- Charlotte vamos perder o voo.
- Harry, já estou pronta. – ela diz e pouco depois um corpo pequeno aparece na sala e suspira.
- Tens um ar cansado. – digo-lhe.
- Sim, tu estás demasiado stressado.
- É só porque eu tenho tudo planeado, eu não quero que nada corra mesmo mal e já vais estar a faltar uns dias à escola. – para ser sincero, nem sei como é que o Zayn concordou com ela a faltar às aulas.
- Mas não há problema Harry, são os últimos dias, já não ia aprender nada que não soubesse.
- Tudo bem.
Charlotte
- Vamos?
- Sim, vamos lá. – aproximei-me dele, coloquei-me em bicos dos pés e beijei o canto da sua boca.
- Adoro-te. – sussurrei com um sorriso no rosto. Uma das minhas mãos agarrava a mala de viagem e a outra voou para a sua face fazendo pequenas festas na sua bochecha. Um sorriso preguiçoso nasceu nos seus lábios e de seguida o beijo foi depositado nos meus.
- E eu adoro-te meu amor, mas como sei que vais adorar o sítio que eu escolhi para irmos temos mesmo de ir agora embora. – ele murmurou. Deu-me um beijo rápido e segurou a minha mão, entrelaçando os nossos dedos e puxando-me pelo apartamento.
Gosto tanto dele.
- Tens o cinto?
- Sim, chefe. – eu afirmo e ele liga o carro começando a conduzir pelas ruas de Seattle.
O tempo está como deve estar no inverno, frio e chove mas não é por isso que há menos confusão na estrada. Carros circulam na via e pessoas andam apressadas pela cidade com os seus grandes casacos e guarda-chuvas. Parecem todos tão ocupados, ocupados nas vidas deles sem repararem nas outras pessoas. Sem terem tempo para respirar, sem tempo para se distraírem, sem tempo para serem felizes. É uma cidade grande, cheia de pessoas mas, ao mesmo tempo, é uma cidade tão vazia. Não têm tempo para serem humanos e sentirem os bons prazeres da vida.
- No que estás a pensar? – olho para ele e o seu olhar está concentrado na estrada. Um semáforo aproxima-se ficando vermelho. O Harry trava.
- És tão bonito. – sopro.
- De certeza que não estavas a pensar nisso. – ele agarra a minha mão e acaricia-a.
- Como é que sabes?
- Não estavas a olhar para mim. – franzo o meu sobreolho sem perceber como é que ele entende estas coisas – Sim, Char, quando estás a pensar em mim tu costumas olhar para mim. – ele fala e deixa-me a pensar.
- A sério?
- yup, nunca reparaste? – ele questiona e eu nego – Às vezes quando estás chateada comigo e não queres falar sobre o assunto mas estás a pensar nisso tu olhas para mim com ele ar de superioridade e toda dona de ti – ele diz e solta um risinho – Ou então quando estás feliz tu também olhas para mim e costumas estar a sorrir.
- Observador.
- Sim. – ele simplesmente diz e volta arrancar o carro. Continuo a observá-lo. – Por exemplo, agora tu estás a pensar em mim. – ele explica e eu sorrio.
- Eu gosto muito de ti. – ele beija a superfície da minha mão mas, num impulso, larga-a travando de repente – Harry? – chamo-o.
- Charlotte, agarra-te. – ele grita-me e procura novamente pela minha mão.
As nossas mãos envolvem-se uma na outra. A minha mão direita agarra o cinto que me protege e a que agarra a do Harry vai para o meio das minhas pernas num aperto. Fecho os olhos com força e sinto um enorme choque no meu lado. O carro dá voltas e não tenho noção do que está a acontecer.
- Está tudo bem. – ele diz num tom de voz muito baixo, quando tudo acalma.
Tenho uma dor enorme no meu peito e no meu pescoço e sinto-me mal disposta.
Calmamente, abro os olhos e vejo que estou ao contrário. Pânico e ansiedade começam a absorver-me.
- Um, dois, três, quatro – faço uma pausa – cinco... seis – um soluço sai da minha boca – sete, oito, nove – nunca contei até um número tão elevado.
10
Não consigo mexer-me.
9
Não consigo respirar
8
Dói-me o peito e as costas.
7
Sinto algo no pescoço a arranhar.
6
Tento tirar o cinto e não consigo.
5
- Harry? – choro
4
- Tenho medo. – admito. Os meus olhos começam a fechar.
3
- Está tudo bem amor.
2
- Eu amo-te, okay? – ele diz-me e outro soluço escapa da minha boca.
1
- Eu amo-te.