Capítulo 4 - Henry

11.9K 797 104
                                    

Saí da casa da Flávia, com raiva, não dela, mais com raiva de mim por ter vacilado assim com ela. Esta foi a única vez que consegui me aproximar tanto assim de Flávia desde o ensino médio. Sim, eu estudei na mesma escola particular que Flávia há 13 anos atrás, estudamos juntos no ensino médio.

Mas antes que você me pergunte, vou te explicar algo para tu não ficar perdido. Durante 3 anos, eu tive aulas com professores particulares em casa, mas não estava matriculado em uma instituição de ensino, com 8 anos, meus pais resolveram me colocar em uma escola particular, naquela época meu pai já era deputado, podia pagar uma escola particular para mim. Entrei no ensino médio com 18 anos, e então, foi lá onde vi Flávia pela primeira vez e pelos próximos 2 anos.

Ela era uma jovem de 15 anos, perto de completar os 16 anos, com um sorriso lindo e encantador, morena e dos olhos azuis, mas eu a via apenas como uma criança. Comecei a estudar com Flávia no ensino médio, e juro que não por ela ser uma menina nova, e sim por ser doce, natural, educada e muito inteligente, eu sentia admiração por ela. Mas era óbvio, que por causa da idade dela e por ainda ser menor de idade, eu nem me aproximava dela, só falava com ela por educação, eu não queria ser acusado de pedofilia, longe de mim isso, eu não sentia desejo e essas coisas, para mim ao mesmo tempo ela era uma criança. Um ano depois de terminarmos o ensino médio, eu já estava apaixonado por ela, me mantive longe dela durante todo o ensino médio, e quando ela já era maior de idade, e que eu poderia me aproximar dela, descobri que ela teria ido embora para outra cidade, pois passou na universidade de Direito.

Mas agora entrando no presente, aquele sentimento que eu nutria por Flávia, ficou preso dentro de mim, e quando eu a encontrei novamente depois de tantos anos naquele barzinho, tudo aquilo que eu sentia dentro de mim se libertou, mas não sei como lidar com isso, a única pessoa que sempre soube disso, foi minha babá, a Gisele e meu irmão Pietro.

Hoje em dia, Gisele trabalha na casa de Flávia, e como eu fiquei ao saber disso? Óbvio que feliz. Por nossa amizade, eu insistia para que Gisele me dissesse tudo sobre ela. Não foi algo planejado, acho que foi o destino querendo que eu entrasse no caminho de Flávia novamente.

Ligo para o piloto do meu jatinho, e peço que ele esteja no aeroporto, pronto para decolar em até uma hora, estou voltando para a Espanha hoje mesmo. Não irei suportar ficar no Brasil sabendo que não poderei mais cruzar o caminho de Flávia. Eu tentei fazer isto dar certo, mas no final, eu falhei e agora irei seguir minha vida de verdade e deixar ela seguir a dela. Sem joguinhos.

Ao chegar em casa, subo direto para o meu quarto, onde decido tomar um banho, colocar um terno, pegar meus documentos e sair do país sem data para volta.

2 horas depois

Já estou sobrevoando o oceano Atlântico, vendo a sua imensidão azul pela janela enquanto trabalho em meu MacBook. Há muitas coisas da empresa que se resolver, minha secretária está ficando maluca já.

Recebo uma ligação via WhatsApp de Gisele. O que deve ter acontecido para que ela me ligasse a esta hora? No Brasil deve ser cedo ainda. Atendo imediatamente a ligação.

- Alô, Gisele, tudo bem? - pergunto lendo alguns relatórios enviados por Diana.

- Não, menino. Tu não sabe o que aconteceu! - ela diz com a voz chorosa. - A Flávia foi baleada.

- O quê? Quando? - pergunto preocupado já sabendo que não deveria ter deixado ela enfrentar 3 homens sozinha. Eu sou um covarde mesmo.

- Hoje de madrugada, um dos invasores ao ser acertado pela polícia disparou um tiro contra ela que acabou pegando de raspão na artéria que passa por aquela região. - ela diz segurando as lágrimas.

Série Mulheres No Comando: A Federal [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora