Capítulo 8

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Observo o IBAMA levar a carga de madeira para o depósito após a apreensão. A madeira estará disponível para uso do governo federal, estadual ou municipal, mas desde que utilizem em obras públicas.

Fico com a ideia de saber que terei que ver João Paulo novamente depois de tantos anos, mas não me importo de vê-lo novamente, desde que ele não cruze o meu caminho novamente.

Entramos na viatura e seguimos rumo ao Departamento, preciso registrar o flagrante e avisar Henry de que está tudo bem comigo.

- Quem aqui está cansado? - pergunta Jéss ao constatarmos que já são 23 horas da noite.

- Eu estou, e pensar que quando chegar tenho que montar todo o processo, minha vontade é de chorar. - respondo olhando para a estrada.

Neste momento há somente eu e Jéss na viatura, então aproveitamos para fofocarmos, assim como todas as vezes que fazemos quando estamos apenas nós duas.

- E aí, alguma novidade? - Ela pergunta jogando verde. - Fiquei sabendo que recebeu flores há alguns dias e que hoje no almoço alguém veio lhe buscar para almoçar.

- Sim, tudo bem. - respondo me perguntando se digo ou não sobre Henry para ela, mas me decido em dizer. - O nome dele é Henry, estamos namorando. - comento enquanto retiro o pente da submetralhadora, e então a apoio no me minhas pernas.

- SUAAA LOUCAAAA!!!! - Jéss grita dentro da viatura enquanto dirige.

- Ai meu ouvido, Jéss. Dá para dirigir mais e gritar menos, por favor? - pergunto tampando um dos ouvidos.

- Sim, mas você vai me contar tudo isso.

Conto tudo desde o começo para Jéss que faz caras e bocas com a novidade. Então ela aproveita para me dizer que está saindo com Bruno, e eu aproveito para rir dela, pois ela jurava de pé junto que não queria nada com ele.

- Nesta semana nós vamos para a Espanha. - comento assim que passamos pelo limite urbano da cidade.

- Tem medo de ser sequestrada não? - Jéss pergunta rindo.

- Claro que não, ele sabe que ele nem é doido de fazer uma coisa dessas. - digo olhando as ruas da cidade, e o pouco movimento.

Olho no retrovisor e checo as viaturas que nos seguem em retorno ao DPF. Uma delas saiu fazendo escolta da ambulância que levava os dois homens baleados para o hospital, e as outras junto da viatura do IBAMA nos segue. Chegando no DPF, eu irei registrar a ocorrência, checar alguns documentos e depois irei tirar um cochilo rápido no quartinho para os delegados, mas isso se não chegar nenhuma ocorrência. Porém, a Federal não é igual a Polícia Civil onde não importa o horário sempre tem algo ocorrendo, mas às vezes sempre tem alguém para brincar com a gente.

Em poucos minutos Jéss estaciona a viatura no estacionamento do DPF e as outras viaturas estacionam logo em seguida. Subimos para o departamento e então vou para a minha sala guardar a arma e retirar o colete a prova de balas. Assim que me livro de todo aquele peso, peço para que o escrivão venha até minha sala para que possa registrar a ocorrência para ser aberto o inquérito policial.

O motorista do caminhão é trazido até minha sala para depor e enquanto isso o escrivão digita o depoimento.

- Então você disse que a carga foi retirada de área de preservação permanente da fazenda Albuquerque, quem contratou você para fazer p transporte da madeira? - pergunto encarando o homem. Tenho essa mania de encarar meus acusados diretamente nos olhos, assim, posso ver quem está sendo sincero ou quem está mentindo para mim, nos 98% dos casos funciona.

- Eu fui contratado pelo gerente da fazenda, ele disse que o patrão sabia do valor que iria ganhar com a exportação daquela madeira para a Europa. - o homem responde nervoso.

Série Mulheres No Comando: A Federal [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora