capítulo 27

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- Compreendo, senhor. Agora, se me permite, gostaria de partir.
- Não é aconselhável sair do castelo. A floresta é perigosa, sobretudo em noite de lua cheia. Além disso, meu lorde deseja que permaneça aqui.
- Não me importa o que ele deseja, pois não é meu lorde nem senhor. Vou encontrar minha prima, e ninguém tem o direito de me impedir.
De súbito, Dulce sentiu que a tocavam no ombro, e levou um susto. Numa reação cega e automática, ela se virou e cravou as unhas no rosto do homem às suas costas, arrancando pedaços de pele e carne. No instante seguinte ela percebeu que se tratava de Leonard, mas o mal já estava feito; estranhamente, ele não parecia exibir dor e sim surpresa. Muito embaraçada e balbuciando desculpas, Dulce apanhou um lenço de linho com a intenção de limpar o sangue, mas quando tornou a fitá-lo, Leonard cobria os arranhões com a mão e a olhava sem exibir dor alguma.
Quando retirou a mão, os ferimentos já haviam quase desaparecido, e não havia sangue em sua face, apenas em suas mãos.
- Os cortes estão fechando! - ela mal acreditava no que via.
- Foram superficiais - Leonard lambeu o próprio sangue, que ainda manchava seus dedos. - Tem unhas afiadas, senhorita Dulce.
Sem saber o que dizer, ela cerrou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar.
- Arranhar alguém com tanta ferocidade é estranho - comentou Jack, que presenciara a cena.
- Eu me assustei quando me tocaram o ombro - no fundo, Dulce sabia que Jack tinha razão: sua reação fora mesmo estranha. - Peço desculpas, mas devo partir - e continuou tentando avançar em direção ao arco de pedra.
Entretanto, Jack mais uma vez lhe barrou o caminho, e também Leonard deu um passo adiante, colocando-se entre ela e a saída do castelo.
- Mesmo que pudéssemos deixá-la ir embora, jamais permitiríamos que o fizesse à noite e sozinha.

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