Capítulo 4 - Marcelo

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Ao entrar no quarto vou logo tirando minhas roupas e indo me refrescar no chuveiro. Isabel veio em seguida.

― Percebeu que Amanda está diferente?

― Ela acabou de se separar. É normal que esteja assim

― Assim como? Acho que você não está entendendo...

― Não quero falar sobre Amanda. Daqui a pouco o João Victor liga e eles voltam. Não é a primeira vez que isso acontece...

― Ela está atrevida.

Eu puxo Isabel para junto de mim e beijo seus lábios. Hoje você não me escapa, pensei. Mas, ela escapou. Mais uma vez.

― Para, Marcelo. Aqui não. Vai molhar meu cabelo.

― Molhar o cabelo?

― Desculpa.

Termino de tomar o banho e vou para a cama. Deito com a barriga pra cima e fico esperando Isabel.

Precisamos conversar. Essa situação já está se arrastando demais. Talvez ela precise procurar um médico, um especialista, sei lá. Algo está errado. Muito errado mesmo.

Ela vem até a cama e diz que está com muito sono.

― Acho que foi o vinho durante o jantar.

Ela senta-se na cama. Eu passo a mão pelas suas costas.

― Não estou aguentando mais. Difícil demais dormir ao seu lado sem poder te tocar. Já faz quase um mês que não temos relação. Você precisa procurar um médico.

― Eu não preciso de nada. Não estou doente. Hoje estou com sono. Só isso. E a culpa é sua por ter insistido para eu beber aquela última taça.

― Fale baixo!

― Estou na minha casa, Marcelo, e falo da altura que eu quiser.

― Esqueceu que estamos com visita? Amanda pode escutar.

Isabel se levanta agitada, vai até a janela e a abre com força.

― O que me importa se ela ouvir? Todo casal briga mesmo e daí que os outros escutem?

Eu tenho vontade de segurá-la pelos braços e amordaçá-la, mas conto até dez.

― Amanda senta aqui. Vamos conversar...

― O que você disse? ― indaga Isabel vindo até mim com os olhos brilhando. Acho que ela vai me golpear com uma das mãos.

Eu não percebi a besteira que eu disse até ela insistir na pergunta.

― O que você disse, Marcelo? Amanda? Ou será que estou ouvindo vozes?

― Ah! Pelo amor de Deus!

Eu seguro na mão dela e peço pra se sentar na cama.

― Por que está agindo assim, meu amor? Eu não quero briga, eu só quero amar você. Só quero te dar prazer... Eu só quero...

― Sei muito bem o que você quer ― atalha-me nervosa e se afasta de mim como uma gazela foge de um leopardo. ― Por que vocês homens são assim? Não vê que não estou bem? Não percebe que estou passando por uma fase difícil?

Eu tenho que pensar bem nas palavras pra dizer, pois Isabel tem a habilidade de mudar o sentido de minhas palavras e me tornar culpado por qualquer coisa. Então abaixo a minha cabeça e tento trazer à minha boca as palavras que a acalmarão.

Mar de rosas e de espinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora