"Ele tem o toque de Midas", Nikos dissera com orgulho. "Posso dizer que ele tem o mesmo dom daquele rei legendário, que transformava em ouro tudo o que tocava!"
E suas palavras eram confirmadas pelos letreiros que apareciam em toda parte e falavam por si mesmo: Companhia de Navegação Herrera, Produtos Químicos Herrera, Indústrias Têxteis Herrera, Companhia Petrolífera Herrera e até mesmo uma frívola Discoteca Herrera. Cada um deles tinha, como marca registrada, a figura de Herrera, o deus grego do sol, de onde vinha o sobrenome de Alfonso.
Pelas contas e pelas cartas oficiais que viu, Anahí chegou à conclusão de que Alfonso tinha um prevê de piloto privado para avião e helicóptero e que costumava voar de um país para outro em seu próprio jato; que seu entusiasmo por carros de corrida o levara a participar dos maiores competições mundiais; que ele era dono de um castelo na França, um apartamento em Atenas e um chalé em Klosters, para onde ia na temporada de esqui na neve; que tinha vendido a pouco tempo seu iate, por uma soma vultuosa, e em seu lugar havia comprado uma potentíssima lancha a motor.
Não foi difícil deduzir, enquanto verificava as contas mandadas por joalheiros famosos no mundo inteiro, que no passado Alfonso Herrera dedicara muito do seu tempo e do seu esforço à arte de agradar mulheres lindas, distribuindo presentes que iam desde caríssimos objetos de arte até presilhas de cabelo incrustadas com diamantes, com uma extravagância que deixou Anahí chocada.
Uma exclamação involuntária deve ter traído seus sentimentos, pois ele sorriu de leve, antes de dizer vagarosamente, mostrando uma aguda percepção:
- Eu gosto de mulheres. E gosto de ver o brilho que aparece em seus olhos, quando lhes dou presentes caros...Ou melhor, eu gostava – terminou, todo o divertimento banido da expressão pela lembrança de sua cegueira.
Já era quase meio-dia quando Anahí abriu a última carta. Leu-a em voz alta, depois esperou que Alfonso ditasse a resposta. Quando ele finalmente terminou, ela se levantou com um suspiro de alívio, ao mesmo tempo em que Nikos entrava para lhes dizer que o almoço estava pronto.
- Agora não! – ele declarou com grosseria. – Estamos muito ocupados. Eu o avisarei, quando quisermos almoçar.
Nikos hesitou, os olhos fixos no rosto pálido de Anahí. Não era sempre que ele se atrevia a contrariar o patrão, que estava cada vez mais irritável, desde o acidente. Mas a evidente exaustão dela levou-o a criar coragem e dizer:
- Mas a pequena "Anarrí" está parecendo uma florzinha murcha, de tão cansada !
Alfonso Herrera explodiu numa gargalhada.
- Apesar do seu poético protesto, eu já conheço bastante bem a pequena "Anarri" ,como você a chama, para saber que ela é forte como um touro, como diz o velho ditado. Agora, faça o favor de sair daqui – sua voz endureceu – e de não nos interromper mais.
Lançando um olhar desconsolado para Anahí, Nikos saiu, fechando a porta delicadamente.
- Ele já foi? – Alfonso perguntou, com maus modos .
- Já, sim. – Então, com a coragem que a zanga lhe dava, Anahí perguntou: - Agora que já terminamos de responder todas as suas cartas, não podemos...
- Não, não podemos – ele interrompeu, decidido a explorar ao máximo a vontade dela de tentar compensar o erro da irmã com o seu trabalho. – Agora que acabamos de pôr em dia a correspondência de negócios, quero fazer o mesmo com as minhas cartas pessoais.
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A Substituta (Adaptada)
Fanfiction"Pecaminosamente rico e bonito, pecaminosamente atraente!" Assim a irmã de Anahí, Belinda, descreveu Alfonso Herrera, o grego de quem estava noiva. Mas havia um problema: Belinda agora havia fisgado um peixe maior e não estava mais interessada em A...