capítulo 10

585 42 0
                                    

Com imensa cautela, Dulce depositou no chão as coisas que trazia e deu meia-volta. Ansiosa, começou a se afastar, retornando para dentro do bosque; mas um dos ladrões percebeu seus movimentos e alertou os demais com um grito. Sem alternativa, ela passou a correr entre as árvores o mais depressa que podia, internando-se cada vez mais nas profundezas da floresta.
A calma e a felicidade que sentia há pouco haviam desaparecido, e sua vida corria risco agora. Atrás de si, ouvia os ruídos dos ladrões que a perseguiam, e o mesmo luar que a ajudava a se desviar das árvores também os ajudava a ver por onde ela seguia. Correndo o mais que podia, em breve Dulce sentiu uma dor do lado esquerdo do peito por causa do esforço. A floresta subia montanha acima, e em pouco tempo as árvores começaram a rarear por causa da altitude, dando lugar a um terreno pedregoso e com rochas. Os ladrões seguiam em seu encalço, e ela sabia que suas chances de escapar se tornavam menores por sair da proteção do mato da floresta e penetrar um local no qual poderiam avistá-la de longe. Que fazer? Aterrorizada, Dulce pensou que seu fim talvez estivesse próximo, e o sonho de conhecer a vida fora dos muros de Dunsmuir acabaria antes de se tornar realidade.
Exausta, ela parou um instante para recuperar o fôlego. O terreno se tornava cada vez mais íngreme, e já não havia arbustos nem árvores, apenas rochas. Para piorar, os sons de seus perseguidores indicavam que em breve a alcançariam.
Não me entregarei sem lutar, decidiu, recolhendo pedras do chão para atirar nos ladrões. Eles sem dúvida também a matariam, mas se tivesse um pouco de sorte, ainda conseguiria feri-los antes que a capturassem. Por um instante ela pensou em continuar a correr, mas era inútil, pois a alcançariam mais cedo ou mais tarde. Seu fim havia chegado.
O primeiro homem apareceu. Ele parou de correr ao vê-la, e começou a se aproximar com um sorriso de triunfo nos lábios. Dulce atirou nele uma pedra, mas o ladrão se desviou. Poucos segundos se passaram antes de outros bandidos surgirem diante de seus olhos.
Subitamente, Dulce sentiu que outras pessoas se aproximavam por trás dela. Ao virar o rosto, notou sombras estranhas e leves emergindo por entre as rochas enormes. Muito surpresa, e acreditando que o pavor lhe provocava uma visão, Dulce vislumbrou a figura garbosa de um homem alto e forte à frente das sombras. Mesmo no escuro era possível reconhecer seus traços masculinos e atraentes; e o mais estranho: ele parecia sorrir.

Cavaleiro da Noite - Vondy Onde histórias criam vida. Descubra agora