brenda, então eu fiz o mesmo e me casei com o Jimmy... Foi egoísmo depois. Eu sentia que você não ia me perdoar e... Eu não queria ver o meu filho sendo criado pela Brenda. Eu sabia que você moveria céus e terra pra ficar com ele e eu já tinha perdido você,não queria perder o Caleb também.

Fiquei olhando para ela, os sentimentos se misturavam dentro de mim, comecei a arfar, segurei as lágrimas.

- Realmente você foi covarde, Erin... É algo que toda a sua família tinha e a minha... Eu era o único que enfrentei seu pai de todas as maneiras, sofri tortura, abuso, mas não me curvei. - Apertei minhas mãos fechando meus punhos. - E não tiraria Caleb de você... e isso me faz ter um desgosto enorme em saber que não confiava em mim o suficiente pra me contar a verdade... Você só deixou o meu ódio ser alimentado todos esses anos... E a próxima a sofrer nas minhas mãos será sua mãe...

Saí da piscina puxando o roupão que estava dobrado numa cadeira, o vesti e saí o mais rápido que podia daquele lugar.

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