Amargo doce

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Foi difícil conseguir um espaço no espelho do banheiro para conseguir realizar a minha maquiagem. Não queria fazer muita coisa, até mesmo porque sabia do caos que ficaria o meu rosto após algumas horas ali dentro.

Experiência às vezes é uma droga.

Percebia na Tóia uma agitação comum a mim. Ela queria tanto aquilo quanto qualquer outro e ela constantemente dizia sobre querer "sentir a energia do lugar".

Ali eu soube que ela não queria sentir algo e sim fugir.

A fuga seria, provavelmente, da escuridão que havia encontrado no olhar do Ruan.

Após conseguir terminar de me arrumar, a caminho das barracas, o Ruan me interceptou abraçando-me por trás e me puxou para trás de uma grande árvore.

Logo percebi que aquele era o lugar que ele esteve finalizando ontem os seus grandes e pendentes assuntos com a Maísa.

― O que foi? – Perguntei cruzando meus braços e sorri.

― Você está linda. – Ele se encostou na árvore e encostou um de seus pés nela.

― Me chamou apenas para falar isso? – Fiquei a sua frente e pude vê-lo rir olhando para baixo.

― Você não sabe apenas agradecer a um elogio?

― Obrigada, Ruan.

Dei um passo em sua direção, este fora o suficiente para diminuir o espaço entre nós e então coloquei minha mão em sua nuca.

― Toma cuidado quando a gente chegar lá, Isa.

― Você não precisa se preocupar comigo.

― Claro que preciso – Balançou a cabeça – Nem todo mundo sai de casa apenas para curtir.

― Não quer levar uma corda para amarrar no meu pulso? – Ri.

― Posso? – Olhou-me sério por um instante, mas logo desfez a face e sorriu.

Seu polegar tocou suavemente minha bochecha antes de me puxar para um lento beijo. Abraçado a mim, sentia o coração do Ruan acelerado, bem como o meu.

― Tem coisas ainda que você não sabe sobre mim – Falei mexendo na gola de sua camisa – Quando digo que não precisa se preocupar, é porque não precisa mesmo – Aproximei minha boca da sua e sussurrei: – Nem sempre fui uma boa garota.

Após dizer aquilo, deixei o Ruan ali e fui guardar as minhas coisas. Assim que cheguei, a Tóia me chamou. Desde o momento que estávamos no banheiro, ela dizia querer mexer em meu cabelo, então deixei que ela trançasse a lateral dele.

― Ih, eu vou querer isso também. – O Diego chegou falando e agachou na nossa frente.

A Tóia trançava o meu cabelo, nós estávamos sentadas no gramado próximo a sua barraca. O Diego estava arrumado e tinha nas suas costas uma mochila preta.

― Não inferniza, Diego – Tóia respondeu.

― Para de maldade com ele – Ri após falar, mas o Diego já não estava mais ali para ouvir.

― Não pode nem mais brincar que fica afetado – Ela disse seguindo-o com o olhar.

― Ele tem interesse em você.

― Percebi isso, mas não é recíproco – Seu tom de voz representava que ficar com o Diego a entediava.

Tive dificuldade para decifrar se aquilo era verdade ou uma máscara.

A trança em meu cabelo não foi a última coisa que a Tóia fez em mim. Não demorou para que eu tivesse a minha maquiagem mais elaborada, assim como a dela e eu só permiti que aquilo acontecesse.

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