9- Picada de escorpião

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Na manhã seguinte Joshua despertou com o telefone tocando insistentemente, Max ainda adormecido não dava sinais de que atenderia por essa razão ele se viu obrigado a atender.

_ Alô _ disse ainda com a voz sonolenta.

_ Sr° Leonhart?

_ Sim!

_ Desculpe, sei que me disse para que eu não o procurasse, mas é um assunto de extrema urgência, é sobre o dinheiro.

O interlocutor parecia bastante ansioso.

_ Dinheiro?

_ Com quem estou falando, é com o sr° Maxwell Leonhart?

_ Não, é com o esposo dele, Enzo Leonhart e você quem é?

No mesmo instante a ligação foi encerrada. Como um mau presságio aquele telefonema de uma hora para outra tornava a noite anterior em um grande pesadelo, será que Maxwell Leonhart era um embuste, era de fato um cafajeste disfarçado de príncipe.

Não! aquilo não fazia o menor sentido, com certeza ele teria alguma explicação.

Assim que Max despertou tateou a cama com a mão a procura de Joshua percebendo sua ausência,  ele o encontrou na sala com um olhar preocupado:

_ Ligaram para você.

_ Ligaram, quem?

_ Não tenho ideia, mas você com certeza deve saber, ele citou um dinheiro.

A expressão calma de Max deu lugar a uma expressão pálida e agoniada: 

_ O que ele disse exatamente?

_ Não disse nada específico, eu imaginei que você iria me falar.

_ Não se preocupe com isso amor, é coisa da empresa.

_ E não pode me contar?

_ Perdão, mas não, agora não, até que toda essa história seja resolvida não posso falar nada.

_ Você é uma farsa Maxwell Leonhart, fique longe de mim.

_ Enzo, amor...

_ Não, não me venha com essa de amor. Algo aqui não me cheira bem, e tenho certeza de que tem seu dedo no meio.

Dizendo isso ele seguiu para o quarto, passando a chave na fechadura, deixou-se cair sobre a cama amparando o rosto entre suas mãos, deixando ser invadido por todos aqueles pensamentos que o atormentava. 

A primeira coisa que fez a seguir foi discar o número de Alice a quem desabafou tudo o que o perturbava, ela tinha o poder de sempre o acalmá-lo e aquele dia não foi diferente, depois ligou para o pai para saber como ele estava, e por fim discou o número de Antonny que o aconselhou a ir falar com Dimitri Symonie.

Seguindo o conselho de Antonny, Joshua tomou um banho tentando assim afastar o cheiro do corpo de Max de sobre o seu que parecia estar impregnado arrumou-se formalmente e apareceu na sala onde encontrou Max da mesma forma que o havia deixado, assim que o outro o viu ergueu-se de onde estava sentado:

_ Onde vai vestido assim?

_ Irei a empresa, você não disse que é problema na empresa, se não quer me contar eu mesmo descobrirei, e não adianta tentar me impedir, se não me levar tenho certeza de que alguém poderá. 

_ Amor...

_ Não me chame assim. Você poderia ter evitado essa desagradável situação Maxwell, mas continua mantendo esses segredos, por isso quero conversar com Dimitri Symonie.

_ Como? _ Não, você não vai falar com Dimitri Symonie, eu não vou permitir isso.

_ Quem pensa que é para permitir ou não permitir algo?

_ Sou o seu marido.

_ Um marido que mente, que engana.

_ Um marido que te ama.

_ Que me esconde algo, quem me garante que o meu sumiço não tem a ver com esses seus segredos?

_ É sério isso? _ Depois de ontem, depois de tudo é o que você pensa?

_ Eu não sei o que pensar.

_ Oh, ótimo, agora o meu marido acha que eu lhe faria algum mal, eu só pensei que você queria deixar o passado para trás. Quer ir a empresa, eu te levarei, estarei pronto em quinze minutos.

Fechando a porta com violência sumiu do campo de visão do moreno que se permitiu relaxar, o olhar gélido com que Max deixou o quarto já pronto para irem indicava que a noite anterior havia sido arruinada.

Frustrado Joshua ocupou o assento do carona no carro, a voz fraca de Max quebrou o silêncio que se seguia.

_ Concluo que eu seja o bandido na sua visão, mas não deveria tomar conclusões precipitadas. 

Parou o carro entregando as chaves para o manobrista, Max levou a mão as costas de Joshua mas esse se esquivou.  

Com o corpo ereto e andar imponente ele cruzou a sala ao atravessar uma ampla porta de vidro que se abria para uma área externa, o recepcionista logo os saudavam:

_ Bom dia srs°  Leonhart, fiquei muito feliz em saber do seu retorno sr° Enzo.

_ Obrigado.

Quando a voz de Max alcançou o seus ouvidos o tom de sua voz era inflexível:

_  Gabriel por favor avise o sr° Symonie que o Enzo veio vê-lo.

_ Agora mesmo sr°.

Implacável, Max o segurava pelo braço a juntar seus corpos o conduzindo para o elevador.

_ Dimitri Symonie não é flor que se cheire Enzo, não se deixe enganar por ele, se o mantenho ainda na empresa é porque tenho os meus motivos, mas esses estão muito próximos de terem um fim e finalmente poderei colocá-lo em seu devido lugar. 

_ Deixe que eu mesmo tire minhas conclusões. 

_ Você me vê mesmo como um vilão não é mesmo?

A voz dele parecia tão decepcionada que por um momento Joshua se sentiu culpado por estar o tratando daquela forma. Em uma fração de segundos ele puxava Joshua capturando seus lábios em um beijo sofrego e Joshua teve que encontrar apoio em seus braços ao circular os braços em torno de seu pescoço obediente e maleável ao beijo:

_ Tenho a impressão que quando nos beijamos você não tem a mesma visão, quando estamos a  sós nos nossos momentos, que você recosta a cabeça em meu peito o silêncio faz com que os nossos medos, os medos que temos dentro de nós, todos eles sejam dissipados e nesse momento o meu coração fala ao seu e o seu fala ao meu, será possível que você não escutou ele dizendo que eu te amo?

Antes que pudesse dizer qualquer palavra, a porta do elevador abriu-se e ele apontou um homem alto de olhos azuis, cabelos negros espessos e sedosos, corpo viril, ombros e costas largas, Max olhou nos olhos de Joshua e disse com a voz estranhamente calma:

_ Ali está quem você procura, Dimitri Symonie.  

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