Cavaleiro da Noite - Vondy

capítulo 75

Neste momento, Jankyn se virou para dizer algo a Raibeart, postado atrás de Dulce, e sem perceber a deixou desprotegida um instante. Numa fração de segundo. Diego sacou um comprido punhal e pulou na direção dela, apontando a arma diretamente para seu ventre. Contudo. uma pilha de corpos se colocou entre Dulce e Diego de maneira a protegê-la, e o agressor terminou cravando o punhal nas costas de outra pessoa.
- Dulce! - gritaram Christopher e Duncan ao mesmo tempo.
- Estou bem! - ela bradou, lutando para afinal irromper entre aqueles que a haviam protegido com os próprios corpos.
Ao se libertar, contudo, Dulce notou que Jankyn recebera a punhalada a ela destinada e correu a ajudá-lo, com a sensação de que sombras flutuavam a seu lado, acompanhando seus movimentos. O punhal felizmente se cravara logo abaixo do ombro, e ela respirou fundo antes de puxá-lo para fora. Jankyn soltou um gemido de dor, mas no instante seguinte o ferimento começou miraculosamente a fechar.
- Mate este desgraçado, Christopher, ou eu o farei! - gritou Duncan.
Ainda fascinada pela visão do ferimento cicatrizando num passe de mágica, Dulce se virou ao ouvir o grito do irmão, mas não conseguiu vê-lo, pois muitos cavaleiros sangue-puro permaneciam à sua frente.
- Meu irmão está realmente zangado, Jankyn. Quando está assim, Duncan é perigoso como um leão.
- Sem dúvida parece um leão - comentou ele com um leve sorriso.
- Consegue vê-lo? Seu cabelo se avolumou e está eriçado?
- Tal como se fosse uma juba - informou Jankyn com ar divertido. - Mas Christopher o mandou vir para cá, e se prepara para enfrentar Diego. Melhor você ficar atrás de mim, pois suponho que não vai gostar de observar esta luta.

Duncan não tardou a se aproximar, e após abraçar o irmão Dulce tentou se colocar em posição mais favorável, envolvida pelo anel de cavaleiros sangue-puro que a rodeavam. Ela de fato não desejava observar o enfrentamento entre Christopher e Diego, mas tinha de saber o que ocorria.
Christopher se dirigiu para um canto da caverna que funcionava como salão principal dos sangue-puro, e Diego o seguiu. Ambos empunhavam longas e afiadas adagas de prata. Alguns poucos homens fizeram menção de seguir Diego, mas outros os impediram, demonstrando que a situação estava clara: Diego se isolara por Christopher ter nomeado um sangue-puro como seu sucessor caso algo lhe ocorresse.
- Nosso confronto aconteceria mais cedo ou mais tarde – disse Diego.
- Só lutaremos porque você não me deixa escolha.
- Eu o farei pagar por pretender liderar aqueles que, ao contrário de você, possuem o sangue totalmente puro.
- Sou o senhor dos MacNach por herança de meu pai.
- Também o farei pagar por ter matado Angelique.
- Orgulho e vaidade causaram a morte de Angelique. Você é quem deve pagar por ter ousado atacar minha esposa, a senhora de Cambrun.
- Angelique valia dez vezes mais que esta mísera mortal... E depois de acabar com você, darei cabo dela e do feto infame que traz no ventre.
Christopher cerrou os ouvidos para tais insultos, por saber que Diego tencionava cegá-lo de ira para aumentar suas chances de vencer; mas também sabia que manter o controle o tornaria mais ágil. Esta batalha tinha de ser vencida, pois ele ainda queria desfrutar a vida ao lado da esposa.