Vovó

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Rodrigo cumpriu sua promessa me apresentou ao mundo como sua namorada, e até chegou a falar em casamento, não pude deixar de rir, claro que eu pensava em me casar um dia mas não tão jovem.
Relutantemente tive que posar para várias fotos com Rodrigo, todos queriam conhecer a sua 'primeira namorada oficial', conseguir uma entrevista exclusiva e novas fotos.
Era assustador se reconhecida e abordada por estranhos na rua, e os olhares nada discretos. Era um tipo de atenção que não gostava de receber. Rodrigo ficou completamente paranóico, me obrigou a aceitar ao lado de um de seus seguranças pessoais, ele não andava exatamente ao meu lado, porém, isso não me impede de sentir sua presença em cada canto.
Comecei a estagiar na talento e com muita insistência consegui persuadi-lo a me colocar no centro de marketing que ele pouco frequentava, pois seria uma tortura se trabalhássemos no mesmo lugar.
Nunca mais tocamos no assunto de sua ex-namorada, era uma coisa que simplesmente não queria saber era passado e eu era o presente dele, não queria me sentir ameaçada por uma história. Hoje, havia decidido ir à Clínica onde minha avó estava internada. A ansiedade estava me dominando minhas mãos suavam, sentia que ia desmoronar a qualquer momento.
Rodrigo me levou pessoalmente, o que tornou a situação mais fácil.
Sentir o leve aperto em minha mão, olhei para ele com ternura, como eu era sortuda em tê-lo ao meu lado.
- Vai ficar tudo bem. Me tranquilizou enquanto caminhávamos pelo corredor da Clínica.
O Dr. Marcos que cuidou do caso da minha avó desde o início nos esperava na porta com sorriso leve.
- É muito bom vê-los novamente. Disse o Dr. Marcos. - Vocês vieram em um ótimo dia, a Célia está muito animada hoje e quando soube que você viria ficou contente.
Sorrir nervosamente, é tão bom ouvir isso, estava com medo de que ela estivesse com raiva ou magoada.
- No começo, como eu disse anteriormente, ela se mostrava agressiva e em outras horas extremamente triste, mas com decorrer do tratamento, o grupo de apoio e a terapia ela foi se abrindo, ela está arrependida de tudo que fez eu tenho certeza disso. Ele tocou meu ombro. - Você está pronta?.
- Sim. Disse prontamente.
- Quer que eu vá com você?. Ofereceu Rodrigo.
- Não obrigado, tenho que fazer isso sozinha.
- Ok, qualquer coisa estou aqui. O beijei carinhosamente.
- Eu te amo.
- Podemos?. Perguntou Dr. Marcos.
- Sim.
Ele me acompanhou pela sala adentro, meus olhos percorreram o lugar, era tudo bem iluminado as paredes brancas e os móveis sempre em tons claros, era um lugar alegre e tranquilizador. Meus olhos encontraram os de minha avó que se encontrava sentado em uma poltrona, com vestido florido e cabelos soltos, parecia mais jovem e descansada como se esse tempo tivesse feito muito bem a ela. Seu semblante não carregava a seriedade e severidade tão característicos dela.
- Vou deixa-las a vontade. Disse o Dr. Marcos antes de sair.
Não sei quanto tempo fiquei parado olhando-a, parecia um sonho, o que eu sempre quis era vê-la feliz, em paz consigo mesma, sem as mágoas e rancores.
- Vitoria minha filha, quanto tempo você vai ficar parada aí? dê-me um abraço.
Andei até ela e a rodeei com meus braços, ela me abraçou firmemente como se eu fosse sumir.
- Me desculpa, por tudo. Falei.
Minha avó se afastou de mim para me examinar, seus olhos serenos sem nenhum sinal de raiva ou rancor, que era uma das coisas que eu mais temia estavam mudados.
Suas mãos ficaram minhas lágrimas, que eu nem sabia estavam saindo.
- Você não tem culpa de nada que aconteceu, não peça desculpas, sou eu quem deve pedir desculpas a todos vocês, deixei a raiva e a mágoa me dominarem, não dei importância a minha saúde, culpava a todos sem motivo, se não fosse por você eu provavelmente faria alguma coisa que me arrependeria amargamente, pena que não pude evitar o que fiz com você, por isso peço perdão.
- Eu perdôo, de todo meu coração desde que soube o que motivou sua perda de controle.
- Obrigado Vitoria, você não sabe o bem que me fez, me sinto tão bem não me sentia assim há anos.
Sorrir. Parecia que eu havia tirado um grande peso das costas, os pedaços do meu coração finalmente estavam se encaixando.
- Pedi perdão a todos os meus filhos, eles me visitaram ah semanas atrás, pude conversar com cada um deles, e me redimir por tudo.
- Isso é maravilhoso, eu sempre sonhei no dia em que a nossa família voltasse a ser unida novamente.
- É o que pretendo fazer quando eu sair daqui.
- Quando?.
- Ainda devo ficar mais um mês, para certificarem de que eu não vou apresentar os distúrbios e terei que tomar remédios controlados por um bom tempo.
- Você pode morar comigo?. Ofereci prontamente.
Ela abriu um sorriso.
- Não será necessário, vou morar com sua tia, ela já é adulta e tem a vida feita e você ainda precisa formar a sua, mas você pode vir nos visitar sempre que quiser.
- Tudo bem. Concordei.
- Você se importa de eu falar com Rodrigo.
Ouvi-la pronunciar o nome de Rodrigo com tanta naturalidade, acabou com qualquer dúvida que eu poderia ter sobre ela claro.
- OK, vou chamá-lo. Disse levantando-me.
Rodrigo estava no corredor sentado em um banquinho, com as mãos nos joelhos parecendo levemente apreensivo, quando me viu levantou imediatamente.
- Como foi? você nem demoroi. Ariu um sorriso tranquilizador.
- Não poderia ser melhor, ela aparece renovada. Ele soltou um suspiro me abraçando.
- Que bom, estou tão feliz por você, sei o quanto você ama a Célia.
- Ela quer falar com você.
- Sério?. Ele pareceu receoso.
- Sim, mas não se preocupe ela é outra pessoa.
- Ok , essa vai ser uma conversa interessante.

