Capítulo I (Parte VI)

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- Não diga isso!

- Mas é verdade - o papai insistiu com firmeza. - E, ao mesmo tempo, permiti que você se tornasse o "burro de carga" da paróquia, a pessoa que faz todo o trabalho e não recebe nenhuma recompensa.

- Mas o meu trabalho é um prazer! - Anahí insistiu, quase chorando por ver o pai tão triste.- E, além disso, Belinda é tão jovem e bonita, que merece se divertir um pouco!

- Ela é apenas dois anos mais nova do que você - ele argumentou com severidade. - E você é tão boa, quanto a sua irmã é bonita.

Houve um tempo que essa comparação teria magoado Anahí, mas com o passar dos anos tinha se resignado a viver à sombra da beleza de Belinda.

Agora podia aceitar sem rancor que, apesar de as duas terem a mesma delicada estrutura óssea, a mesma pele clara, e serem praticamente da mesma altura, os cabelos de Belinda possuíam o brilho prateado da lua, enquanto os dela tinham o brilho dourado do sol, os olhos de Belinda eram de um azul límpido e vivo, enquanto os seus eram de um cinza solene, e seu corpo era bem menos arredondado do que o da irmã.

E isso era um aborrecimento, pois como usava as roupas que Belinda deixava de lado quando saíam de moda, Anahí parecia estar sempre usando verdadeiros sacos sem forma.

O reverendo Rose levantou-se e endireitou o corpo.

- Decidi que preciso proibir Belinda de continuar fazendo essas visitas prolongadas aos parentes de sua mãe. Eles levam uma vida muito luxuosa e o exemplo que seus primos dão a ela é péssimo. Só querem saber de se divertir, principalmente Christopher!

- Pelo amor de Deus, papai! Do que foi, exatamente, que acusaram Belinda?

- De acordar a cidade inteira, correndo pelas ruas em carro esportes barulhentos; de perturbar a paz e a tranquilidade do clube local, com festas ruidosas, onde foram servidas bebidas alcoólicas; e de não demonstrar o menor respeito pelas pessoa mais velhas que tentaram mostrar a ela o quanto estava errada-ele acabou, com evidente desgosto.

Boquiaberta, Anahí observou o pai sair da sala de jantar, sem saber se chorava de tanta frustração ou se caia na gargalhada.

De repente, estava vendo o reverendo e seus contemporâneos através dos olhos da irmã, e uma onda de simpatia pela garota condenada como delinquente, simplesmente por causa de sua juventude, tomou conta dela.

Mas, como a maioria dos homens que demoravam para se zangar, o reverendo Puente, uma vez zangado, podia ser assustador. Então Anahí compreendeu que, pelo bem da futura felicidade de Belinda o pai nunca poderia saber de seu noivado com o grego!

A Substituta (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora