A força do destino.

19- Ausência

Recuperando do impacto inicial, Max se via sozinho naquela casa enorme relutando com ele mesmo por ter permitido que Joshua se fosse em companhia de Arthur, estava claro que ele o desejava havia visto isso pela forma como ele o olhava e agora ele teria a chance de conquistá-lo. 
Uma pontada de dor, de raiva lhe dominava e ele tentava controlar em um copo de vodca tomando de um gole só, o primeiro gole não fora suficiente por essa razão acabou com a garrafa tomando um copo atrás do outro, por fim jogou o copo longe espatifando-o contra a parede. 

Cada canto daquela casa trazia uma lembrança de Joshua, quando assistiam juntos abraçados no sofá, a piscina onde trocavam carícias e faziam amor, a cozinha quando cozinhavam juntos, o banheiro, chuveiro e o quarto onde a poucos dias tinham compartilhado da noite mais especial deles a noite em que Max o pedira em casamento denovo acreditando que ele era Enzo. 

As lembranças com Enzo era tão frívolas, se resumiam ao quarto onde os dois tinham uma noite quente de sexo mais se resumiam apenas a isso. Como ele pôde ser tão idiota ao ponto de ficar cego em relação aquele homem. 
Agora parecia que as escamas de seus olhos haviam caído e ele via nitidamente que era de Joshua as melhores lembranças, a saudade que apertava era de Joshua

Não ter Enzo não o fazia mais sofrer, não ter Joshua o angustiava: 

_ Dani, o Dani poderá me ajudar a convencer o Joshua a voltar para casa, voltar para mim. 

Discou o número de Daniel que atendeu logo em seguida:

_ Alô Max, aconteceu alguma coisa?

_ Ele foi embora Dani, e eu preciso de ajuda para trazê-lo de volta, eu não vou aguentar perder ele. 

_ Eu já estou chegando ai meu irmão.

Quando Daniel chegou encontrou o irmão um farrapo, entorpecido pela bebida, a dor revelada em seu rosto:

_ Eu arruinei a única chance que eu tinha com ele Dani, agora ele foi lá com aquele advogadozinho. 

_ Max presta atenção, você precisa tomar um banho agora, tirar esse cheiro de álcool, e depois com a cabeça fria lutar pelo Joshua.  

_ Fácil para você dizer isso, o que quer que eu diga a ele que o amo? _ Até ontem eu jurava amor eterno ao Enzo e você quer que ele acredite que de uma hora para outra eu já não sinto nada pelo Enzo, e que me apaixonei perdidamente por ele.

_ Não é exatamente isso o que aconteceu meu irmão?

_ É... mas entre eu saber  e ele saber disso há um caminho árduo a ser preenchido. 

_ Eu não te entendo Max, você é um homem bem resolvido, eu lembro que quando você se assumiu gay para a nossa família, mesmo com a homofobia do nosso pai você não vacilou em nenhum segundo, não se importou quando tudo parecia ruir depois disso, mas quando se trata da sua vida sentimental você age com medo, a impressão que eu tenho é que esse amor platônico que sentia pelo Enzo não era amor, era mais uma maneira de você se sentir seguro, enquanto tinha o Enzo você não se apegava a outra pessoa, mas felizmente meu irmão, tá na hora de você enfrentar os seus medos ou perderá o Joshua para sempre.  

_ Se assumir para o papai não foi tão fácil como você acha que foi Dani, enfrentar o olhar de vergonha que ele sentiu, enfrentar o olhar de desprezo, isso me inibiu por longos meses, você pode achar que não, mas o Enzo foi de grande apoio nesse período, no inicio o Enzo era  diferente.

_ Ele sabia que te tinha na palma da mão dele, era um brinquedo que ele podia brincar a hora em que quisesse e depois deixava de canto, meu irmão, quantas vezes eu vi você cabisbaixo lá na boate enquanto o Enzo conversava com um cliente ou outro te deixando em segundo plano. E quando você descobriu a traição dele com o administrador da empresa. 

_ É exatamente isso Dani, eu sei como agir com o Enzo, com o Joshua é tudo novo.

_ Você se conformou com o que o Enzo te oferecia, e com o Joshua só o conformismo não vai adiantar, você vai ter que reagir Max, começar por um banho que você está fedendo. Como eu sei que você não vai procurar ele na casa do Arthur, você pode procurar aquela amiga dele, aquela que veio aqui, procura ela, ela poderá te ajudar. 

_ E se ele não...

_ Chega de  e se Max, não procura desculpa para a sua infelicidade, se você não fizer o Joshua ficar, você vai ser sempre esse capacho do Enzo. 

No fundo Max sabia que cada palavra escutada da boca do irmão era verdadeira, fora preciso Joshua aparecer em sua vida para saber que o que sentia por Enzo não era amor, era um gancho da própria insegurança, se tivesse Enzo como desculpas ele não precisava correr atrás de mais ninguém, mas aí Joshua veio despertar o verdadeiro amor, ele teria que agir com urgência, mas tinha que saber o que fazer, o que falar para não tomar a atitude errada e se arrepender pelo resto de sua vida. Não ele não tinha o direito de errar com Joshua. 

Ele o amava, e sabia que Joshua o amava e provara isso na cama em todos os aspectos. Após uma noite de descanso ele saberia como agir, seguiu o conselho do irmão, tomou um banho demorado e depois foi direto para a cama. 

No dia seguinte acordou disposto a lutar pelo amor de Joshua, discou para o hotel onde Alice estava hospedada a convidando para um almoço, ela como amiga saberia orientá-lo para preparar algo que Joshua se agradaria. 

Durante todo o almoço Alice se mostrava preocupada com Joshua, porém vez ou outra insinuava que o rapaz não era tão frágil como Max imaginava que ele fosse, as insinuações era inocentes mas com um toque de malicia embutido até que por fim ela acabou dizendo:

_ Olha eu não sei se devo dizer ou não, mas o Joshua está melhor sem você, ele e o Arthur fazem um casal lindo, você pertence a outro, você já se perguntou como ele se sentia quando vocês dois tinham suas intimidade e depois você chamava pelo irmão dele? _ Se fosse outra situação eu lhe daria apoio, mas não vou permitir que se aproxime do Joshua apenas por que o seu marido não está.

_ Eu o amo Alice.

_ Não, você está confuso, é o Enzo que você ama. Deixa o Joshua em paz, ele é meu... amigo.