Capítulo 16

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Acordo com o som irritante daquele monitor de batimentos cardíacos. Já é a segunda vez que ele me irrita. Abro os olhos e vejo minha irmã Gabi dormindo de mal jeito em uma poltrona. Tento falar, mas minha boca está seca e isso é muito doloroso. Mas não se torna tanto até o momento em que me lembro o que aconteceu. Aquilo sim é doloroso.

Consigo-me arrumar na cama e encontro o botão de chamar a enfermeira. Logo um homem todo vestido de branco entra e minha irmã acorda assustada.

- Oi, tô bem. - ela diz confusa e então olha para a cama e me vê acordada rindo da sua confusão ao acordar. - Flávia! - ela se levanta e corre para me abraçar. - Finalmente acordou.

- Calma, eu estou bem. - abraço-a com força. Parece que dormi por meses.

- Eu irei chamar o médico e avisar que a senhorita acordou. - o homem diz e então sai.

- Por quanto tempo eu dormi? - pergunto observando a cara de minha irmã. Tão repetitivo isso.

- Bem, por duas semanas. - minha irmã diz tensa. - Mas graças a Deus que você está bem.

A porta do quarto se abre e uma mulher vestida de branco com um estetoscópio pendurado no bolso entra seguida do mesmo enfermeiro.

- Boa noite, vemos que finalmente acordou. - a mulher se aproxima e com cuidado ergue o encosto da cama. - Como a senhorita se sente? Dor de cabeça, enjôo, sede?

- Sinto muita sede. - digo rouca, e então o enfermeiro sai da sala e em poucos minutos retorna com um copo de água. Pego-o e sorvo todo o líquido, sentindo-me revigorada. - Agora estou completamente bem. Mas o que acontece que fiquei uma semana apagada?

- Bem, você teve uma hemorragia muito grave, e tivemos dificuldade em encontrar um doador compatível já que seu sangue é raro, mas conseguimos algumas bolsas de sangue em outro hospital e demos início à cirurgia. - ela me informa de forma clara. - Felizmente o bebê não foi tão afetado assim e os correm bem. Tivemos que lhe induzir ao coma para que o seu corpo pudesse se recuperar da cirurgia e da hemorragia. Ah, aliás, você está grávida de 4 semanas e seu bebê cresce firme e forte.

- Bebê? - consigo dizer surpresa e chocada ao mesmo tempo. A única coisa que prendeu minha atenção. - Eu-eu vou ser mãe? - Pergunto mais para mim mesma. - Oh, meu Deus. - novamente as lágrimas correm soltas meus olhos, molhando a camisola descartável.

- O pai não sabe da notícia? Não se preocupe, com o tempo se pega a experiência e serão os melhores pais do mundo. - o conselho da doutora em tentar me animar faz com que eu me entregue mais ainda ao choro em pensar que Henry me abandonou e eu não sei onde ele se encontra. - Oh, querida, me perdoe por isso. Eu preciso ir.

Então ela se retira me deixando só com Gabi. Minha irmã me olha com tristeza, mas ainda não sinto pena e nem dó em seu olhar.

- Vou ligar para mamãe e avisar que está acordada. - ela pega o telefone e disca para mamãe e sai do quarto me dando privacidade para chorar.

Toco em minha barriga ao imaginar que ali dentro um pequeno ser cresce dentro de mim. O fruto de um amor fracassado. Penso no futuro desta criança e tudo que farei daqui em diante é pensando nela. Somente eu e ela e mais ninguém.

- A mamãe vai cuidar muito bem de você, meu amor, o papai nos deixou, mas mamãe não o odeia por isso. - eu sussurro acariciando minha barriga ainda plana.

[...]

Decido deixar todos na sala após a recepção que fizeram para mim e vou me deitar, eu ainda estou cansada e agora com uma criança em meu ventre, eu preciso do dobro de descanso e me recuperar do acontecido.

Série Mulheres No Comando: A Federal [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora