You must not know my heart, but I know it isn't your fault
You live in a world and you clutch, you don't get out very much
Narração por Ruan.
- Agradável a decadência do homem.
A voz da Victória soou fria pela cozinha, ela vestia um hobby de cetim preto e estava tomando uma xícara cheia de algum chá. Provavelmente erva cidreira, seu favorito.
- Decadência? - Perguntei abotoando a camisa do serviço - Bom dia nós usamos aqui no Sul também.
- Tenho minhas dúvidas - Ela brincou com as sobrancelhas e virou por completo na minha direção - De todo modo, não é agradável o conceito de querer duas coisas e acabar sem nada? Aí no dia seguinte acabar voltando mais cedo pra casa por não aguentar ver alguém ficando com outro.
Não deixei de abotoar minha camisa. Olhei para ela com um leve sorriso nos lábios e caminhei em sua direção.
- Você deveria saber - Apoiei minhas mãos na bancada, mantendo a Tóia entre eles e então desci a minha boca até o pé do seu ouvido - Que eu não dou a mínima para as suas provocações - Sussurrei - Bom dia - Beijei sua bochecha levemente e a olhei de perto - Dá uma olhada para o seu teto hoje e se certifica de que ele está firme.
Deixei a minha casa, entrei no meu carro e sai com ele da garagem. Assim que terminei de manobrar na rua, a Isabela saiu de casa junto da sua mãe. Ambas estavam arrumadas para ir ao trabalho, poderia oferecer uma carona a elas, mas imaginei que seria inconveniente para a Isabela e então segui para o meu trabalho.
Aquilo perturbou minha mente mais do que o esperado. A Isabela não era um enfeite na minha vida, nem mesmo significava um cordial carona até o trabalho.
Pela manhã, o primeiro pensamento foi em nós. Deixei de lado o que ela havia feito com outras pessoas e senti a falta de sua mão sob o meu peito junto da minha. Antes da gente se perder no meio da minha má administração afetiva, deixamos fluir com naturalidade essa troca de afeto. Por que iríamos fingir que não queremos tocar um ao outro com carinho? Assim, em várias das noites que estivemos juntos, enquanto conversávamos o carinho sorrateiramente ia preenchendo alguns espaços que faltava em nós.
Assim que cheguei no trabalho, dei de cara com a Gabriela e ela fingiu que eu não existia.
Nada mais burocrático do querer ficar com alguém sem compromisso.
Antes de dar espaço a ela, quis me dar um tempo. Não estava com vontade de ter mais confusão a troco de nada. Porém, paguei o custo alto de perder a amizade da Isabela. Disso eu sabia que perderia caso algo entre nós não desse certo e o peso dessa escolha começou a ser sentido ao longo dos dias que se sucederam.
De bar em bar. Das noites mal dormidas até aquelas que passamos em claro. O clima entre mim e ela só deixava de ficar menos incômodo quando havia uma garrafa de cerveja entre nós, e ainda sim, com muita dificuldade. Já que nem bebendo ela estava.
Narração por Diego.
O dia havia sido exaustivo, sabia que assim que chegasse do trabalho teria que lavar as minhas roupas ainda. Quando cheguei em casa, enviei para a Tóia uma mensagem dizendo onde estava e acendi as luzes. Como de costume, meus pais iam para a igreja toda noite de quarta-feira.
Andei pela casa, tirei a camisa do trabalho e entrei no meu quarto. Assim que acendi a luz, encontrei deitado em minha cama o meu irmão mais velho.
Mesmo cansado, estava feliz. Até aquele momento que gerou muito mais do que incômodo.
- O que você está fazendo aqui? - Questionei ao Henrique e cruzei meus braços.
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Onde você estava?
Romance"O que você faria se a sorte parasse de jogar ao seu favor?" é o que Isabela Bernardes pensou ao se dar conta que a sua vida já não era mais a mesma de um ano atrás quando sofreu um acidente de carro que a levou ao coma. Para ela, a mudança para Cur...