Palavras tem poder| Capitulo 19

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Um mês se passou. Lucas já está em casa e bem. A recuperação foi saudável e como a neurocirurgiã previu. Como eu disse, não permiti que Rafaela fizesse parte do corpo cirúrgico. Não me chamem de exagerada, ela é capaz de tudo para chegar a seu objetivo. Fiz questão de trazer a melhor neurocirurgiã do mundo: Dasha, uma cirurgiã russa mais conceituada da área.

Fácil não foi. Tive que mover céu e mares. Ir na embaixada, fazer pedido especial e Henrique foi fundamental para o sucesso da solicitação.

Minha rotina desde então tem sido basicamente: fórum; orfanato; jantar de ensaio e Henrique. Sim, Henrique. Ele faz questão de ficar em minha cola em tudo e por mais que eu argumente, não tem negociação. O sexo que jurei naquela sexta ser a última vez, se repete todas as noites como uma rotina. Como falta menos de um mês para o casamento de Gabriela, minha casa está um verdadeiro pandemônio, todo santo dia não importa a hora, ela liga para que eu saia com seu primo. Hoje não tive como fugir ou dar uma desculpa, porque o Rio de Janeiro inteiro está em greve. Então Gabriela me forçou a levar seu primo para um tour. Não preciso dizer que essa notícia deixou Henrique muito irritado, né? Segundo ele, seu plano era que ficássemos na cama transando que nem coelhos o dia inteiro.

Chego no Copacabana Palace, onde o primo de Gabriela e meu par como padrinho no casamento está hospedado e dou de cara com ele já na porta.

Não me entendam mal, mas segundo Henrique, ele tem cara de quem não fode a dias. Bem engomadinho e parece que sofre com algum toque, e eu concordo com ele. Ele sorri em me identificar e entra no carro.

—Bom dia, Katrina.

—Bom dia, Thiago.

—Praticamente não dormi de ansiedade para nosso encontro.

Ele sabe que está parecendo a porra de um adolescente broxa? Nada contra, mas ele força com esse papo de que não dormiu. E não me atrai em nada.

—Bom Thiago, vamos no Cristo e depois podemos ir ao Arpoador, o que me diz?

—Pensei em dizer que podemos ir na Pedra Gávea, pode ser?

—Por mim tudo bem, mas são duas horas de trilha e o terreno é complicado.

Durante todo o caminho ele tagarelou de como é ser juiz federal e contar sua maldita e metódica rotina. Muitas coisas desnecessárias, por exemplo, a possibilidade dele se tornar um professor de Direito Penal.

Que mudança ou acréscimo isso trará para minha vida?

Primeiro fomos no Cristo. Thiago e eu caminhamos o curto trajeto para pegar o bondinho que dava acesso ao pão de açúcar. E antes de qualquer coisa, preciso constatar que: Thiago calado é mais atraente do que falando. Sério! Calado ele passa confiança; virilidade e astucia- o que com certeza o faz de uma foda e pretendente em potecial- mas se abre a boca, o encanto desce pelo ralo.

—Há quanto tempo você mora aqui no Rio?

—Há dez anos—reduzo alguns anos.

O diálogo entre nós dois é totalmente constrangedor e tem vários motivos para isso. Começando que eu poderia estar debaixo de Henrique agora ou simplesmente está assistindo ele cozinhar uma de suas receitas; depois, que não paro de pensar o quão pé no saco ele é e por último, não menos importante, o tempo que estou perdendo.

Ao entrar no bondinho, a mão de Thiago vai sorrateiramente para minha cintura, olho para ele com cara de poucos amigos, mas ele apenas sorri como se eu fosse a porra de um troféu na sua mão. Começo a praguejar Gabriela de todas as formas e contar os minutos para que ele suma da minha frente. Claro, que eu poderia tirar suas patas de mim, porém isso causaria uma cena, e eu querendo ou não, sou conhecida no estado e isso pode sair em algum lugar.

Treinada para não Amar_ Katrina[CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora