- Jankyn. - Mora sorriu ante a expressão de surpresa e choque de Dulce. - Jankyn parece ter a idade de meu filho, não é? Contudo, ele é mais velho que eu, e esta foi uma das razões que nos impediram de ficar juntos, embora eu o amasse profundamente.
Mora desviou o olhar um momento, enquanto antigas lembranças lhe voltavam à mente.
- Amar Jankyn era o paraíso e o inferno ao mesmo tempo. Era maravilhoso tê-lo a meu lado, e um tormento pensar que eu envelheceria, tornando-me idosa e fraca, enquanto ele seguiria jovem e vigoroso. Hoje em dia ele ainda parece ter vinte anos, enquanto eu já trago as marcas da vida no corpo e no rosto. Jankyn queria se casar comigo, mas antes me contou a respeito da mordida; isso me fez recusar.
Incomodada, Mora desviou o olhar, indicando que não apreciava tocar naquele assunto. Sem perceber, Dulce levou a mão ao pescoço para conferir se seguia ilesa, e então tocou o braço da mulher, como para encorajá-la a continuar falando.
- A mordida de amor - prosseguiu Mora afinal, fitando-a nos olhos. - Um cavaleiro MacNach necessita se alimentar do sangue da mulher amada para consumar o casamento, e para isso lhe morde o pescoço. É o que chamam de união de sangue. Depois de fazê-lo, a união se torna eterna, e é como se compartilhassem uma só alma. Jankyn me explicou que ao casar comigo, ele provavelmente não resistiria ao impulso de provar meu sangue; eu não consegui suportar tal idéia, foi demais para mim. Além disso, não sou como os sangue-puro MacNach, que se curam de machucados em segundos, e tive receio de me expor a tal ferimento. Enfim, para o bem ou para o mal, a verdade é que não consegui superar o medo e não aceitei desposar Jankyn, mesmo ao saber que esperava um filho dele.
Dulce escutava num misto de surpresa e horror, mas sem reconhecer dentro de si o mesmo medo que tomara conta de Mora. O envelhecimento desigual lhe soava como a questão principal, mas Christopher lhe dissera que envelhecia em ritmo normal.
- Tem de ser no pescoço? Não é possível se alimentar com um pouco de sangue retirado de outra parte do corpo?
- Creio que não. Ao atingir o clímax, o homem morde o pescoço da mulher e se alimenta de seu sangue, no exato momento em que libera o sêmen vital dentro dela.
- Todas as vezes? - Dulce agora parecia assustada.
- Uma vez apenas. - Mora finalmente perdeu um pouco da seriedade e esboçou um sorriso ante o espanto de Dulce. - A união de sangue acontece na noite nupcial: o homem dá algo de si à mulher ao liberar o sêmen dentro dela, enquanto prova de seu sangue em retorno; e a troca de fluidos vitais os une para sempre.
- Apesar de preferirem comer carne crua, eu acreditava que os MacNach jamais se alimentavam de sangue, Mora.
- Eles o fazem em bem raras ocasiões. Há muitos anos eram descontrolados, e nem sempre se alimentavam só do sangue dos animais da floresta. Hoje em dia, saem em excursões noturnas no ciclo da lua cheia, e nada de mais acontece. A lenda persiste, contudo, e posso imaginar que eram de fato uma visão terrível, com suas compridas capas escuras cavalgando cavalos negros nas noites de luar. É por isso que ficaram conhecidos como os Cavaleiros da Noite. Aos poucos, porém, os homens dos vilarejos venceram o medo e iniciaram caçadas para exterminá-los quando descobriram que podiam matar um Cavaleiro da Noite queimando-o, por exemplo, ou decepando sua cabeça. A situação está estabilizada hoje em dia: os sangue-puro respeitam os povoados e levam uma vida quase reclusa no castelo. Nas noites de lua cheia, ainda saem em jornadas pela floresta, mas não se aproximam dos vilarejos.
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Cavaleiro da Noite - Vondy
Fiksi PenggemarEssa história n é minha ela é de autoria de natyvondy todos os créditos são dela Ao ser resgatada pelos homens de Christopher Uckermann e oferecida a ele como noiva, Dulce Maria Saviñón se vê dividida entre o medo e a atração por aquele misterioso...