Capítulo 34 - Isabel

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Eu sei que Marcelo descobriu tudo. Eu o segui hoje pela manhã. Sei que viu as câmeras de segurança. Eu esqueci destes rastros. Mas não sou idiota.

Seguro Iolanda pelo braço logo que desligo o celular. Ela me olha muito assustada.

― Desculpe-me!

Eu a conduzo até o sofá e peço para ela se sentar.

― Você está me assustando, Isabel.

Eu me sento ao lado dela e olho em seus olhos. Preciso ser muito convincente, mas sei que as pessoas quando estão com o estado emocional abalado tendem acreditar facilmente nas pessoas, principalmente quando dizem que estão ali para ajudar. E é claro que estou aqui para ajudar Iolanda.

― Eu preciso falar com você sobre Emily. E você precisa ser forte.

Ela se encolhe e começa a querer chorar. Tenho vontade de mandá-la se conter, mas tenho que expressar os mais belos sentimentos de amor por ela neste momento.

― Seu irmão não está bem. Ele está tendo lapsos de memória constante como você pode constatar aqui nestes poucos dias. O que eu vou falar com você agora é muito sério e eu só vou falar porque nós duas estamos correndo perigo.

Ela parece intrigada, mas não diz nada. Então eu continuo:

― Eu descobri que foi Marcelo quem matou Emily.

Iolanda dá um grito que me assusta. Ela se levanta e me olha incrédula.

― Escuta! Quem pegou a Emily em sua casa fui eu. Ele pediu para buscá-la. Disse que estava com saudade. Então eu fui e a trouxe para ele, mas eu não sabia as intenções dele. Ele está doente. Ele é um homem bom.

― Eu não acredito em você. Por que está inventando isto?

― Eu queria mesmo que tudo isso fosse mentira, mas não é. Ele a levou para a piscina e eu vim preparar um lanche para eles, quando voltei ele estava com ela nos braços, morta. Eu entrei em pânico e comecei a gritar, mas ele a jogou no chão e me agarrou. Tapou minha boca e ameaçou me matar se eu contasse pra alguém.

Ela senta-se de frente para mim e tenta conter as lágrimas, mas elas são cada vez mais intensas.

― Então ele pega a pá e começa a cavar ali no jardim para enterrá-la. E me obriga a ficar perto dele. Depois entramos em casa e vamos direto para o chuveiro. Quando saímos do banho ele tirou um cochilo e ao acordar não se lembrava de nada. Então eu o levei até o jardim e mostrei as rosas para ver se ele lembrava de alguma coisa, mas...

― Que história mais absurda, Isabel! Por que não me contou antes?

― Ele não se lembra de nada como eu disse. Não quero dar esta notícia a ele. Ele vai sofrer muito, pois ele amava Emily. Tenho medo que a saúde dele fique ainda pior.

― Eu não acredito em você. Está inventando tudo isso.

― Por que eu inventaria algo tão terrível do meu marido?

Ela fica me olhando em dúvida.

― Ouça bem, Iolanda, eu só te contei agora porque ele está precisando de ajuda. Se ele se sentir ameaçado poderá matar nós duas. Entende?

― Que me importa morrer, Isabel?

― Mas eu me importo e não quero morrer agora e nem quero perder o homem que amo. Por favor me ajude! Por favor me ajude a salvar, Marcelo!

Mar de rosas e de espinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora