Eu sei que Marcelo descobriu tudo. Eu o segui hoje pela manhã. Sei que viu as câmeras de segurança. Eu esqueci destes rastros. Mas não sou idiota.
Seguro Iolanda pelo braço logo que desligo o celular. Ela me olha muito assustada.
― Desculpe-me!
Eu a conduzo até o sofá e peço para ela se sentar.
― Você está me assustando, Isabel.
Eu me sento ao lado dela e olho em seus olhos. Preciso ser muito convincente, mas sei que as pessoas quando estão com o estado emocional abalado tendem acreditar facilmente nas pessoas, principalmente quando dizem que estão ali para ajudar. E é claro que estou aqui para ajudar Iolanda.
― Eu preciso falar com você sobre Emily. E você precisa ser forte.
Ela se encolhe e começa a querer chorar. Tenho vontade de mandá-la se conter, mas tenho que expressar os mais belos sentimentos de amor por ela neste momento.
― Seu irmão não está bem. Ele está tendo lapsos de memória constante como você pode constatar aqui nestes poucos dias. O que eu vou falar com você agora é muito sério e eu só vou falar porque nós duas estamos correndo perigo.
Ela parece intrigada, mas não diz nada. Então eu continuo:
― Eu descobri que foi Marcelo quem matou Emily.
Iolanda dá um grito que me assusta. Ela se levanta e me olha incrédula.
― Escuta! Quem pegou a Emily em sua casa fui eu. Ele pediu para buscá-la. Disse que estava com saudade. Então eu fui e a trouxe para ele, mas eu não sabia as intenções dele. Ele está doente. Ele é um homem bom.
― Eu não acredito em você. Por que está inventando isto?
― Eu queria mesmo que tudo isso fosse mentira, mas não é. Ele a levou para a piscina e eu vim preparar um lanche para eles, quando voltei ele estava com ela nos braços, morta. Eu entrei em pânico e comecei a gritar, mas ele a jogou no chão e me agarrou. Tapou minha boca e ameaçou me matar se eu contasse pra alguém.
Ela senta-se de frente para mim e tenta conter as lágrimas, mas elas são cada vez mais intensas.
― Então ele pega a pá e começa a cavar ali no jardim para enterrá-la. E me obriga a ficar perto dele. Depois entramos em casa e vamos direto para o chuveiro. Quando saímos do banho ele tirou um cochilo e ao acordar não se lembrava de nada. Então eu o levei até o jardim e mostrei as rosas para ver se ele lembrava de alguma coisa, mas...
― Que história mais absurda, Isabel! Por que não me contou antes?
― Ele não se lembra de nada como eu disse. Não quero dar esta notícia a ele. Ele vai sofrer muito, pois ele amava Emily. Tenho medo que a saúde dele fique ainda pior.
― Eu não acredito em você. Está inventando tudo isso.
― Por que eu inventaria algo tão terrível do meu marido?
Ela fica me olhando em dúvida.
― Ouça bem, Iolanda, eu só te contei agora porque ele está precisando de ajuda. Se ele se sentir ameaçado poderá matar nós duas. Entende?
― Que me importa morrer, Isabel?
― Mas eu me importo e não quero morrer agora e nem quero perder o homem que amo. Por favor me ajude! Por favor me ajude a salvar, Marcelo!
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Mar de rosas e de espinhos
Misteri / ThrillerQuando a desconfiança entra na vida de Isabel e Marcelo, o mar de rosas em que vivem se transforma num emaranhado de espinhos e ambos podem sair feridos. Com a morte do pai dela alguns segredos do passado são revelados, e só então começam a saber q...