Pov Rodrigo

Não queria que Vitoria percebesse mas estava realmente nervoso, a imagem de Vitoria jogada no chão e os olhos vazios e Célia ainda assombravam minhas noites. Nunca tive tanto medo de perder alguém, como naquele dia.
Sei que não podia culpá-la, mesmo assim não conseguiu evitar o sentimento de proteção que tomou conta de mim quando trouxe Vitoria para vê-la, o que será que ela queria, eu só saberia se entrasse por aquela porta e foi o que eu fiz.
Quando entrei no quarto, esperando ver o mesmo semblante vazio que vi naquele dia. Mas acabei me surpreendendo, ela parecia outra pessoa como Vitoria havia dito, seus olhos claros brilhavam e um pequeno sorriso se formou em seu rosto fino, seu sorriso era semelhante ao de Vitoria.
- Venha aqui garoto, eu nao mordo. Ela brincou.
Tive que sorrir, assim seria mais fácil lidar com essa situação.
- Acho que nunca fomos apresentados oficialmente, sou Rodrigo. Disse estendendo a mão.
Ela apertou firmemente, semicerrando os olhos.
- Céria, é um prazer conhecê-lo, o primeiro namorado da minha menina.
Não pude deixar de ficar satisfeito com o título, eu era o primeiro e queria ser o único também.
- Parece que temos muito que conversar, mesmo que eu não o conheça, posso dizer que é um bom rapaz. Posso ter errado em muitas coisas mas consegui livrar minha filha de ter o coração quebrado por qualquer um, ela soube escolher bem.
Meu olhar caiu para o chão, nunca quebraria o coração dela, mas havia tantas coisas... Que não poderia deixa-l a saber, não suportaria machucá-la.
- Obrigada Rodrigo, sei que foi você que pagou a clínica e meu tratamento, nunca poderei pagar por isso, e principalmente obrigado por fazer o Vitoria feliz.
- Eu a amo de todo meu coração, não faria diferente.
Seus olhos brilharam.
- Eu vejo isso, e fico tão tranquila em ver que posso confia-lá a você, agora sei que ela está em boas mãos.
- Fico lisonjeado em ouvir isso de ti, com tanta sinceridade.
- Preciso que faça uma coisa por Vitoria. Rugas se formaram em minha testa.
- Sim?.
- É uma longa história que preciso consertar, eu vou precisar da sua ajuda sei que a Vitoria confia em você. Respondi balançando a cabeça afirmativamente.
Eu faria qualquer coisa por ela.

A Garota Do Cabelo Azul - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora