- Ainda sentem sede de sangue?
- Eu diria que não. Os MacNach se alimentam de carne quase crua, o que basta para satisfazê-los. É possível que bebam um pouco do sangue de outro membro do clã, mas só o fazem se o impulso se torna forte demais, ou quando se machucam de forma fatal. Oferecer um pouco de sangue a outro membro do clã é a maneira de garantir que se curem de uma enfermidade ou machucado fatal. De qualquer forma, já não atacam outras pessoas, a não ser em casos muito raros, como o que se passou com os ladrões que perseguiam a senhora. É preciso levar em conta que a justiça normal mataria tais ladrões caso os capturasse, pois eles assassinaram todos os integrantes de sua escolta. Neste caso os MacNach usaram o instinto sangue-puro como se fosse uma arma, da mesma maneira que a justiça usaria a forca se apanhasse os facínoras.
- Creio que se pode pensar assim. - Dulce, porém, mostrava-se um tanto relutante. - Quanto a comer carne quase crua, eu já havia notado que o faziam. Na verdade, qualquer pessoa se alimenta da mesma substância, embora com a carne mais bem assada ou cozida.
- Mas a mordida a incomoda, não é?
- Um pouco. Não é fácil oferecer uma parte tão vulnerável do nosso corpo, mesmo que seja para o homem a quem escolhemos como marido. Contudo, o casamento é uma escolha mútua, e isso me faz confiar em Christopher e crer que não me machucaria.
- Sei que não é uma decisão fácil.
- Se ao menos eu tivesse certeza de que ele me ama como eu o amo... - Dulce ergueu-se da cadeira num impulso.
- Não tenho dúvida de que lorde Christopher deseja consumar a união com a senhora e torná-la sua companheira eterna. - Mora levantou-se também.
- Bem, ele não o fez na noite nupcial. Talvez agora não surta mais efeito.
- Claro que surtirá efeito! - Mora tomou-a pelo braço e conduziu-a para a porta. - Consumar a união de sangue na noite do casamento é uma tradição, mas não é obrigatório que se passe dessa forma.
Jean esperava do lado de fora, e as recebeu com um sorriso. A tarde seguia avançada, e depois de presentear a simpática senhora com uma moeda de prata, Dulce sugeriu que voltassem para o castelo. O dia continuava agradável, mas, imersa em pensamentos, ela já não cantarolava como fazia ao descerem para o povoado. Mora respeitava seu silêncio e caminhava calada a seu lado.
Quando se aproximavam da entrada do castelo, Dulce já se recuperara do choque inicial das revelações.
- Ainda tenho urna pergunta, Mora.
- Sim, minha dama. Já lhe contei o que sei a respeito dos MacNach, mas é possível que ainda possa ajudá-la.
- Quando diz que ele se alimentará com meu sangue, trata-se de algumas gotas apenas, não é?
- Jankyn me explicou que beberia um pouco de meu sangue, mas um MacNach pode ter medidas diferentes das nossas. De qualquer maneira, ele assegurou que eu jamais correria risco de vida; na pior das hipóteses, eu sentiria alguma fraqueza por um ou dois dias. Não foi o medo de morrer que me fez recusar a união de sangue com Jankyn, pois sempre acreditei que ele jamais me faria mal algum.
- Mas... e se eu estivesse grávida? Acha que poderia trazer algum dano a meu filho?
- A senhora crê estar grávida? Tão rapidamente?
Apesar da surpresa, a expressão de Mora não escondia a felicidade por tal notícia, e Dulce pensou que pelo visto não era só Christopher quem desejava que as crianças retornassem a Cambrun.
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Cavaleiro da Noite - Vondy
FanfictionEssa história n é minha ela é de autoria de natyvondy todos os créditos são dela Ao ser resgatada pelos homens de Christopher Uckermann e oferecida a ele como noiva, Dulce Maria Saviñón se vê dividida entre o medo e a atração por aquele misterioso...