Narração por Isabela.
O meu horário de almoço – desperdiçado – estava chegando ao fim e eu não poderia me dar ao luxo de acompanhar a Tóia até o final de seu delírio. Não fiquei para saber o desfecho da história, percebi a seriedade das palavras do Diego e foi o momento para deixar a casa dele. Assim como fez sua mãe que seguiu para a cozinha e o filho mais velho que foi junto depois de bastante insistência.
Ao chegar no trabalho, uma importante ligação aguardava o meu retorno. O Yuri deixou o aviso e obedeci ao meu chefe ligando para empresa que tratava da nossa contabilidade.
Para a minha surpresa, a voz que soou do outro lado da linha fez acelerar o meu coração. Pela manhã, essa mesma voz levou-me ao choro.
— Boa tarde, como podemos ajudar?
— Boa tarde, Ruan. Os documentos do Yuri estão prontos?
— Ah, oi Isabela, estão sim.
— Vou mandar alguém buscar aí.
— Tudo bem, obrigado.
— Obrigada você.
— É...
— Quer falar alguma coisa?
Não fui respondida, provavelmente nem ouvida. Ele havia finalizado a ligação primeiro.
Agora consigo compreender porque ontem seus olhos estavam tão escuros quanto de costume e carregando um peso de tamanho imensurável. Estive pensando nele o dia inteiro e na forma que responderia aquela mensagem.
Cheguei a pensar que talvez ele não quisesse resposta, apenas desabafar.
Ou não, provavelmente ele estava precisando de ajuda, só não sabia como pedir.
Enquanto pensava nisso, pedi a um dos funcionários da empresa que fosse buscar os documentos que o Ruan se referiu. Voltando para a minha sala, uma mensagem chamou a minha atenção assim que chegou e logo respondi.
Bernard: Me informei lá na faculdade, o edital para transferência vai ser lançado no próximo mês, fica atenta.
Isa: Vou ficar, obrigada por ver isso por mim.
Bernard: Não é nada.
Isa: Chegou bem ontem à noite?
Bernard: Poderia ter sido melhor, mas você não quis dormir comigo.
Isa: Não é assim que funciona, já conversamos sobre isso. Não quero misturar as coisas entre a gente.
Bernard: O que seria misturar?
Isa: Não é nem misturar e sim forçar. Gosto de ficar com você, mas não passa disso. Então não vejo necessidade de fazer uma coisa que não estou com vontade no momento.
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Onde você estava?
Romance"O que você faria se a sorte parasse de jogar ao seu favor?" é o que Isabela Bernardes pensou ao se dar conta que a sua vida já não era mais a mesma de um ano atrás quando sofreu um acidente de carro que a levou ao coma. Para ela, a mudança para Cur...