capítulo 44

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- Não se preocupe com nosso lorde - disse Mora, engatinhando sob a mesa para se aproximar de Dulce. - Ele sabe cuidar de si.
- Estas lutas acontecem com freqüência?
- Bem, eles brigam de vez em quando. Os homens apreciam desafiar uns aos outros e testar a própria força, não é? Os cavaleiros vivem para lutar. Daqui a pouco se acalmam e tudo terminará.
- Toda essa confusão é por minha causa... Não estou ajudando a salvar o clã dos Uckermann, mas sim a destruí-lo.
- Não é verdade: é a mudança que os faz combater assim. Sempre há os que lutam para manter a situação como está. Mas em breve tudo passará, e aceitarão que mudança é necessária e inevitável. É natural que lutem assim.
Esse tipo de luta não é natural, pensou Dulce, mas ela sabia o que Mora queria dizer.
- Veja, o padre os está fazendo parar - observou a mulher.
De fato, James Uckermann irrompia entre os adversários, mas também ele empurrava as feras bestiais com violência e gritava para que parassem. Era estranho ver um religioso ostentar a mesma força e ferocidade que os demais, mas de repente tudo terminou da mesma maneira abrupta como começara.
Subitamente Diego, Angelique e seu grupo desapareceram, e os aliados de Christopher e Leonard abaixaram a cabeça, quietos e embaraçados, quando James passou a repreendê-los por seu comportamento. Sem querer, Dulce se lembrou dos ladrões que a perseguiam pela montanha e do olhar aterrorizado que exibiram ao serem atacados. Agora compreendia a razão de sentirem tamanho terror, e por que o aroma de sangue infestara o ar em segundos.
Enquanto o padre James ralhava, Christopher, inquieto, procurava com o olhar a esposa. Apesar de seus traços terem voltado ao normal, agora Dulce sabia com quem casara e do que seu marido era capaz. E teria de conviver com tal fato.

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