{Capítulo 20 - Melhor Amigo. S.}

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  No dia seguinte saío correndo até o hospital da cidade, eu estava desesperada e preocupada com o Lance, o misterioso menino dos olhos verdes, que não é tão misterioso assim como eu pesava, o Lance tinha uma couraça, uma couraça que o protegia e que criava uma barreira com o mundo, mas de um modo eu consegui remover a couraça dele e conhecer a pessoa que ele é no íntimo, aos poucos Lance me mostrou quem ele é de verdade.

  Ao chegar no hospital vejo Annie e Ronan sentados me aproximo deles e eles se levantam e vinheram até mim.

— Sophia. — Disse Annie de modo preocupado e melancólico.

— Annie... — Digo ao me jogar em seus braços, lágrimas desciam de meu rosto, eu estava desesperada.

— Sophia, calma vai ficar tudo bem. — Disse Ronan para mim, Annie me abraçava com força.

  Eu estava aos prantos, eu nunca havia chorando tanto em minha vida, eu estava confusa, estava sem chão.
  Sinto o abraço ficar mais apertadado, quando percebo Ronan estava me abraçando também, e ambos choravamos juntos.

  Empatia, só poderia ser isso, somente o ato de empatia de Annie e Ronan conseguiram retirar as aflições do meu peito, quando choravamos juntos, senti que minhas lágrimas tinham valor, e que minhas dores estavam sendo divida em nós.

***

  Após eu finalmente me acalmar, eu pude ir ver o Lance, entro no quarto onde ele estava e eu o vi deitado na cama, eu vi seu rosto pálido, seus olhos estavam fechados, uma máquina ao seu lado media seus batimentos, eles estavam normais, ele só estava desacordado, isso soou de um modo tranquilazador.
  Me sento proximo a sua cama e seguro sua mão, sua mão estava gelada, primeira vez que eu não havia me arrepiado ao segurar sua mão.
  Seu rosto transmitia uma tranquilidade, ele pareria calmo, sem problemas, tranquilo.
 
  Mas para mim doía, para mim doía vê-lo nesse estado, eu estava prestes a encontra-lo, e iamos dançar juntos no baile, e iamos nos abraçar, iamos ficar juntos, mas... algo atrapalhou nosso encontro.

— Desculpa Lance. — Digo de modo fragilizado ao olhar para seu rosto. — Desculpa, eu sei que tudo foi minha culpa, se eu não tivesse entrado na sua vida, nada disso teria acontecido, me desculpa. — Digo ao começar a chorar de modo desesperado. — Me desculpa por tudo. — Digo ao beijar seu rosto, seu belo rosto.

  Paro por um instante e o observo, Lance, cadê aquele brilho que vinha do seu sorriso? Onde estava aquele arrepio de quando eu segurava sua mão? Onde estava aquele sentimento que eu sentia quando nossos olhares se entrelaçavam?
  Mas nada mais existe, tudo caiu no esquecimento, tudo não existe mais.

  E foi tudo culpa minha, foi minha culpa, eu sou a culpada de tudo, por que o meu amor fez isso com o Lance.
  Se eu nunca tivesse entrado em sua vida, se eu nunca tivesse dito nada, ele poderia estar bem, mas é tudo minha culpa.

  Seguro forte a mão de Lance, e olho para seu rosto de novo.

—  Lance... eu te amo. — Digo finalmente. — Me desculpa por nunca dizer isso antes, eu tinha medo da sua reação, agora, eu me arrependo por nunca ter dito nada. — Digo ao deitar minha cabeça sobre sua mão. — Desculpa, me desculpa. — Digo ao deixar lágrimas caírem.

  Escuto alguém correndo, e de repente alguém empurra a porta do quarto onde eu estava.

— Desculpa! Vim mais rápido que pude. — Disse Doug ao empurrar a porta, ele estava com a respiração ofegante.

  Sequei minhas lágrimas e caminhei até Doug e o abraçei, Doug sempre se esforçou para estar presente quando eu preciso. O Doug é um verdadeiro amigo.

