capítulo 37

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Quarenta anos? Se o clã dos Uckermann não gerava herdeiros há tanto tempo, então Leonard devia ter ao menos esta idade, apesar de parecer jovem. Melhor não pensar sobre isso agora, resolveu Dulce.
- Você já está apta a ter filhos há muito, e apesar da legião de amantes que teve, seu ventre jamais gerou uma criança - o tom de Leonard era de escárnio. - O pai de Christopher não gerou mais que um filho em sua esposa mortal, e os Martin, nossos vassalos, sofrem do mesmo mal. Nosso clã está desaparecendo, Angelique. Os casamentos entre membros do mesmo sangue durante tantos anos nos enfraqueceram, e tudo que conseguimos perpetuar foram as tradições e costumes de nossos ancestrais. Nós nos transformamos numa família de mulheres estéreis e homens de semente fraca. Isto é a morte, Angelique, nossa morte. Ela pode demorar a chegar, mas se aproxima de modo inexorável.
- Melhor morrer do que nos tornarmos fracos como os mortais! - foram as palavras de Angelique antes de desaparecer de repente, como fumaça no ar.
- Ela sumiu - murmurou Dulce, estupefata e sentindo-se tola ao afirmar o óbvio.
- Há túneis conectando o estábulo com outras partes do castelo - Leonard a fitou por um instante. - Você está causando muitos problemas, não é?
- Eu? Ora, só saí para caminhar um pouco e resolvi conhecer o estábulo, nada mais. Foi Angelique quem criou problemas, pois deseja Christopher, creio.
- Sim, ela o deseja, apesar da metade mortal de Christopher a enojar. Angelique quer ser a senhora de Cambrun, mas nosso lorde jamais confiou nela. O desprezo que sente pela mãe mortal de meu primo também não a ajudou a conquistar sua confiança. Christopher não deseja casar com uma mulher Uckermann, pois quer ter filhos.
- Sou mais do que só um útero para gerar herdeiros! Sou uma mulher adulta e completa.

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