Nikos era visivelmente simpático ao seu desejo de explorar aquelas ruazinhas fascinantes e, apesar de estar perto do patrão e de saber que ele tinha uma audição extremamente desenvolvida , disse-lhe baixinho:
- Não fique triste, pequena "Anarrí". Talvez sobre tempo para eu lhe mostrar as belezas deste lugar, quando acabar de fazer as suas compras. Podemos ir visitar o lugar onde dizem que ficava o Colosso, a estátua de Herrera, protetor de Rodes. Segundo a lenda, ela foi colocada bem na entrada do porto, com os pés separados, para permitir a entrada dos navios por entre suas pernas. Em uma de suas mãos, levantada bem acima da cabeça, o Colosso segurava uma tocha acesa, que podia ser vista de longe pelos marinheiros. Podemos visitar também as mesquitas e os minaretes do quarteirão turco, na cidade velha, o Palácio dos Grandes Senhores, e os tranquilos pátios internos das hospedarias medievais.
- Oh, Nikos, eu adoraria! – Anahí sussurrou, deliciada. – Se esperar por mim aqui, prometo que volto o mais rápido possível! – dando uma rápida olhada por cima do ombro, ela viu que Alfonso continuava aparentemente entretido numa conversa com Belinda. Apressada, acrescentou: - As compras que tenho a fazer não vão levar mais do que meia hora. Depois disso, tenho certeza de que minha ausência não será notada e de que o "Poncho" ficará muito bem na companhia de minha irmã.
Rodes era dividida em duas cidades, a velha e a nova. À medida que o táxi se afastava do porto, Belinda olhava de um lado para o outro, tentando avaliar o potencial dos modernos hotéis e restaurantes, das butiques, das lojas, das joalherias e das arcadas que formavam o coração do comércio, na ilha.
- A qualidade das coisas aqui é tão boa quanto em Roma e Paris! – Belinda exclamou, excitada. – Dê uma olhada naquelas bolsas e sapatos...Anahí, você já viu casacos de pele mais lindos que os daqui?
Sabendo como os negócios de Alfonso eram diversificados, Anahí não deveria ter ficado surpresa quando o táxi parou em frente a um prédio de três andares, de fachada de vidro, ostentando o nome "Casa de Herrera" escrito em letras douradas, ao lado do já familiar emblema de um perfil clássico, rodeado por um halo dourado.
Belinda quase ronronou de satisfação quando eles entraram em uma butique no andar térreo, que continha um verdadeiro tesouro em sapatos, bolsas, e cintos de couro, echarpes de seda pura, estolas de chiffon e bijuterias bonitas o bastante para despertar o interesse do comprador mais exigente. O alvoroço que tomou conta do lugar mostrava que a visita do "Poncho" não era esperada, mas logo uma grega alta, de idade indeterminada e elegantíssima, atravessou o chão coberto pelo magnífico carpete, para cumprimentá-lo.
- Alfonso, querido! – Ela ficou na ponta dos pés, para beijá-lo em ambas as faces. – Que maravilha ver que você voltou à circulação! E pelo que fiquei sabendo, com uma esposa novinha em folha...
Seus olhos escuros voltaram-se para os rostos de Anahí e Belinda, tentando descobrir qual delas era a nova senhora de Karios. Então, tendo feito sua escolha, começou a sorrir para Belinda. No entanto, disfarçou rapidamente sua erro quando Alfonso levantou a mão, mostrando seus dedos entrelaçados com os de Anahí.
- Obrigado, Helen. Eu trouxe a minha esposa, Anahí, para fazer algumas compras. Ela tem muito pouco interesse pela alta costura, mas mesmo assim eu gostaria que você a ajudasse a escolher um guarda-roupa novo e completo, que combine com a simplicidade que, na minha opinião, é o que ela tem de mais encantador. E não podemos excluir a irmã dela, Belinda, de nossas compras. – Ele sorriu indicando com um gesto de cabeça a
direção onde Cilla devia estar. – Mas ela é uma senhorita que sabe o que quer, e que não lhe dará trabalho.
Mas Helen havia perdido todo o interesse em Belinda e estava concentrando a atenção em Anahí, calculando o seu tamanho, examinando a graça de seus movimentos e olhando com aprovação para sua pele perfeita.
- Hum... Eu diria que o tamanho dela é um perfeito quarenta e dois – disse, inclinando a cabeça para o lado.
- Isso mesmo – Alfonso concordou, para embaraço de Anahí. – Eu gostaria de vê-la... imaginá-la - ele corrigiu – numa daquelas calças justas, que todas as moças estavam usando na época em que fiquei cego. Em algumas, o resultado era desastroso, mas num belo par de coxas era pura poesia em movimento.
Até Anahí ficou meio sem jeito diante do modo como Alfonso demonstrava estar tão familiarizado com o corpo de sua esposa quanto qualquer marido capaz de enxergar. Então, para intenso embaraço dela, ele continuou:
- Eu também abomino aquelas tendas, que vocês chama de vestido de noite, próprios apenas para mulheres de meia–idade, de quadris largos. Por isso, quando estiver vestindo a minha mulher, tenha em mente – ele sorriu maliciosamente – que não sou nenhum machão de mentalidade atrasada e que, apesar de não poder ter o prazer de ver, não tenho nada contra um vestido colante e um decote acentuado, mostrando uma parte dos seios.
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A Substituta (Adaptada)
أدب الهواة"Pecaminosamente rico e bonito, pecaminosamente atraente!" Assim a irmã de Anahí, Belinda, descreveu Alfonso Herrera, o grego de quem estava noiva. Mas havia um problema: Belinda agora havia fisgado um peixe maior e não estava mais interessada em A...