Capítulo 21

4 0 0
                                    

Após interromper a briga entre Caroline e Victor, eu e meu irmão fomos para o meu quarto para podermos conversar. Assim que eu tranquei a porta Victor começou a dizer:

— O que você está fazendo ? Quando eu disse que você precisava se divertir, não era isso que eu quis dizer - Victor apontava para a porta

— O que ? Não aconteceu nada - eu disse

— Ah é ? Conta outra - ele debochou

— É sério seu imbecil, só almoçamos, conversamos e vimos o por do sol, depois ela foi dormir e eu fiquei acordado durante a noite. Quando amanheceu, fui comprar roupas para mim e para ela - falei - Eu tenho certeza de que não foi por causa dela que você veio, desembucha, o que você quer aqui ?

— Vim a avisar que consegui produzir o agente isolador da pesquisa que peguei, mas meu estoque de doses da água da Fonte da Juventude acabou, pensei em ver se você tinha algum - ele disse

— Bem, chegou tarde demais - eu disse

— Como assim Erick ? - Victor disse e não estava muito contente

— Eu até tinha uma ou duas doses restantes, mas eu precisei usá-las - eu dizia instintivamente pondo a mão na nuca

— Usar em quê Erick ? - Victor dizia ainda mais chateado

— Para salvar a vida de Caroline - eu disse por fim

Victor bateu a palma da mão na testa e a deslizou pelo lado esquerdo do rosto enquanto dizia:

— Você só pode estar de brincadeira comigo.

— Não estou - respondi

— Você está me dizendo que usou água da Fonte da Juventude para salvar uma inimiga? É isso mesmo ? - Victor perguntava

— Mais ou menos - eu respondi

— Eu não estou acreditando nisso. Nós devíamos proteger isso e não ficar fazendo caridade - Victor dizia - e se ela usar isso contra nós ?

— Ela não vai fazer isso, não sabe o que eu fiz para salvá-la, nem se interessou em saber. Eu dei a ela a chance de perguntar o que quisesse e ela escolheu perguntar sobre mim e não sobre como a salvei - eu disse

— Você o quê ?! Nada garante que ela não ia perguntar depois e além do mais, ela pode estar ouvindo a nossa conversa agora mesmo - Victor dizia

— Ela não está, você não ouviu o som do chuveiro e o som da água caindo ? - respondi

Aquele som havia começado há pouco tempo, era quase imperceptível no meio da minha discussão com Victor.

— Ela é uma espiã, treinada, isso pode ser apenas uma distração - Victor dizia e gesticulava para dar ênfase às suas palavras

— Eu confio nela - eu me limitei a dizer e cruzei os braços

— Só porque ela lhe deu um beijo? Na bochecha ? Você é muito ingênuo! - Victor dizia em tom de desaprovação

— Ah é ? E o que você sabe sobre isso ? - eu disse fazendo sinal para Victor abir a porta

— Muito mais do que você pelo que parece! - ele disse e rapidamente abriu a porta

Se Caroline realmente estivesse escutando atrás da porta não tinha como ela ter saído, pois Victor abriu a porta muito rápido e sem deixar indícios que o faria. Felizmente, Caroline não estava lá, mas Victor fez questão de olhar na sala e na cozinha apenas para me deixar com mais razão.

— Viu só ? Eu sabia - disse orgulhoso por estar certo

— Ela pode estar escutando pelo banheiro, ele é bem perto da parede do seu quarto - Victor dizia

— Aceite, você perdeu essa - eu disse colocando a mão no ombro dele

— Veremos, mas por ora, eu vou para o Peru recolher mais amostras - Victor dizia enquanto caminhava em direção a janela

— Me traga algumas também já que vai lá e aproveite para verificar se o lugar ainda continua escondido - eu disse

— Vai querer uma lembrancinha também ? - ele disse ironicamente

— Talvez um chaveiro para Caroline - eu respondi no mesmo tom irônico

— Fique esperando - ele disse com sarcasmo e saiu

Nesse momento Caroline apareceu, ela estava vestida com um vestido amarelo sem manga que ía até um pouco abaixo do joelho, seus cabelos estavam molhado e os cachos nas pontas estavam um pouco desembaraçados. Ela veio até mim e perguntou

— O que achou ? - ela disse e deu uma voltinha para que eu visse a roupa

— Ficou ótima em você, acho que ente as sacolas tem uma que é de uma sandália rasteira que combina com essa roupa - eu disse

— Eu vi, como você sabia que eu gosto de sandálias e não de saltos ? - ela perguntou, seu rosto tinha um aspecto mais contente

— Quando nos vimos na Noruega você estava de sandálias, não de salto, por isso achei melhor trazer sandálias em vez de saltos - eu disse

— Você é bem observador - ela disse

— É impossível não ser perto de você - eu respondi olhando para ela

Pude ver que ela corou um pouco, mas logo disse:

— Sabe, eu gostaria de conhecer a cidade já que estou aqui

— Um passeio…é uma ótima ideia! Que tal um piquenique no parque da cidade? É relativamente recente e é um lugar que eu ainda não visitei - eu sugeri

— E o que é “relativamente recente” para você ? - ela perguntou rindo um pouco

— Ah, vai começar, é ? - perguntei rindo - falando sério agora, é sim recente, se não me engano tem dois anos de inaugurado. Pelo menos foi o que a funcionária da loja disse

— Você perguntou a uma funcionária se havia alguma atração na cidade ? - ela perguntou

— Bem, faz um tempo que eu não venho aqui, queria saber as novidades, algo de errado nisso ? - perguntei

— Não, só achei engraçado - ela respondeu

— E então ? O que acha ? - perguntei

— É uma boa programação. Eu lhe ajudo a preparar a comida - ela disse

— Obrigado, vou só comprar mais coisas - eu disse

— Vamos juntos, assim posso ir pensando no que farei e já comprando os ingredientes - ela disse

— É uma ótima ideia - respondi

Então nós saímos e fomos ao mercado

A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora