Capítulo 3

3 0 0
                                    

Já era noite, o clima estava levemente frio, eu estava me infiltrando no complexo coreano. Estava com meu traje padrão para missões de campo, mesmo aquela sendo uma missão furtiva, algo me dizia que eu talvez fosse entrar em combate naquela noite. O complexo onde estava era um edifício com cerca de dezesseis andares, tinha janelas grandes que tornavam o complexo um prédio de vidro espalhado, o objetivo estava no topo. Edifício de dezesseis andares, com objetivo no topo, onde eu já tinha visto isso ?

Eu passei pela segurança de maneira silenciosa e rapidamente fui até o topo, chegando lá, haviam muito mais câmeras e haviam alguns sensores a laser. Eu ainda estava pensando em como faria para evitar as câmeras e os lasers ao mesmo tempo, quando de repente, os dois mecanismos de segurança foram desativados. Não fiquei questionando muito, precisava cumprir minha missão, por isso fui direto para o computador que estava atrás de uma porta à minha frente. Entrando na sala, logo identifiquei o computador à esquerda. O cômodo era grande, a distância de onde estava até a janela panorâmica era considerável, alguns metros. Aquilo me era suspeito, um cômodo muito grande e muito vazio, mas eu não era pago para fazer perguntas e sim para cumprir a missão.

Acessei o computador, inseri o disquete com o vírus e fiz o upload, em seguida comecei a extrair os arquivos, pelo que podia ver eram plantas, projetos e cálculos de propulsores e outras informações sobre mecânica aeroespacial. Finalizado o processo eu estava pronto para ir embora, mas antes disso eu percebi uma presença atrás de mim, por isso ataquei, mas meu ataque foi bloqueado, tentei chutar seja lá quem fosse, porém a pessoa bloqueou também,o que significava que ela era bem treinada e tinha bons reflexos. Eu não estava acostumado com aquilo, de repente as luzes acenderam e isso me cegou durante alguns segundos, os quais foram suficientes para a pessoa tomar o disquete da minha mão, todavia eu saquei minha pistola e a apontei para a cabeça da pessoa, ou melhor, da mulher.

A mulher, provavelmente agente, era mais baixa que eu, tinha cerca de 1,70 de altura, cabelo escuro e cacheado nas pontas,  com uma franja arrumada para o lado esquerdo da testa, seu tom de pele era claro - contrastava com a minha pele morena - seu rosto era esteticamente bonito, não era muito arredondado, nem muito fino, perfeitamente equilibrado, lábios vermelhos, com batom provavelmente, bochechas levemente rosadas, nariz um pouco fino, mas não avantajado. A agente misteriosa também tinha um corpo de porte atlético, mas era possível perceber que ela não era extremamente malhada, porém tinha coxas, pernas e curvas que fariam todos os homens irem a loucura, sua cintura não era extremamente fina, era proporcional ao seu corpo, tinha também seios médios. Resumindo, tinha um corpo e rosto cuja beleza eram extremamente evidentes e facilmente podiam ser classificados como esculturais. Ela estava usando uma calça de um material parecido com jeans, preto, camisa regata e uma jaqueta de couro na mesma cor da calça e da camisa, mas esses eram detalhes triviais, a única coisa que é realmente digna de nota - e o que mais chamou minha atenção -  eram seus olhos, eles eram verdes, mas não qualquer verde, os olhos daquela agente eram verdes, um verde radioativo , tinham um brilho próprio, pareciam que iam brilhar no escuro.

— Quem é você  ? - eu perguntei

No instante em que as palavras saíram, eu percebi que tinha dito a frase errada, deveria ter dito “Entregue o disquete”

— A educação diz que primeiro é preciso se apresentar antes de perguntar o nome de outra pessoa - a agente desconhecida respondeu com a voz séria, rígida, mas cujo timbre podia ser agradável se ela quisesse

— Entregue o disquete - eu ordenei e pressionei o gatilho da pistola de modo que seu eu colocasse mais um pouco de peso, a arma dispararia

