capítulo 57

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- Nunca duvide disso. Garantirei a segurança deles, nem que tenha de prender os sangue-puro nas cavernas! Mas não tentarão nada, pois não desejam alimentar os rumores a nosso respeito. E sabem que se seu irmão tardar a voltar ou a enviar notícias, seus cavaleiros virão averiguar o que acontece.
- Tem razão.
- E você, por que veio me procurar? - Christopher puxou-a pela cintura e tocou suas pernas, mas Dulce se afastou sorrindo.
- Para convidá-lo a passear. A noite está agradável, e pensei que podíamos comer e beber algo à luz das estrelas. Pedi a Mora que preparasse bolos de mel e vinho num recanto especial fora dos muros do castelo.
- Pensei que as noites de lua cheia fossem mais apropriadas para isso - Christopher franziu a sobrancelha.
- Não há luar, mas também pedi que iluminassem o local com tochas. Está tudo pronto; só falta você me acompanhar.
Apesar de estranhar o convite, Christopher meneou a cabeça e sorriu. Feliz, Dulce o tomou pela mão, e minutos depois já atravessavam o pátio em direção à saída do castelo. A lua minguante de fato não bastava para iluminar a noite, mas o escuro ressaltava as estrelas no céu, que parecia de veludo negro. De mãos dadas, Dulce conduzia Christopher entres as rochas, mas de repente ele se retraiu.
- Ouvi o ruído de alguém se movimentando - disse Christopher, fazendo-a parar.
- Com certeza Mora e o filho David terminaram as preparações, e agora voltam para o castelo - Dulce fez com que ele recomeçasse a caminhar. - Espero que goste do local, fui eu mesma quem o escolheu.
Pouco depois eles atingiam uma clareira entre as rochas, um lindo recanto com uma pequenina lagoa que refletia a luz das estrelas e das tochas. O silêncio, o frescor da noite de primavera e os raios de luz sobre a água criavam uma atmosfera mágica, e Dulce segurou a mão do marido, indicando que haviam chegado.
- É incrível que estas rochas escondam um lugar tão encantador, querido!
- Este local foi concebido por um ancestral de minha família. Ele criou a lagoa aproveitando uma mina de água, e fez plantarem os arbustos e árvores. As plantas florescem nesta época do ano, perfumando o ar. Sua intenção foi criar um jardim próximo ao castelo e que oferecesse um prenúncio do vale.
- Há mais do que apenas rochas ao redor de Cambrun - disse Dulce, fazendo Christopher sentar sobre os grossos tecidos que Mora colocara sobre a relva ao lado da água. - De qualquer forma, as rochas também possuem uma beleza especial - completou ela, sentando a seu lado.
Christopher sorriu e a beijou na face, satisfeito porque a esposa percebera a beleza agreste do topo da montanha onde se localizava o castelo, apesar da aridez e da ausência de vegetação. Os raros visitantes que vinham a Cambrun elogiavam os vales entre os montes, mas nunca apreciavam a beleza selvagem das rochas no cume da montanha. Seu castelo era visto somente como uma fortaleza para prover segurança aos que ali habitavam. Dava prazer saber que Dulce notava a beleza do local que há séculos servia de moradia aos MacNach.
- O castelo é muito bonito. - Ela passou o jarro de vinho para Christopher. - Mas creio que ficaria mais aconchegante se adicionássemos mais cores e suavizássemos a escuridão.
- É seu lar agora, e pode mudar algumas coisas se quiser. Talvez aliviar a escuridão seja uma boa idéia. Os poucos visitantes sempre notam a escuridão do castelo, o que alimenta comentários a respeito de minha família.

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