Te Devo Desculpas ...

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 Um frio prolongado se estendia por meu corpo, acho que nunca havia ficado tão nervosa , seria um dia decisivo ou eu teria um pai a partir de hoje, ou tudo continuaria como antes. Só não podia suportar a ideia de me magoar profundamente com a mesma história, queria curar de vez essa ferida que me corroía desde que era criança, enfim, chegou a hora de perdoar e dar uma  oportunidade a o homem que me deu a vida.
 - Vai dsr tudo certo, você vai ver. Rodrigo me acalmou.
 Abrir um pequeno sorriso.
 - Assim eu espero.
 Após a conversa que tivemos Rodrigo marcou um jantar com Ricardo em seu próprio apartamento para conversarmos concordei prontamente, com a condição de que ele estivesse presente.
 A comida já estava pronta, e esperamos a sua chegada. A campainha tocou levantei-me do sofá enquanto Rodrigo se dirigir a porta. O homem alto de cabelos escuros surgiu.
 - Seja bem vindo, fique a vontade. Disse Rodrigo.
 - Obrigado, é um prazer vê-lo novamente Rodrigo. Ele disse com um sorriso.
 Nesse momento nossos olhos se encontraram, havia uma mistura de emoção e tristeza neles.
 - Vitoria. Ele disse com a voz rouca.
  Pensei por um momento, em um comprimento adequado, não poderia simplesmente chama-lo de pai.
 - Oi. Disse finalmente.
 Aquela situação era tão estranha.
 - Acho que é melhor comermos logo, ou a comida irá esfriar. Rodrigo quebrou o silêncio.
 Agradeci silenciosamente com um olhar. Rodrigo manteve o clima tranquilo sempre falava algo quando o silencio se estendia, na verdade eu não disse uma palavra, não conseguia. Um grande nó se formava em minha garganta..
 Sabia que uma hora ou outra teria que conversar abertamente com ele, mas no momento eu estava travada. Eu olhava para  Rodrigo para Ricardo absorta em meus próprios pensamentos, esperando que tudo aquilo acabasse.
 - Vitoria.
 Voltei minha atenção para o presente encarando o Rodrigo.
 - Sim.
 - Vou deixa-los as sos agora.
 - Mas, já?. Não queria que ele me deixasse sozinha, ainda não estava preparada.
 - Eu sei que não temos nenhum tipo de intimidade, mas eu não mordo, não precisa tetedo de mim. Ricardo disse, tentando ser engraçado.
 Eu não sorri.
 - Ok, acho que não posso adiar o inevitável, não é?.
 Ricardo assentiu, com um sorriso afetado.
 - Ate logo. Disse Rodrigo levantando.
 Experei ate o som da porta se fechar para começar a falar.
 - Isso tudo é surreal para mim, eu nunca me imaginei num jantar com meu próprio pai. Não consegui disfarçar a amargura em minha voz.
 Ele esticou o braço sobre a mesa para alcançar minha mão, eu a puxei o num movimento automático.
 - Ainda não posso...
 - Eu sei, desculpa invadir seu espaço. Ele passou a mão pelos cabelos lisos em um gesto nervoso. - Eu sei que você deve me odiar com toda razão, nunca fui realmente um pai para você, nunca estive presente nos momentos em que mais precisou de mim. Eu era jovem como a sua mãe na época em que você nasceu, tve tanto medo das responsabilidades que teria, que não lutei por você. Quando sua avó me disse que me queria longe de você e sua mãe, eu não discute, apenas aceitei e prometi que nunca iria interferir na sua vida. No primeiro momento fiquei aliviado, mas quando cheguei em casa naquele dia, mão conseguia parar de pensar que eu estava abandonando minha própria filha, a vida que eu tinha gerado da barriga de sua mãe, um ser, sangue do meu sangue, não pense que eu a esqueci, isso nunca aconteceu. Em todas as noites após um longo dia de trabalho, quando eu colocava a minha cabeça no travesseiro só pensava em você, se estava bem, se sentia falta de um pai, se faltava algo para você.  A culpa me corroia por dentro, imaginava você crescendo, com o passar dos anos se tornando adulta. Será que ela herdou algum traço meu?  Será que sua personalidade é parecida com a minha?. Quando você tinha 10 anos, criei coragem e fui visitá-la, sua vó me impediu de vê-lá, ficou furiosa dizendo que eu queria levá-la. Não queria levar você embora, eu disse que queria apenas ver você, conversar e saber como estava, mas ela não permitiu. Nesse mesmo dia consegui descobrir onde você estudava e fui até lá, você estava no parquinho da escola e brincava animadamente com suas colegas. Lembro-me como se fosse ontem, seus cabelos rebeldes estão soltos e balançavam enquanto você corria, você sempre se pareceu tanto com sua mãe, mas não herdou os cabelos dela. Você sorria e pulava e sorria novamente. Parecia tão feliz...
Ricardo parou enxugando as lágrimas que escorriam livremente pelo seu rosto.
- Não queria que a lembrança de um pai ausente a ferisse, então preferi continuar só observando de longe, sem você saber, assim não te magoaria. Estive presente em tantos momentos da sua vida  no seu aniversário de 15 anos, você estava tão linda, parecia uma princesa. Na sua formatura do ensino médio, você se emocionou tanto, sua mãe não pode prestigiar esse momento, sei que você chorou por isso. Sei que é tarde, e talvez você não me queira em sua vida, mas quero lhe pedir uma chance de ser um para para você, eu sempre estarei aqui, esperando o seu perdão, mesmo que ele não chegue, vou estar sempre aqui para você.
 Minha vista estava turva com as lágrimas que eu não queria libertar, eu já estava no meu limite, as emoções eram tantas, misturadas em uma verdadeira bagunça. Eu não queria chorar mas não conseguia mais segurar, chorei junto com ele, levantei e o abracei tão forte quanto podia, é claro que eu perdoaria-o, ele disss tudo que eu ansiava ouvir, queria sentir que ele desejava ser meu pai e ele me mostrou isso, ele sempre esteve perto e eu nunca soube, mas ele sempre esteve lá.
 Todas as minhas paredes foram quebrados, a dor que eu senti se transformou em um grande vulcão de emoções, eu o amava, apesar de tudo não tinha como negar isso.
 - Eu te amo filha, sempre te amei e me perdoe por não ter sido forte o suficiente para lutar por você. Ele disse beijando o topo da minha cabeça.
 - Eu te perdôo, de todo o meu coração.
 Choramos por um longo tempo, e pela primeira vez, senti o que era ter um pai.
 E como era bom tem um pai...

PS. Séria triste dizer, que estamos chegando nos momentos críticos e finais da história ??

A Garota Do Cabelo Azul - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora