Capítulo I (Parte II)

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Mais uma vez Anahí examinou, cheia de admiração, o rosto bonito e vivo da irmã. E ficou preocupada quando viu o modo como Belinda mordiscava, com seus dentes muito brancos, o trêmulo lábio inferior.

- Conte-me tudo, Belinda – encorajou com delicadeza. – Nunca vi você hesitar tanto para fazer uma confidência!

- Você vai ficar zangada comigo, Any! Tenho certeza disso!

- Não vou, não – Anahí prometeu, o brilho divertido dos olhos desmentindo a expressão solene de seu rosto. Desde criança, Belinda mostrava uma certa tendência para dramatizar as coisas.

Depois de lutar durante alguns momentos para encontrar as palavras certas, Belinda começou, aparentemente envergonhada:

- Sei que foi errado da minha parte esconder o meu noivado de você e de papai. Mas, para dizer a verdade, depois que voltei para casa, esse noivado foi ficando cada vez mais irreal...Como se fosse um sonho, muito bonito e excitante enquanto durou, mas não tão curto, que era fácil acreditar que nunca teria acontecido, na realidade.

- Se bem me lembro - Anahí falou gentilmente, quando viu que a irmã estava a ponto de se perder em seu mundo de sonhos - você ficou noiva desse grego durante as férias que passou a bordo do iate do primo Christopher, não foi?

Belinda fez um gesto com a cabeça, concordando.

- Estávamos navegando no mar Egeu, quando uma tempestade repentina nos obrigou a procurar abrigo em algum porto. O lugar mais próximo era uma ilha, e fomos pra lá. Quando chegamos, descobrimos que ela pertencia a um grego muito rico, Alfonso Herrera, que costumava usá-la para fugir às pressões exercidas pelo mundo dos negócios.

- Tanta riqueza até parece uma coisa pecaminosa - comentou Anahí, que era capaz de ficar impressionada com a posse de um simples terreno.

Belinda levantou a cabeça abruptamente, olhando com respeito para a irmã.

- Essa palavra descreve tudo perfeitamente bem! Alfonso é pecaminoso, sim. Pecaminosamente rico, pecaminosamente bonito e - acrescentou com voz trêmula -perigosamente atraente!

Anahí soltou uma exclamação abafada. Belinda parecia estar descrevendo o próprio diabo! Na mesma hora, veio-lhe a imagem de um grego moreno, com chifres surgindo por entre os cabelos escuros! Apertou as mãos com força e, para sua surpresa, descobriu que as palmas estavam suadas. Mas não teve tempo de pensar sobre isso, pois Belinda logo continuou:

- Como todos os gregos, ele foi maravilhosamente hospitaleiro. Insistiu em acomodar todos nós em sua casa, tanto os passageiros quanto os tripulantes do iate, e insistiu para que continuássemos lá, depois que a tempestade passou. Fomos seus hóspedes durante um mês - admitiu, parecendo tão surpresa com esse fato quanto Anahí - e até mesmo Christopher ficou impressionado com o luxo com que ele nos tratou. Acho que foi isso que levou nosso primo a me convencer de que eu precisava encorajar Alfonso, quando... - ela hesitou, o sangue invadindo o seu rosto lentamente - quando se tornou evidente para todo mundo que ele estava apaixonado por mim.

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