— Calma Sophia. — Disse Doug ao passar sua mão pela minha cabeça e me abraçar.

— Eu, me sinto... me sinto... culpada por tudo. — Respondi com dificuldade.

  Doug passa sua mão em meu rosto e seca minhas lágrimas, Doug estava estranhamente tranquilo.

— Sophia, ninguém tem culpa de nada. — Disse Doug ainda passando a mão em meu rosto.

— Mas... eu... — Tento dizer, mas Doug me interrompe.

— Vamos lá fora, você precisa de ar. — Disse Doug para mim, ao segurar minha mão e me levar a porta do guarto.

  Fomos para o lado de fora do hospital de mãos dadas, e incrivelmente nenhuma palavra saía de mim, eu estava quieta, talvez calma, eu estava tranquila, o Doug me deixou tranquila.
  Apenas com um toque de sua mão Doug fez toda aquele sentimento sumir.

  Nos sentamos num banco que tinha de frente ao hospital, e ambos olhavamos um para o rosto do outro, Doug estava com um rosto cansado, estava com olheras enormes, seu cabelo estava despenteado, ele aparentava que não havia conseguido dormir.

— Então, me diz o que houve. — Disse Doug ainda olhando no fundo dos meus olhos, viro meu olhar para o chão, e depois para ele novamente.

— Depois que eu me despedi de você, eu saí correndo atrás do Lance, enquanto corria e ouvia um barulho aterrorizante e contínuo, era o som da sirene da ambulância, e uma luz forte incomodava minha visão, quando eu o vi no chão, o Lance estava no chão, ele... — Tento continuar, mais logo eu estava a chorar de novo.

— Calma Sophia, fica calma. — Disse Doug ao colocar sua mão sobre a minha.

— Ele... ele estava jogado no chão, sua roupa estava rasgada, e havia sangue, muito sangue. — Disse, os olhos de Doug estavam supresos, suas mãos tremiam, ele estava tão nervoso quanto eu.

Mas ele se esforçava para se manter firme.
  Mesmo com seu coração estilhaçado, Doug se mantia firme, mesmo sem esperanças, Doug ainda acreditava, talvez o Doug seja aquilo que eu sempre procurei, talvez o Doug seja tudo aquilo que eu precisava, Estabilidade.

— Sophia... — Doug finalmente disse algo. — Quando coisas assim acontecem sempre procuramos um culpado ou culpamos a nós mesmos. — Doug dizia e parava, ele parecia procurar palavras. — Sophia... você não tem culpa, ninguém tem culpa, foi um acidente, não se culpe, logo, logo o Lance vai estar aqui, e tudo isso vai cair no esquecimento. — Disse Doug para mim de modo sério e amoroso.

— Eu nunca vou esquecer isso. — Digo meio fragilizada.

— Você vai sim, sua angústia, sua tristeza, sua confusão, suas lágrimas, suas preocupações, suas aflições, tudo. Tudo isso vai sumir, esses sentimentos vão cair no esquecimento. — Disse Doug ainda sério, lágrimas se formaram em meus olhos. Eu sabia que Doug só queria o meu bem, Doug queria que eu parasse de sofrer, mas algo em mim me impedia, mesmo assim eu resolvi dar ouvidos ao Doug.

— Doug, você é o melhor amigo que alguém poderia ter. — Digo ao abraça-lo com força.

— Eu só tento recompensar, tentar ser aquilo que você é para mim. — Disse Doug enquanto estávamos abraçados. Olho para ele com um sorriso, e havia lágrimas se formando de seus olhos. — E você, Sophia é a melhor amiga que alguém poderia ter também. — Disse Doug para mim, ao deixar uma lágrima descer de seu rosto.

  Coloco minha mão em sua bochecha, e beijo seu rosto, Doug é umas das melhores coisas que entraram na minha vida.

— Eu te amo Doug. — Digo ao sorrir para ele.

— Eu também te amo Sophia.

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Continua.

"Jamais solte as minhas mãos."Onde histórias criam vida. Descubra agora