Capítulo V (Parte V)

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O termo que Alfonso usou não deu a menor ideia a Anahí do que ia ser a cerimônia, que teve início no momento em que eles saíram do escritório. Todos os criados da vila estavam no hall, as mulheres usando roupas tradicionais, de cores vivas e saias rodadas, com aventais bordados à mão e longos colares de contas coloridas; e os homens com calças bufantes, enfiadas em botas altas, camisas de cores alegres e casacos também bordados à mão, lenços no pescoço e chapéus de couro macio, colocados elegantemente em suas cabeças morenas.

A resposta de Alfonso aos seus gritos de boas-vindas foi um palavrão murmurado baixinho. No entanto, quando Nikos aproximou-se, sorrindo abertamente e carregando uma bandeja onde estavam um copo de vinho, um bolo em forma de anel e uma colher de prata, ele deu um jeito de mostrar alegria ao beber o vinho, colocando depois algumas moedas no copo vazio, e engolindo em seguida um pedaço do bolo que fora cortado ao meio, com uma precisão simbólica.

Então Cris adiantou-se para presentear Anahí com uma coroa de ramos de oliveira, para assegurar que fosse abençoada com muitos filhos, e um ramo de manjericão, para lhe dar sorte. Depois, indicou-lhe por meio de sinais que devia comer o restante do bolo, com a colher de prata.

Anahí obedeceu com uma tolerância bem-humorada, representando sua parte no que era, obviamente, um antigo ritual de casamento, que servia para assegurar a felicidade e muitos filhos.

Quando terminou, e viu os rostos sorridentes e o ar de expectativa dos criados, ela percebeu que o pior ainda estava por vir, e esperou, tensa. Suas suspeitas foram confirmadas no momento em que Alfonso virou-se, relutante, para ela, as mãos procurando, tateantes, e depois enterrando-se na carne macia de seus ombros.

Antes mesmo que a cabeça morena começasse a se inclinar, Anahí já sabia qual era a intenção de Alfonso. Instintivamente , só pensando em evitar-lhe aquele embaraço, ergueu os lábios para os dele.

O toque da boca máscula e firme foi tão refrescante quanto uma ducha de água fria, e tão atordoante quanto um copo de vinho. Em homenagem à assistência, Alfonso não interrompeu logo o beijo, prolongou-o até que Anahí sentiu todas as suas emoções sofrerem o impacto de uma agonia doce e atordoante.

Foi então, naquele momento em que as mãos de Alfonso a seguravam com firmeza, que o sangue corria acelerado em suas veias e que seu coração batia com a força de um tambor, que Anahí deixou de fingir, encarando o fato de que, apesar dos modos tirânicos, das palavras cruéis e do desgosto que ele parecia sentir por ela, estava apaixonada pelo autoritário senhor de Karios.

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