— Quem sabe outro dia - ela respondeu e subitamente as luzes apagaram

Eu atirei, mas ela desviou, sabia disso porque ela me acertou um chute no rosto, após isso ela correu em direção a janela panorâmica, eu a segui mesmo no escuro, pois ouvia seus passos, mas logo uma luz ofuscante apareceu e pelo barulho era de um helicóptero. Eu me joguei ao chão e  rolei, pois imaginava que o piloto iria atirar, enquanto eu fazia aquilo, a agente pulou, quebrou o vidro e se agarrou a uma corda do helicóptero, eu me posicionei, ajoelhado, com a pistola em mão, mas um pouco escondida, iria esperar pela oportunidade certa. A agente misteriosa era forte e rápida pois eu mal havia me ajoelhado e ela já estava a bordo do helicóptero, seu semelhante estava triunfante. Ela pegou o disquete a fim de exibí-lo para mim, nesse momento eu fui mais rápido, apontei minha pistola e atirei, um único tiro apenas. Quando a agente percebeu era tarde demais, a bala já estava em rota de colisão com o disquete e o destruiu ainda em suas mãos. Agora ela estava furiosa e eu sabia que ela mandaria o piloto abrir fogo contra mim, por isso me levantei e corri, não dando as costas para o helicóptero o que seria meu fim, corri em direção a parede mais próxima e a derrubei, enquanto corria o helicóptero começou a atirar e depois de algumas paredes quebradas e alguns tiros disparados, o helicóptero se afastou, nesse momento começaram a vir vários seguranças.

Eu atacava todos os guardas que vinham com socos, chutes e tiros. Meu traje padrão era composto, dentre outras coisas, por um sobretudo, o qual eu o modifiquei um pouco, prendi três armas em seu interior e amarrei linhas nos gatilhos e as passei pelos braços do sobretudo até as luvas que eu usava. Se eu abrisse a aba esquerda do sobretudo, revelando as armas desse lado, elas seriam apontadas para frente e para disparar eu apenas tinha de movimentar os dedos em forma de alguns acordes de violão na hora em que abrisse a aba do sobretudo. As três armas eram : duas pistolas, localizadas nas extremidades e uma escopeta de curto alcance no meio delas. Se eu fizesse um acorde na forma de um Ré, na hora de abrir a aba do sobretudo, as pistolas iriam disparar primeiro e logo em seguida viria o tiro da escopeta curta, caso fizesse um Dó, os disparos seriam na sequência, primeiro a da extremidade mais longe do meu corpo, a do centro e por último a mais perto do meu corpo, isso era válido tanto para a aba esquerda quanto para a direita. Aquela situação era perfeita para usar essas funções e assim eu fiz.

Enquanto estava no meio da luta recebi uma transmissão do meu chefe e rapidamente acionei o comunicador na minha orelha direita.

— Agente X, relatório da missão

— A missão foi comprometida, estou em situação de combate - respondi e eles - meu chefe e quem estivesse perto - puderam ouvir eu batendo o crânio de alguém contra algo

— Meu Deus, o que aconteceu ? - o major Bones perguntou

— História muito longa para esse momento - eu respondi enquanto disparava contra alguns guardas

— Ok, mudança de planos, seja preso. Nossa inteligência descobriu que o engenheiro aeroespacial por trás das informações que você iria trazer está numa prisão coreana de segurança máxima, conhecida como a mais segura e perigosa do mundo - o major Bones disse

— Minha missão é resgatá-lo ? - perguntei enquanto chutava um dos homens da segurança

— Traga-o até nós, ele é a chave para assegurar a nossa hegemonia contra os soviéticos e qualquer aliado ou simpatizante deles - o major Bones disse

— Essa missão vai levar certo tempo, já que será meio improvisada - respondi enquanto lutava contra cinco guardas simultaneamente

— Ok, você tem no máximo, três meses, isso é tudo, boa sorte agente X - o major Bones disse e desligou

Eu lutei mais um pouco antes de deixar que me capturassem. Resgatar um engenheiro que podia aquecer a guerra fria, parece que essa seria uma missão que eu teria que adaptar. Enquanto era levado pela segurança, a imagem da agente misteriosa olhando para mim no helicóptero com aqueles olhos verdes não desaparecia da minha mente e junto com isso, veio a pergunta: “Quem era ela ?”

A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora