Ciúmes

23 4 0
                                    

 Minha semana de repouso acabou e agora eu voltaria a trabalhar normalmente.
 Fiquei fascinada pela eficiência de Rodrigo em cuidar de tudo enquanto estava no hospital, minha vida deu uma pausa uma grande reviravolta, não sabia se conseguiria lidar com tudo isso sem a ajuda dele. Estava vestindo minha saia e blusa social quando senti suas mãos me pegarem por trás.
 - Rodrigo!. Disse soltando o ar com o susto.
 Ele riu e beijou meu pescoço enviando uma onda de eletricidade pelo meu corpo.
 - Queria falar com você, antes que fosse trabalhar. Ele disse em um tom mais sério. Abotoei minha blusa e me virei para ele.
 - Sou todo ouvidos. Brinquei.
 A sombra de um sorriso se formou em seus lábios mas logo foi substituído por uma expressão severa.
 - Você tem certeza de que ainda quer trabalhar para o Bittencourt?.
 Suspirei.
 - Já falamos sobre isso.
 - Eu sei Vitoria. Ele soltou impaciente. - Mas eu tenho certeza de que o Bittencourt nutre sentimentos por você, e isso me deixa extremamente incomodado, ele passa um bom período de tempo com você certamente deve aproveitar ao máximo para tentar conquistá-la, isse não é aceitável, seu chefe ter uma queda por você.
 Revirei os olhos.
 - É meu trabalho Rodrigo, não posso simplesmente larga-lo, ainda mais agora que vivo por mim mesma.
 - Eu posso ajuda-la, posso colocá-la em qualquer empresa que você quiser, você ainda teria vantagem de trabalhar em sua área, o que você vai ganhar trabalhando de secretária em um escritório de advocacia?.
 Fiquei calada, não tinha argumentos para isso, se eu trabalhasse em minha área teria mais experiência.
 - Eu preciso pensar. Disse com relutância. Ele passou as mãos pelos cabelos.
 - Você é tão teimosa.
 - Você já disse isso, muitas vezes. Falei brincando, fazendo bico.
 Ele me beijou apaixonadamente.
 - É melhor pararmos por aqui. Disse quebrando o beijo. - Ainda tenho que trabalhar.
 - Não por muito tempo. Rodrigo murmurou.

*******

Rodrigo me deixou pessoalmente no escritório, estava com uma sensação estranha por voltar a trabalhar.
 - O que você disse ao Dr. Bittencourt?. Perguntei
 - Do que você está falando?. Disse me olhando de relance depois voltando sua atenção para o trânsito.
 - Você sabe, quero saber o que você disse ao Dr. Bittencourt quando devolveu os brincos. Expliquei impaciente.
 - Ah. Ele murmurou. - Nada demais.
 Ele estava sendo invasivo, o que me fez pensar que a conversa entre eles não havia sido pacífica.
 - Rodrigo, você não brigou com meu chefe não é?. Ele ficou calado evitando me olhar.
 Buffei.
 Seria tão constrangedor olhar nos olhos do meu chefe depois saber que meu namorado discutiu com ele, não era nada profissional.
 - Não acredito que você fez isso. Disse exasperada.
 - Ele não vai mais assediá-la. Ele disse dando de ombros.
 Revirei os olhos e fiquei calada até chegarmos ao escritório.
 - Tchal Rodrigo. Disse friamente sem olhar para ele. Ele segurou meu braço.
 - Não fique chateada comigo.
 - Me solta, não quero me atrasar ja basta o que você fez.
 Sai do carro e andei rapidamente até o Hall antes que ele me seguisse. Agora eu teria que enfrentar meu chefe. Bati na porta de sua sala, imediatamente ele respondeu.
 - Entre.
 Respirei fundo e entrei, meus olhos o procuraram pela sala ele estava sentado à sua grande poltrona, concentrado na tela do computador.
 - Como você está a Vitoria? já se recuperou?. Ele perguntou sem tirar os olhos da tela.
 - Estou bem, pronta para voltar ao trabalhar e recompensar o tempo perdido.
 - Que bom, eu fui visita-la no hospital, mas você estava dormindo. Ele me olhou rapidamente.
 O fato de ele evita me olhar nos olhos estava me incomodando. Rodrigo falou mais do que devia.
 - Dr. Bittencourt. Ele finalmente me olhou nos olhos.
 - Diga.
 - Eu não sei o que você e Rodrigo conversaram, mas eu peço desculpas pelo que ele disse, sei que isso não foi profissional da minha parte, espero que o senhor não esteja muito chateado.
 Ele passou a mão distraidamente pelo barba por fazer, me analisando.
 - Não peça desculpas, você não tem culpa de seu namorado ser ciumento e superprotetor, confesso que eu faria a mesma coisa que ele fez se você fosse minha. Entendo completamente, porém isso não quer dizer que eu desisti.
 Se você fosse minha...
Essas palavras ecoaram pela sala, senti os pelos da minha nuca se arrepiarem não quis fazer nenhum comentário sobre isso, dei mais atenção a sua última frase. Rugas se formaram em minha testa.
 - Não desistiu do que exatamente?.
 - Falamos sobre isso outra hora, temos muito trabalho hoje! você fez uma grande falta aqui. Disse com um sorriso brilhante.
 Suspirei aliviada, ele tinha voltado a ser o chefe que eu conhecia, trabalhar era exatamente o que eu precisava.
 

*********

Para minha surpresa, a manhã no trabalho foi tranquila, o Dr. Bittencourt não tocou em nenhum momento no assunto constrangedor, era como se não tivesse acontecido nada.
 Eu estava saindo do escritório, quando encontrei Rodrigo como de costume escorado em seu carro de braços cruzados à minha espera, um sorriso encantador que surgiu em seus lábios, quase me fez esquecer que estava brava com ele. Quase. Mantive minha expressão seria enquanto andava até ele.   - Não adianta fazer essa cara feia Vitoria. Ele disse sem se abalar.
 Ergui a sobrancelha.
 - Você acha que não estou mais brava com você?.
 - Tenho certeza. Seu sorriso se alargou. Foi demitida? seu chefe estava bravo com você? Tratou-a diferente? Acho que não amor. Você foi muito severa no seu julgamento.
 Esforcei-me muito para não corresponder aquele lindo sorriso, mas fui facilmente vencida por sua lábia.
 - Você tem razão, porém isso não quer dizer que foi normal, me senti tão estranho e culpado no começo, ele nem me olhou nos olhos.
 Sua mão acariciava meu rosto.
 - Mas ocorreu tudo bem? Não é? ... Ele assediou você?.
 - Não. Neguei rapidamente.
 A última coisa que desejava era que o Rodrigo e o Dr. Bittencourt tivessem outra briga por minha causa. Minha mente foi invadida pela lembrança do Dr. Bittencourt.

 "Na verdade eu faria a mesma coisa que ele fez se você fosse minha... Entendo completamente, porém, isso não quer dizer que eu desisti"

 O que ele quis dizer com isso? algo me dizia que eu não queria saber.
 - Vitoria?.
 - Hnn. Murmurei.
 - Você ficou pensativa.
 - Não é nada. Disse fazendo gesto com as mãos. - Vamos almoçar?! estou morrendo de fome e tenho que ir para faculdade daqui a meia hora.
 - Ok. Ele disse resignado, certamente ainda queria saber o que estava pensando.

*********

No restaurante Rodrigo perguntou de repente.
 - Você já decidiu se ainda vai trabalhar com o Bittencourt?.
 - Eu preciso pensar. Respondi calmamente.
 - Você teve a manhã inteira para pensar, Vitoria. Ele disse impacientemente.
 Lancei-lhe um olhar irritado.
 - Não é assim que as coisas funcionam, não quero brigar com você de novo no mesmo dia.
 Ele ergueu as sobrancelhas.
 - Você é exasperante, quero ajudá-la e não brigar com você.
 - Desculpa. Disse tomada pela culpa, não estava com muita paciência.
 Ele colocou minha mão em cima da mesa.
 - Pense logo, estou ansioso para tira-la daquele escritório não é o seu lugar, sei que você tem potencial vi suas notas da faculdade e são altíssimos.
 Meus olhos se arregalaram.
 - Como você teve acesso as minhas notas?.
 - Eu tenho acesso a muitas coisas Vitoria, isso não é nada tá confidencial.
 Franzi a testa olhando intrigada.
 - Para pessoas normais, e sim.
 Ele piscou.
 - E quem disse que eu sou normal?.
 Soltei um sorriso fraco, enquanto imaginava que outras informações ele tinha sobre mim.
 - Então, ok. Ele abriu aquele sorriso me beijou animadamente.
 - Mas com uma condição, não quero trabalhar diretamente para você e eu vou trabalhar com Dr. Bittencourt até que ele consiga uma substituta.
 - Tudo bem, como você quiser o que importa é que você vai estar bem longe do advogadozinho.
 Semicerrei os olhos.
 - Não fala assim dele.
 Ele levou as mãos para o alto em sinal de paz.
 - Ok, não fique tão brava estava apenas brincando.
 - Sei. Disse ironicamente. Depois discutimos mais, está na hora de ir para faculdade.
 - Sim, senhora.

A Garota Do Cabelo Azul - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora