Capítulo 23

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Já se passaram dois dias e nenhuma notícia dos meus filhos e principalmente de Henry. Aquele ali sumiu no mapa, sem nenhum recado, ligação ou mensagem. Eu já estou mais que chateada. Eu preciso da sua presença, não é fácil deitar na cama e não sentir o seu calor grudado ao meu, é isso que me esquenta durante as noites frias em Curitiba. Sem falar do seu cheiro que está impregnado em um dos travesseiros. É doloroso deitar na cama e ficar rolando de uma lado para o outro querendo sentir o seu toque, além de que o fato dos meus filhos terem sido tirados de mim já é mais um motivo para não permitir que eu possa dormir.

Pesadelos se tornaram presentes na mesma noite. Neles eu vejo Henry dizendo em minha cara que não me ama e que irá tirar os meus filhos de mim para sempre.

Eu tenho certa desconfiança de que ele possa ter ido fazer justiça com as próprias mãos, no entanto, não entendo o porque de não ter me avisado, tenho muitos contatos na polícia que poderia ajudar.

- Aqui seu café, doutora. - Jess me entrega uma xícara de café, preciso manter-me acordada.

Eu não quis me afastar do trabalho, mesmo com enormes bolsas sob os olhos por não ter dormido durante duas noites, eu sabia que aqui teria mais facilidade de ter notícias sobre os meus filhos.

Olho para Jess e fico observando a sua expressão de quem me oferece toda a sua solidariedade. Ela é uma ótima amiga e agradeço muito por ela ter entrado em minha vida.

- Obrigada, Jess. - abro um sorriso triste. - Eu juro que não saberia o que seria de mim sem você neste momento.

- Ele ainda não deu notícias, né? - ela senta-se na cadeira de frente para minha mesa que está uma bagunça por sinal.

- Não, nada. Já são 48 horas sem nenhuma notícia dele e nem sinal dos meus cunhados. - abaixo o rosto e escoro a face cansada sobre minhas mãos, segurando as lágrimas que insistem em cair.

Será que estão cuidando bem de meus filhos? Será que estão bem alimentados? São tantas perguntas sem resposta que são capazes de deixar qualquer mãe louca da cabeça.

- Calma, amiga, eu tenho fé que os três irão aparecer. A polícia já está trabalhando nisso. - Jess levanta e caminha até mim, se abaixa e me dá um abraço reconfortante. Juro que tentei controlar, mas as lágrimas me vencem e descem dos meus olhos. - Shhiu! Em breve teremos aqueles piás de volta.

- E-eu não sei, Jess, eu tenho medo. Medo que alguém possa ter levado eles para outro lugar. Eu preciso dos meus filhos. Preciso sentir o cheiro e o calor de seus corpinhos novamente. - seco as lágrimas com o dorso da mão. - Droga, Jess, por que fazer isso comigo? - Novamente as lágrimas insistem em cair. - E eu juro que vou dar um soco na cara do Henry quando ele aparecer por aqui.

Meu telefone toca. Um número desconhecido. Pode ser eles pedindo resgate. Respiro fundo enquanto me recomponho.

- Alô!

- Olá, minha cara delegada. - uma voz de computador responde. - Com saudades dos seus filhos?

- O que você quer para devolver os meus filhos? - pergunto tentando não chorar novamente e demonstrar fraqueza.

- Bem, a senhorita está investigando um caso de corrupção, sabe, aquele um do Ministério do Planejamento. - o homem cita e logo me lembro do caso em que o finado pai do Henry desviou bilhões. Até hoje não recuperamos todo o dinheiro.

- Sim, me lembro, mas o que isso tem a ver com os meus filhos? - pergunto tentando chegar a linha de raciocínio deles.

- Então, eu quero que arquive o caso, finalize o inquérito de alguma forma, ou nós iremos encontrar um novo lar para os seus filhos e você nunca os verá novamente.

Série Mulheres No Comando: A Federal [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora